Na maioria dos dias, eu consigo controlar meu fluxo de pensamentos. Eles são muitos, mas consigo fazer com que eles percorram uma linha, mais ou menos reta, e terminem num ponto previsível. Isso me exige paciência e calma. Em dias como hoje, isso é impossível: as obras no hospital transformam minhas horas em pontos condensados de barulho e pó. O ruído das britadeiras se mistura ao dos carros, pássaros e vozes, e sinto meu controle se esvanecer em nuvens de cal e cimento.
Nesses momentos de estresse intenso é que percebo quais são os pensamentos que estive tentando controlar nas últimas semanas, e todos dizem respeito a ti. O teu rosto é a foz do rio que cada gota dos meus pensamentos há de percorrer um dia a fim de juntar-se ao mar, completamente alheios ao fato de que esse é um mar tóxico e profundo que há de me destruir…
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