Por Altamiro Borges

Enquanto Jair Bolsonaro não vai para a cadeia, a extrema direita segue dividida sobre a sua estratégia para as eleições presidenciais de 2026. O ex-presidente jura que não entrega os pontos até setembro do próximo ano, mantendo sua candidatura, e impondo um dos seus filhotes ou a ex-primeira-dama como vice em sua chapa. Ele teme ser jogado na lata de lixo da história, esquecido até por quem ajudou a eleger.

Uma parte da cloaca burguesa – e da sua mídia venal –, porém, já abandonou o “capetão” e especula com novos nomes para concorrer ao cargo. O “bolsonarista moderado” Tarcísio de Freitas é o queridinho da vez. A manobra é tão explícita que tem gerado bate-bocas e intrigas entre os fascistoides nativos. Neste domingo (15), o deputado fujão Eduardo Bolsonaro (PL-SP), vulgo Dudu Bananinha, saiu em defesa do paizão e fustigou o governador de São Paulo.

“Eu não sei ainda se no Brasil as pessoas entenderam que, com Bolsonaro condenado, não teremos uma eleição normal no Brasil. Teremos uma eleição onde, no máximo, poderá ser eleita uma direita permitida, o que fica longe dos anseios populares, o que significa que o establishment ainda continuará dando as cartas no Brasil”, esbravejou em entrevista no canal direitista do Youtube Estúdio 5° Elemento.

Em outro trecho, Dudu Bananinha teorizou: “As pessoas que pensam diferente do Bolsonaro, que acham que ele é uma página virada, ainda não têm conforto para dizer isso abertamente e serem eleitas. Elas sabem que precisam de Bolsonaro para sua eleição... Então, o que pode ocorrer é uma torcida para que o Bolsonaro esteja fora do jogo, para que isso abra caminho para essa, entre aspas, nova direita. Mas acho que, cada vez mais, você vai depurando”.

"Não estou querendo cair na porrada agora"

Ele ainda criticou “os aliados de ocasião” que se aproximam “para tirar proveito eleitoral” e “no dia seguinte viram as costas”. Perguntado sobre uma possível candidatura do governador paulista, Eduardo Bolsonaro despistou: “Não estou querendo cair na porrada com ninguém agora”. A entrevista foi encarada pela mídia como uma indireta contra Tarcísio de Freitas.

“Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pede que a militância bolsonarista mantenha a defesa da elegibilidade de seu pai, Jair Bolsonaro, em vez de aceitar uma ‘direita permitida’ pelo ‘establishment’, em fala interpretada por aliados como crítica à movimentação para que Tarcísio de Freitas (Republicanos) seja candidato à Presidência em 2026”, registrou a Folha, que já embarcou na campanha do “bolsonarista moderado”. A mesma leitura foi feita pelo jornal Estadão.

A extrema direita nativa passará por dias de fortes tensões – e muitas intrigas, futricas e sacadas – enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) não definir o futuro de Jair Bolsonaro, o chefão da Orcrim (Organização Criminosa) do golpismo.