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A guerra cibernética contra Haddad-Manuela

18 de Outubro de 2018, 0:05 , por Altamiro Borges - | No one following this article yet.
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Por Jeferson Miola, em seu blog: 

Os surpreendentes resultados da eleição deste ano não encontram suficientes explicações nos marcos da sociologia, da antropologia, da ciência política ou nas falhas metodológicas das pesquisas de opinião.

Além de completos desconhecidos eleitos para o Congresso e de outros candidatos exóticos liderando o segundo turno para governos estaduais, elegeu-se deputado federal até um candidato youtuber que reside há 4 anos em Miami/EUA!

Esse fenômeno, que decididamente está longe de representar um processo democrático e soberano de deliberação pública para a representação política, está atrelado à onda nazi-bolsonarista que ocupou a cena nacional.

É amplamente aceita a tese de manipulação de processos políticos através das mídias digitais e das redes sociais para causar caos, fragmentar e dividir as sociedades, fraturar o tecido social e criar um ambiente favorável à consecução de políticas ultraliberais e racistas.

Os experimentos mais notáveis até agora conhecidos são a primavera árabe, as “jornadas de junho” no Brasil, o referendo do acordo de paz na Colômbia, o Brexit no Reino Unido, a eleição do Trump e as campanhas da extrema direita em vários países europeus.

As tecnologias utilizadas para a manipulação e produção de fraudes aproveitam os altos conhecimentos e a inteligência militar que são empregadas nas guerras modernas, ou seja, as guerras que têm como palco de combate o território da internet – a chamada guerra híbrida, que mescla o uso de armas convencionais com elementos da ciberguerra.

Os atores principais da guerra híbrida são a empresa Cambridge Analytica, que roubou dados e informações privadas de mais de 50 milhões de usuários do facebook com esta finalidade; e um sujeito conhecido pela difusão global de idéias nazi-fascistas e do ideário ultraliberal, Steve Bannon [ver vídeo aqui], com quem o filho do Bolsonaro manteve entendimentos em Nova Iorque em agosto passado, quando declarou que “concluímos [Eduardo B. e Steve B.] ter a mesma visão de mundo. Ele afirmou ser entusiasta da campanha de Bolsonaro e certamente estamos em contato p/ somar forças, principalmente contra marxismo cultural”.

O nazi-bolsonarismo que substituiu o PSDB no posto do antipetismo se viabilizou eleitoralmente promovendo a guerra híbrida e empregando as ferramentas mais sujas do combate que é travado no subterrâneo das mídias digitais e das redes sociais.

A logística [as “tropas” virtuais, robôs e equipamentos] da campanha do Bolsonaro para promover a manipulação e a fraude da soberania popular está instalada tanto no Brasil como em território estrangeiro.

A operação se desenvolve da seguinte maneira:

1- números de telefones pertencentes aos sistemas oficiais de telecomunicações de países estrangeiros são usados para criar grupos originários de whatsapp [WA] da campanha do Bolsonaro. Cada linha telefônica pode criar dezenas de grupos de WA, e cada grupo de WA pode ter até 257 integrantes. Isso tudo feito com o emprego de potentes robôs que aumentam a replicação de dados de maneira exponencial;

2- no Brasil, este procedimento é replicado na forma tanto de usuários diretos dos grupos originários de WA, como também de outros inúmeros grupos de WA derivados – definidos por critérios geográficos, temáticos, religiosos, profissionais etc;

3- as instruções de campanha são produzidas maiormente pelos grupos originários que geram conteúdos odiosos, calúnias, mentiras, difamações, insultos, agressões, orientações de violência etc na forma de áudios, vídeos, textos contra Haddad, Manuela, Lula e o PT;

4- os conteúdos criminosos são propagados através de centenas [ou milhares] de grupos secundários de WA e também de usuários individuais do WA, atingindo dezenas de milhões de brasileiros/as que formam muitos formigueiros humanos, bombardeados com informações falsas e conteúdos desfavoráveis à campanha do Haddad e estimuladoras do ódio antipetista;

5- os bolsonaristas, além disso, infiltram cavalos de Tróia nos grupos de WA da campanha petista, praticando espionagem e gerando conteúdos que desorganizam, desinformam, confundem e desestimulam a militância petista.

O aumento virtual da rejeição do Haddad decorre desta carga brutal de ataque. Bolsonaro não se preocupa em apresentar propostas e tampouco em fazer campanha de rua, conceder entrevistas ou participar de debates, mas simplesmente se dedica a desconstruir e atacar Haddad e Manuela com métodos sujos e linguagens ultrajantes.

Mesmo dentro de casa e fugindo de debates escudado em duvidosa restrição de saúde, ele continua com alto desempenho nas pesquisas porque está vencendo a ciberguerra ficando estacionado na frente de computadores e smartphones e trabalhando pela rejeição do Haddad.

O método é idêntico ao usado pelo Trump contra Hilary em 2016. Como não tinha mensagens positivas e programa a transmitir, Trump criava mentiras, falava barbaridades, agredia e, sobretudo, atacava a oponente. Isso causou, por exemplo, a menor taxa de comparecimento de negros em eleições na história dos EUA, público tradicionalmente contra o Partido Republicano e que vota no Partido Democrata na proporção de 9 entre 10 eleitores, mas foi desestimulado a comparecer na eleição e se absteve.

Hackers brasileiros e estrangeiros têm feito um trabalho exaustivo e exitoso para desvendar os meandros dessa ciberguerra que atenta contra a segurança nacional e a democracia. Eles identificaram, por exemplo, os telefones +1(857) 244-0746, de Massachusetts, e +351 963530 310, de Portugal, que administram mais de 70 grupos da campanha do Bolsonaro; e o número +1 (747) 207-0098, da Califórnia, que administra mais de 100 grupos de WA.

Haddad disse ao jornal Valor de hoje que “se você desligar o whatsapp por 5 dias, o Bolsonaro some”. Ele tem razão, essa é a mais pura verdade; e é exatamente isso que deve e pode ser feito com a máxima urgência para assegurar a lisura da eleição e deter a escalada nazi-fascista no Brasil.

Algumas medidas, neste sentido, poderiam ser consideradas, como por exemplo:

1- a denúncia ao TSE dos grupos de WA com respectivos números de telefones e conteúdos criminosos, para que o tribunal [1] identifique titularidades das linhas telefônicas e autoria dos crimes, [2] exija da campanha do Bolsonaro comprovação dos pagamentos ou investigue o pagamento oculto das linhas e robôs, [3] comunique aos países-sede dos robôs e linhas telefônicas o fato e solicite a imediata desativação de tais logísticas;

2- a apresentação de denúncia às embaixadas dos países-sede das plataformas de telecomunicações usadas na perpetração dos crimes, com a exigência de que os governos destes países imediatamente determinem o desmonte da infra-estrutura criminosa [linhas, robôs etc] instalada nos respectivos países, sob pena de acusação, junto à ONU, de intromissão indevida na soberania nacional do Brasil;

3- a solicitação de cooperação técnica do governo da Índia, que em agosto passado cogitou regular restritivamente o facebook e o whatsapp em caráter emergencial, em vista da onda de linchamentos originada na difusão de notícias falsas e na estimulação do conflito no interior da sociedade indiana por intermédio do facebook e do whatsapp; e

4- lançar um alerta global sobre a manipulação que ocorre na eleição brasileira, que serve de laboratório para a propagação do ideário nazi-fascista para a imposição do projeto ultra-liberal fundado no ódio e na desagregação social em todas as partes do mundo.

A eleição no Brasil está sob ataque; a campanha do Haddad é alvo de uma perigosa guerra cibernética. É preciso urgência no combate à ciberguerra que o bolsonarismo e a classe dominante promovem contra a soberania popular e o Estado de Direito para instalar um regime que não seria somente de terror político, social e cultural, mas também de terror econômico.

Fonte: https://altamiroborges.blogspot.com/2018/10/a-guerra-cibernetica-contra-haddad.html