São 3 horas de uma madrugada de inverno. Não é mais o pior frio, mas ainda restam semanas até a próxima estação. E chove, melancolicamente devagar.
Ainda assim, um passarinho canta. Um não, alguns se for prestar mais atenção. Acertam até uma melodia ensaiada vez que outra, entre árvores anônimas espalhadas pelo bairro.
E como cantam. Mesmo faltando horas para o dia, dias para a primavera, primaveras para um ano que seja mais alegre que esta profunda noite a qual se encontram seja esquecida.
Em meio a todo breu, cantam. Apesar do frio, apesar da chuva e de um agosto – justo agosto! – sem fim. Cantam para eles, para nós. Apesar disso tudo.
Aos insones, não deixam esquecer: um novo dia há de nascer em breve. Algo novo surgirá, bem diferente desta madrugada, que parece interminável. Mas não será.