Por João Guilherme Vargas Netto
Pouca gente gosta de muita espuma no colarinho da caldereta, mas a mídia grande, influenciadores digitais, candidatos eleitorais e até o presidente Lula têm elevado às nuvens o papel e as necessidades dos empreendedores.
Considerado o “X” do problema das relações modernas de trabalho, a novidade alardeada tem muita espuma e pouca substância nova.
É um acréscimo a mais na renitente desorganização e precarização das relações de trabalho, diferenciando-se do precariado pelo ímpeto e momentânea valorização.
Como o elã é passageiro (porque ninguém acompanha o sucesso ou não do empreendimento que é uma alternativa de desespero pervertida pelo impulso ideológico individualista), na vida real de milhões de trabalhadores e trabalhadoras permanecem como alvo e meta o emprego formal e a carteira de trabalho, com direitos previdenciários, o seguro-desemprego e a CLT.
A novidade não pode oferecer, por si só, a garantia permanente e é facilitada pelo avanço do emprego formal na conjuntura favorável.
Conjuntura favorável que sustenta também o resultado das negociações coletivas sindicais que tem sido positivo em 2024: em todos os meses do ano os acordos e convenções que tiveram aumento real superaram os 80%, chegando em setembro aos 89%.
Além do Dieese que realiza o levantamento e publica os resultados, da Agência Sindical e da Rádio Peão Brasil, que os reproduzem, nenhum dirigente sindical e nenhuma entidade cantou de galo sobre estas vitórias, emaranhados, confundidos e silentes em um clima de oposicionismo furtivo, o que ajuda a explicar também, em grande parte, a atoarda sobre o empreendedorismo.
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