Por Altamiro Borges
O tenente-coronel Mauro Cid, o ex-faz-tudo do “capetão” Jair Bolsonaro, terá novamente de depor nesta quinta-feira (21). Ele poderá inclusive sair da audiência direto para a cadeia, já que há sinais de que burlou os termos do acordo da sua delação premiada firmado em setembro de 2024. Em depoimentos anteriores, o milico omitiu a existência de um plano para matar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Nesta terça-feira (19), Mauro Cid esteve na sede da Polícia Federal, em Brasília. A intimação se deu após a deflagração da Operação Contragolpe, que apura a trama terrorista dos assassinatos. Ele foi questionado sobre o plano macabro, mas negou qualquer conhecimento. Diante das contradições do seu interrogatório, o ministro do STF decidiu convocá-lo outra vez. Em seu despacho, ele alegou que “o objetivo da convocação é para que apresente esclarecimentos aos termos da colaboração”.
Se for confirmado que o militar omitiu informações, ele poderá voltar à cadeia – onde já ficou por duas vezes. O plano dos assassinatos foi descoberto após a PF recuperar os arquivos que tinham sido deletados dos aparelhos eletrônicos do ex-ajudante de Jair Bolsonaro. As novas informações resultaram em cinco mandados de prisão preventiva, três de busca e apreensão e 15 medidas cautelares. Os alvos foram quatro militares das Forças Especiais do Exército, os “kids pretos” – general da reserva Mário Fernandes, tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, major Rafael Martins de Oliveira e major Rodrigo Bezerra de Azevedo – e o agente da PF Wladimir Matos Soares.
Rescisão dos benefícios da delação premiada
Segundo matéria do site UOL, “a Polícia Federal comunicou ao ministro Alexandre de Moraes que o tenente-coronel Mauro Cid descumpriu cláusulas do acordo de delação premiada que fechou no âmbito de investigações que implicam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)... Moraes deve solicitar posicionamento da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a rescisão dos benefícios”. Ainda segundo a postagem, o nome do ex-faz-tudo voltou à tona nas mensagens descodificadas.
“Mauro Cid aparece na nova investigação da PF. Os documentos apreendidos com o general Mário Fernandes apontam que ele esteve no encontro que planejou as execuções... Ele é suspeito de ser um dos responsáveis pelo grupo que fez o plano. Mauro Cid teria participado de reuniões na casa do ex-ministro de Bolsonaro, Walter Braga Netto, onde o golpe teria sido gestado. O tenente-coronel também estaria no Palácio, assim como Bolsonaro, no momento em que o documento golpista foi impresso pelo general Mário Fernandes. Também era Cid que recebia informações sobre o monitoramento de Moraes, Lula e Alckmin”.
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