Em junho foi Ana, em julho Clodoaldo e hoje Paulo. Agosto do ano passado, Rubem. Outro dia mais longe Maria, Márcia, Ludu, outro mais longe ainda, Álvaro, Auta, Dedé.
Primeira vez diante da morte, aos quatro anos, fui levantado por um adulto para ver o rosto do meu avô Antônio no caixão. Associei morte a algodão nas narinas. Depois desse dia foram mais de 20 anos de trégua, vida sem algodão, éramos todos imortais.
Mas de um tempo pra cá esmaeço a cada morte. Quem morre é quem fica, a morte leva com os outros nossa memória, partes da gente.
Mas tudo é um pouco ainda mais cruel. Ontem, por acaso, vi o filme Invasões Bárbaras. O diálogo do professor em estado terminal e sua jovem parceira nas doses de heroína, usada como lenitivo, comprova:
– O que você tanto amava?
– Tudo. Vinho, livros, música, as mulheres. (…)
–…
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