Algum escrito de César Borissi
– Lixeiro! – respondeu Júlio, com um tom de sinceridade que raramente se ouve de um homem adulto. A resposta surpreendeu a todos da família, que acharam encantadora a inocência do caçula.
– Tem certeza? Não quer ser médico, e salvar vidas, como o seu pai? – perguntou a tia, com um grande sorriso.
– Não, quero ser lixeiro! – Retumbou o menino, com seriedade em seus enormes olhos claros.
E por muitos anos a história seria repetida em jantares dominicais e feriados religiosos, se algo não tivesse saído errado: Júlio não mudou de idéia. Na primeira vez, aos quatro anos de idade, despertou risadas em todos os parentes, inclusive ao pai, Doutor Marcelo. Mas, agora, aos sete anos, a determinação do garoto além de não causar graça, preocupava.
– Deixa de besteira, Júlio, lixeiro não é uma profissão decente! – reclamava o pai.
– Não importa, quero ser lixeiro.
–…
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