Olha da rua
Em 2013 Sérgio Silva perdeu o olho enquanto fotografava a manifestação pelo Passe Livre. Na altura da Rua da Consolação com a Rua Caio Prado, Sérgio colocou seu olho no caminho da bala de borracha. Feito de carne, o olho não teve chance. A tropa de choque teve sinal verde e levou embora: era hora do rush. Meses depois, o juiz afirmou: “Não houve deslize, senão o do fotógrafo.” Segundo ele, Sérgio e seu olho estavam onde queriam estar e sabiam dos riscos. A tropa e a bala de borracha também estavam onde deveriam estar e sabiam dos riscos.
Como não houve malfeito, não haverá reparo. Não haverá memória.
Nesta obra, o olho não tem chance, é feito de papel. A hora do rush tem sinal verde e o atropela: a arte sob a borracha dos pneus, tropa de choque da metrópole. Pneu e bala de borracha. A…
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