Por Altamiro Borges
O Alto Comando do Exército divulgou na semana passada a lista de promoção de três novos generais quatro estrelas. O que chamou a atenção é que o Comandante Militar do Planalto à época da tentativa de golpe do 8 de janeiro de 2023, o general Gustavo Henrique Dutra, foi excluído e passará para a reserva. Com isso, a decisão manteve de fora da cúpula do Exército os chamados ‘kids pretos’ – as forças especiais que tiveram papel de relevo na trama golpista.
Como realça matéria da Folha, “os kids pretos tiveram grande presença na cúpula do Exército durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), com quatro integrantes das forças especiais no Alto Comando. Nenhum outro general com essa formação integrou o grupo dos 16 generais da mais alta patente após o início do governo Lula (PT).
Gustavo Dutra e outros cinco generais de três estrelas que disputavam uma das vagas do Alto Comando devem ir para a reserva no fim de julho, quando o presidente Lula assina o decreto promovendo os novos oficiais. Atualmente na vice-chefia do Estado Maior do Exército, o oficial se formou na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 1987 e, nos anos seguintes, direcionou a sua carreira para as forças especiais.
Kid preto fica fora da promoção
“Como kid preto, comandou o contingente brasileiro no Haiti, em 2015, e participou da missão de verificação dos direitos humanos na Guatemala. Chefiou ainda a Aman, o Comando de Operações Especiais e a 1ª Brigada de Infantaria de Selva, em Boa Vista (RR), antes de assumir o Comando Militar do Planalto. Dutra era o responsável pela área na qual, em 2022, apoiadores do ex-presidente Bolsonaro estabeleceram o principal acampamento em que pediam intervenção militar contra a vitória de Lula na eleição presidencial”.
“A avaliação de generais ouvidos pela Folha é que a promoção de Dutra poderia reacender discussões sobre a atuação do Exército diante dos acampamentos golpistas. O fato de ser um kid preto também pesou para o general ser preterido”, registra o jornal.
Suboficial é expulso da Marinha
Em um momento inédito na história do Brasil em que generais são julgados e até são presos – como o golpista Walter Braga Netto, que foi candidato à vice na chapa do “capetão” Jair Bolsonaro –, outras notícias do meio militar chamam a atenção. No início de junho, a Marinha já havia decidido expulsar um suboficial por sua participação na tentativa de golpe. Marco Antonio Braga Caldas foi o primeiro militar desligado formalmente após o fatídico 08/01.
A punição, porém, não é das mais drástica. A família do ex-suboficial terá direito à pensão por “morte ficta” – que é concedido aos parentes de militares excluídos das Forças Armadas e que perdem suas patentes. Esse privilégio custa anualmente mais de R$ 44 milhões aos cofres públicos. Segundo matéria do site Metrópoles, “a Marinha poderá desembolsar R$ 13,1 mil por mês como pensão à família... O montante equivale ao valor bruto que, até então, era pago a Marco Antonio Braga Caldas a título de remuneração”.
Como relembra o site, o militar de 51 anos “foi preso dentro do Palácio do Planalto no dia dos atos antidemocráticos em que invadiram e vandalizaram a sede dos Três Poderes. Desde então, ele está custodiado na Escola de Aprendizes de Marinheiros em Florianópolis (SC)... O Supremo Tribunal Federal o condenou a 14 anos de prisão por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, associação criminosa armada, dano qualificado e destruição de patrimônio tombado. A decisão é de março de 2024”.
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