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As crianças de Gaza e o coração do cristão

August 1, 2025 8:40 , by Altamiro Borges - | No one following this article yet.
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Por Jair de Souza

Os últimos dias têm sido muito tristes para quem ainda conserva alguma capacidade de empatia diante do sofrimento alheio. As imagens que nos chegam de Gaza são estarrecedoras. Ver fotos de crianças esqueléticas por não receberem alimentação, ou de gente sendo fuzilada ao se aproximar de caminhões que estariam levando ajuda humanitária tem sido de cortar o coração.

Como é possível que alguém em pleno uso de sua razão possa acreditar que o que está acontecendo em Gaza corresponde com os desígnios de Deus?

Lamentavelmente, existem sim várias pessoas aferradas a argumentações deste tipo, para aceitar, e até mesmo apoiar, um dos mais horrendos crimes contra a humanidade de todos os tempos, e seguramente o mais horripilante dos últimos oitenta anos. Isto me foi corroborado recentemente em uma conversa que mantive com um amigo de longa data seguidor de uma religião dita evangélica.

Ao expor-lhe meu estupor diante do morticínio que vem sendo perpetrado contra a população civil palestina de Gaza, que vitima especialmente crianças e mulheres, a resposta que recebi foi: “É, mas isto reflete a vontade de Deus, pois está tudo escrito na Bíblia. É o desejo de Deus, e devemos aceitá-lo.”

Antes de prosseguir, gostaria de reiterar algo já exposto em várias oportunidades em outros de meus textos: eu não tenho nenhuma religião, mas me incluo entre os seguidores dos ensinamentos ministrados por Jesus, segundo os relatos de sua vida estampados nos Evangelhos. Ali, podemos constatar que o que lhe parece correto e justo é valorizado, já o que vai em contra de seu sentimento humanitário é taxativamente rechaçado. Consequentemente, aquilo que vai no sentido do bem é válido de ser tomado como coisa de Deus e, por sua vez, o que sinaliza para o caminho do mal deve ser encarado como sendo do diabo.

Para questionar a atitude daqueles que anuem com o cometimento de crimes abomináveis sob a alegação de que os mesmos seriam decorrentes da vontade de Deus, o primeiro ponto que levanto é: as orientações de Deus deveriam ser cegamente obedecidas, sem importar se elas apontam claramente a prática da maldade?

Aos que respondam sim a esta indagação eu diria que, talvez, eles possam estar sendo fieis à imagem do Deus representado pelos escritos do Velho Testamento, mas, de modo algum, poderão se dizer seguidores de Jesus. E não é tão difícil entender a razão disto: Jesus nunca convalidou nada do Velho Testamento que abertamente ferisse sua lógica humanitária da prática do bem. Portanto, para ele, as perversidades que estão sendo praticadas contra as crianças, as mulheres e toda a população indefesa da Palestina jamais receberiam sua concordância.

Em segundo lugar, embora eu tenha total convicção de que os textos do Velho Testamento foram todos eles redigidos inteiramente por seres humanos, e não por Deus, vamos admitir, por hipótese, que eles são de verdade uma criação do Ser Supremo. Assim, caberia outra pergunta simples: deveríamos acatar orientações eivadas de perversidade por elas serem provenientes de Deus?

Em contraposição aos que dizem sim em resposta à pergunta recém-formulada, eu diria: se, de fato, Deus fosse assim, não haveria razões justificáveis para que ele fosse obedecido e seguido, a não ser o medo e a covardia diante da ameaça de forte castigo pela rebeldia e a recusa a submeter-se a determinações nitidamente malignas. Para os que se encontram nesta situação, tanto faz que as ordens de Deus sejam iguais às que viriam do Diabo, o importante é não sofrer castigos.

Evidentemente, se Deus fosse mesmo capaz de instruir seus seguidores a apoiar um genocídio tão diabólico como o que está em curso em Gaza e no restante da Palestina, em lugar de ser seguido e adorado, tal Deus deveria ser execrado e mandado para os quintos do inferno, que seria o local mais apropriado para sua moradia.

No entanto, Deus não tem nenhuma culpa em nada disto. Os que nele crêem e lhe têm fé não precisam renegá-lo por isso. O que se torna imperativo é seguir o exemplo de Jesus, de modo a impedir que os pilantras, aproveitadores e inescrupulosos façam uso de seu nome para induzir a gente de boa fé a ser cúmplice de maldades exclusivamente deles. E muito mais criminosos ainda são os que recorrem ao nome do próprio Jesus para tão sórdida empreitada.

Então, se você se considera um cristão de verdade, não permita que típicos pastores do diabo se aproveitem do nome e da simbologia de Jesus para induzir os frequentadores de seus estabelecimentos a violentar seus princípios. O objetivo desses espertalhões é fazer fortuna pessoal, trair a nossa pátria, favorecer o bolsonarismo e servir ao imperialismo. Confie em sua capacidade de raciocinar, não tenha medo de suas reflexões.

Quem conscientemente apoia ou é indiferente ao sofrimento do desamparado povo de Gaza não tem absolutamente nada a ver com o espírito de Jesus. Os que têm feito isso sem conhecimento de causa, por influência de serviçais do diabo, podem romper sua dependência e aderir de verdade aos ideais do Nazareno. Não perca esta oportunidade. É hora de deixar aflorar a bondade ensinada por Jesus.
Source: https://altamiroborges.blogspot.com/2025/08/as-criancas-de-gaza-e-o-coracao-do.html