Por João Guilherme Vargas Netto
Todos estamos contentes com os resultados dos últimos acordos e convenções coletivas de trabalho em que 86% delas superaram a inflação com ganhos reais, segundo levantamento do Dieese.
Mas, quem de nós assistiu, testemunhou ou constatou as campanhas salariais que levaram a estes resultados?
Verdadeiras cabeças de bacalhau que podem existir, mas que ninguém as vê.
Ainda que consideremos uma campanha minimamente descrita com uma assembleia de pauta, uma ou algumas assembleias em locais de trabalho, uma assembleia de aprovação e a divulgação na base dos resultados, mesmo assim o que pode ser registrado é exíguo, quase nulo (com as exceções regulamentares).
Como se explica, então, a contradição entre resultados exitosos e campanhas salariais fracas ou inexistentes?
Explica-se, fundamentalmente, pela conjuntura econômica positiva que impõe o avanço dos salários, reforçada por um governo ativamente favorável aos trabalhadores.
Que o governo, personificado na figura do presidente, é favorável aos trabalhadores e manifesta isso até mesmo em situações desvantajosas, pode ser demonstrado pelo comparecimento de Lula à comemoração do 1º de Maio, em São Paulo, reverenciando assim as direções sindicais.
Que a conjuntura econômica é favorável e impulsiona os ganhos demonstra-se pela situação do emprego. Durante o ano de 2023 (e provavelmente até agora) um terço dos trabalhadores demitidos o foram a pedido, o que traduz a expectativa real de melhoria para os trabalhadores que trocam empregos por outros melhores.
Nesta situação as direções sindicais (com as exceções regulamentares) apenas exerceram seu papel institucional formalizando os acordos e convenções vantajosos mesmo com campanhas fracas.
Urge modificar isso com uma verdadeira “subida” às bases, o que reforçaria a possibilidade de manter os ganhos, mas, sobretudo aproximaria as direções de suas bases organizadas das quais têm se mantido afastadas.
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