A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, estimulada pela ruidosa oposição de direita para atormentar o governo Lula, começa a ter alguns efeitos colaterais, atingindo famosos bolsonaristas. Na semana passada, uma das vítimas foi a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra no covil fascista de Jair Bolsonaro. Surgiram evidências de que uma empresa de cannabis do lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, o famoso “Careca do INSS”, pagou R$ 500 mil ao advogado Manoel Arruda (União Brasil-DF), primeiro suplente da estridente parlamentar.
Segundo reportagem do site Metrópoles, “a transferência consta em Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O documento subsidia as investigações da CPMI do INSS, à qual o lobista prestou depoimento na última quinta-feira (25). O repasse foi feito pela Camilo Comércio e Serviços S/A, cujo nome fantasia é World Cannabis (WorldCann). A empresa de maconha do Careca do INSS foi aberta em 25 de abril de 2023, tem sede em Brasília e filiais em São Paulo, Bogotá (Colômbia), Lisboa (Portugal) e Miami (Estados Unidos). A companhia mantém como diretor Romeu Carvalho Antunes, filho do lobista”.
Além de primeiro suplente da senadora Damares Alves, Manoel Arruda é presidente do União Brasil no Distrito Federal. “Segundo o próprio advogado, Careca do INSS o contratou em novembro de 2024 para prestar consultoria e assessoria jurídica para firmar parceria com a Indústria Química do Estado de Goiás (Iquego)... O escritório, no entanto, desfez o negócio em 8 de maio, cerca de duas semanas após a Polícia Federal (PF) deflagrar a Operação Sem Desconto, que tem o Careca do INSS como um dos alvos”.
Senadora já defendeu empresa do acusado
Diante da sinistra relação, a assessoria da senadora Damares Alves divulgou nota em que afirma que “não tem qualquer relação ou conhecimento sobre os negócios de seu suplente”. O site, porém, lembra que a bolsonarista, “responsável por avisar a PF sobre a frota de carros de luxo do Careca do INSS escondida em um prédio na região central de Brasília, já saiu em defesa, no Senado, dos negócios da World Cannabis. A senadora disse que um eventual confisco de bens da empresa poderia prejudicar pacientes que usam canabidiol de forma medicinal, já que se trata de uma das poucas fornecedoras no Brasil”.
Em relatório divulgado recentemente, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras levanta várias suspeitas sobre movimentação de empresa de cannabis do Careca do INSS. O Coaf chama a atenção para o “expressivo faturamento da empresa World Cannabis, constituída em 25/04/2023, no valor de R$ 4,28 milhões no ano de 2024 em um curto espaço de tempo, sem a identificação clara da origem dos recursos... Em suma, a World Cannabis declara faturamento elevado em curto período de tempo, não sendo possível identificar a origem dos recursos, pelo exposto, optamos pela recusa do relacionamento e comunicação Coaf”.
Izalci Lucas também está em apuros
Outro bolsonarista que está passando apuros na CPMI é o senador Izalci Lucas (PL-DF). Na semana passada, durante sessão da comissão, um vídeo foi exibido mostrando o bolsonarista dando carona a um dos investigados no esquema de desvio de recursos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As imagens, que seriam de 2024, foram divulgadas pelo deputado federal Alencar Santana (PT). No vídeo, Izalci dirige o Jeep Compass, que para próximo a um estacionamento onde está o presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes. O empresário caminha em direção ao carro, fala com o senador e entra no veículo.
Lopes foi preso por falso testemunho na CPMI do INSS, da qual Izalci é membro, na terça-feira passada (30/9). O empresário pagou fiança e deixou a Polícia Legislativa do Senado pouco depois. Diante da repercussão do vídeo, a assessoria do parlamentar divulgou nota afirmando que “não há qualquer vínculo de natureza pessoal ou relação de amizade entre o senador Izalci Lucas e o atual presidente da Conafer, limitando-se a interlocuções estritamente relacionadas a temas de interesse público”.
