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| Charge: Miguel Paiva/247 |
No inquérito que indiciou Jair Bolsonaro e seu filho 03, vulgo Dudu Bananinha, por obstrução da Justiça, a Polícia Federal fez nova denúncia gravíssima sobre o clã. Em seu relatório, a PF afirma que o ex-presidente recebeu cerca de R$ 30 milhões em suas contas bancárias entre março de 2023 e fevereiro de 2024. A acusação se baseou em levantamento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão ligado ao Banco Central.
Segundo a análise, Jair Bolsonaro foi identificado em comunicações captadas por unidades de inteligência financeira do Coaf. Ainda de acordo com a análise da PF, as operações financeiras com suspeitas de “lavagem de dinheiro e de outros ilícitos” nas contas do fascista ocorreram no curto período de um ano. “Entre 1 de março de 2023 e 7 de fevereiro de 2024, teriam sido movimentados R$ 30.576.801,36 em créditos e R$ 30.595.430,71 em débitos nessas contas”.
Segundo reportagem da Folha, “o documento registra o recebimento, via Pix, de R$ 19,3 milhões, em 1.214.254 lançamentos – o que representa mais de 60% do valor recebido por Bolsonaro. O PL, partido do ex-presidente, aparece como principal pagador, com R$ 291 mil transferidos. Já os maiores gastos foram feitos aos seus advogados, no valor de R$ 6,6 milhões. A PF afirma que foram analisadas 50 comunicações de operações financeiras... Dessas comunicações, quatro tratam de suspeitas relacionadas a Jair Bolsonaro, e quatro, a Eduardo Bolsonaro”.
Transferências suspeitas para Micheque Bolsonaro
No relatório, a PF afirma que “chama atenção o volume de operações de câmbio realizadas ao longo do período analisado, que totalizaram R$ 105.905,54, especialmente considerando que o ex-presidente está com o passaporte retido e proibido de deixar o país”. A análise ainda ressalta a transferência de R$ 2 milhões de Jair Bolsonaro à ex-primeira-dama em 4 de junho deste ano, um dia antes de ele prestar depoimento na investigação. A PF suspeita que a transferência para a conta de Michelle Bolsonaro foi feita para evitar bloqueios de recursos.
O relatório afirma ainda que Dudu Bananinha também usou conta de sua esposa para evitar bloqueios. Segundo a investigação, o deputado fujão fez dois repasses para Heloísa Bolsonaro “como forma de escamotear” os valores recebidos do paizão. Para a PF, a análise das transações confirma que Jair e Eduardo Bolsonaro usaram “diversos artifícios para dissimular a origem e o destino de recursos financeiros, com o intuito de financiamento e suporte das atividades de natureza ilícita do parlamentar licenciado no exterior”.
A investigação mostra que Jair Bolsonaro realizou 40 transações de janeiro a julho de 2025, entre saques em caixas eletrônicos e atendimento presencial em guichê bancário. “No total, foram contabilizados R$ 130.800,00. Não se ignora a eventual necessidade do ex-presidente em realizar despesas de pequeno vulto, sobretudo durante deslocamentos e viagens feitas ao longo de agendas públicas. Entretanto, o grande volume de transações em dinheiro físico é indício relevante no contexto probatório, considerando os riscos associados à falta de rastreabilidade e a possibilidade de financiamento de ações de caráter ilícito”, conclui a PF.
Lavagem de dinheiro e organização criminosa
Diante de mais essa grava denúncia, o deputado Lindbergh Farias, líder da bancada do PT na Câmara Federal, protocolou nesta quinta-feira (21) uma representação criminal no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a abertura de inquérito para apurar “indícios dos crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraude processual”. O pedido sustenta que os repasses feitos pelo ex-presidente para Dudu Bananinha, para “Micheque” Bolsonaro e até para Carluxo Pitbull podem configurar “estratégias de blindagem patrimonial”, com o uso de “laranjas” – prática típica de lavagem de dinheiro.
“Trata-se de um possível esquema familiar estruturado, com divisão de tarefas, para ocultar patrimônio e burlar a Justiça”, argumenta o líder petista. No requerimento, o parlamentar também solicita a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático dos investigados, além do bloqueio e sequestro de bens e a realização de perícia contábil e financeira sobre as transações. Ele ainda pede que as empresas ligadas à família, como a MPB Business – de propriedade de Michelle Bolsonaro –, sejam incluídas no rastreamento.
