Por Altamiro Borges

O ato bolsonarista deste domingo (6) na Avenida Paulista ficou muito aquém das bravatas de seus idealizadores, que previram reunir mais de 600 mil seguidores em São Paulo. Segundo balanço do Monitor da USP, ele juntou 44,9 mil pessoas. Mais generosa, a Folha estimou em 55 mil presentes. Para efeito de comparação, o ato fascista de 25 de fevereiro de 2024, na mesma avenida, reuniu 185 mil pessoas. Mesmo assim, a manifestação aparentemente cumpriu seu intento de pressionar a Câmara Federal a aprovar o projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro de 2023 em Brasília.

Após o vexame do ato de 17 de março em Copacabana, que flopou com apenas 18,3 mil pessoas, o de agora deu novo fôlego aos bolsonaristas. O maior diferencial, porém, não foi quantitativo. Foi a presença de lideranças políticas da extrema direita. O ato mostrou força ao reunir cerca de cem parlamentares e sete governadores: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Ratinho Jr. (PSD-PR), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Mauro Mendes (União Brasil-MT), Wilson Lima (União Brasil-AM) e Jorginho Mello (PL-SC).

Nos bastidores, os próprios bolsonaristas admitem que o ato da Avenida Paulista não garante a aprovação do projeto de anistia aos golpistas. O PL – partido de aluguel de Jair Bolsonaro – não conseguiu o apoio dos líderes de metade das siglas com representação parlamentar pela urgência na votação e agora corre atrás de 257 adesões individuais. Também ainda não se sabe qual será a postura do presidente da Câmara Federal, deputado Hugo Motta (PP-PB), que foi o principal alvo do endemoniado “pastor” Silas Malafaia, financiador e organizador da manifestação.

Além disso, a proposta de anistia não conta com o apoio da sociedade brasileira. Pesquisa Quaest divulgada no domingo aponta que 56% dos entrevistados avaliam que os vândalos do 8 de janeiro de 2023 devem seguir presos, diante de 34% que defendem que sejam soltos. Até entre os que votaram em Jair Bolsonaro em 2022 (que obteve 49,1% dos votos), só 36% defendem a anistia aos golpistas. O levantamento ainda mostra que 49% dos brasileiros acreditam que o ex-presidente participou diretamente do planejamento de um golpe de Estado.