Por Plinio Teodoro, na revista Fórum:
Sob efeito de uma antiga versão de crystal meth, nome dado à metanfetamina, soldados rasos das tropas de Adolph Hitler promoviam o que na Alemanha nazista ficou conhecida como "blitzkrieg".
Sob efeito da droga, que os deixavam eufóricos e "invencíveis" - segundo o escritor alemão Norman Ohler, autor de In Der Totale Rausch ["Totalmente Adrenalizados", em tradução livre] -, esses soldados descartáveis (lembram-se de Daniel Silveira?) se colocavam na linha de frente das "guerras relâmpagos" para defender o governo do "mito" alemão durante a II Guerra Mundial.
Passado quase um século, Jair Bolsonaro (PL), que até 2018 atuou como pária destilando ódio e impropérios às margens do Congresso, criou a própria horda fascista, que invadiu a Câmara dos Deputados para espalhar o terror por meio da violência física e verbal, como se pôde ver nesta fatídica quarta-feira (5) em diversas comissões.
A tropa é coordenada à distância pelo capitão e presencialmente pelo filho "03", Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que não atua na linha de frente, mas incita e direciona estratégias de atuação, geralmente em comissões onde se travam batalhas em torno da chamada "pauta de costumes", como a de Direitos Humanos, Direitos e Minorias.
Em bando, totalmente adrenalizados (alguns, como Zé Trovão (PL-SC), já admitiram ter feito uso de cocaína), se movimentam de comissão em comissão na linha de frente da blitzkrieg bolsonarista, fazendo provocações, causando balbúrdia e chegando a agredir fisicamente aqueles que se colocam no embate político.
Nesta quarta-feira, após agredirem fisicamente deputados progressistas no Conselho de Ética em razão da absolvição de André Janones (Avante-MG) - acusado de rachadinha, crime que se popularizou com o clã Bolsonaro -, eles invadiram a Comissão de Direitos Humanos e miraram a metralhadora de injúrias para defender a Ditadura e atacar a decana da casa, a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), de 89 anos, que chegou a ser internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) após passar mal.
A atuação da horda bolsonarista é precedida da incitação feita por uma outra tropa, que desfruta de mais proximidade do clã, municiada para propagar discursos de ódio e mentiras, que servem como uma espécie de metanfetamina verbal para a ação violenta.
Defensor da Ditadura, da tortura, de metralhar inimigos, promover uma guerra civil para o extermínio de "uns 30 mil" e crente de que "através do voto, você não muda nada no País", Bolsonaro agora comanda uma tropa fascista para promover suas "blitzkrieg" no Congresso e abrir espaço para um novo golpe contra a democracia.
A linha de frente da blitizkrieg bolsonarista
Nikolas Ferreira (PL-MG): Transfóbico que se esconde por trás de um discurso falso moralista e "cristão", é um dos principais soldados de Bolsonaro. Egresso da horda fascista das redes sociais atua quase sempre com grandalhões ao lado fazendo provocações a adversários políticos.
Eder Mauro (PL-PA): Ex-delegado de polícia, se orgulha dos assassinatos à frente da profissão. É um dos mais violentos, provocando agressões físicas pelas quais deve responder no Conselho de Ética.
Zé Trovão (PL/SC): Egresso das fileiras golpistas, já admitiu que era dependente químico antes de entrar nas fileiras bolsonaristas. Violento - e covarde -, foi enquadrado na Lei Maria da Penha por espancar a noiva, a quem expulsou de casa em 2023, quando já era deputado.
Paulo Bilynskyj (PL-SP): Ganhou fama em 2020 com a controversa história sobre a morte da namorada Priscila Delgado Barrios. Bisneto do ucraniano Bohdan Bilynskyj que, segundo ele, atuou na 14.ª Divisão de Granadeiros da Waffen-SS Galizien, batalhão formado por voluntários ucranianos após a invasão da União Soviética pela Alemanha Nazista. Ex-policial civil, atua de forma violenta nas comissões e também dando suporte a outros incitadores.
Delegado Caveira (PL-PR): Nascido Lenildo Mendes dos Santos Sertão, é ex-policial civil e ganhou o apelido em homenagem a Punisher, personagem anti-herói da Marvel Comics que atua como um vigilante para combater o crime. Sempre de óculos escuros, busca intimidar adversários em meio às agressões de aliados na Câmara.
Abilio Brunini (PL-MT): Também originário das redes sociais, é um dos principais incitadores para gerar "lacração" nas redes. Coleciona acusações de transfobia, gestos atrelados a movimentos neonazistas e interrupções de falas.
Gustavo Gayer (PL-GO): Disseminador contumaz de fake news é egresso dos movimentos golpistas articulados pelo MBL em 2015. Foi acusado de matar duas pessoas por dirigir bêbado pela deputada Silvye Alves (União-GO). Por falar inglês, é o porta-voz internacional da horda e um dos principais incitadores ao propagar mentiras.
Veja outros integrantes da blitzkrieg e, abaixo, o primeiro escalão da tropa bolsonarista, que atua mais próxima ao clã incitando os aliados.
André Fernandes (PL-CE)
Coronel Fernanda (PL-MT)
Carlos Jordy (PL-RJ)
Filipe Barros (PL-PR)
Gilvan da Federal (PL-ES)
Julia Zanatta (PL-SC)
Cabo Gilberto Silva (PL-BA)
Sargento Fahur (PSD-PR)
Evair Vieira de Melo (PP-ES)
Coronel Ulysses (UNIAO-AC)
Primeiro escalão da tropa bolsonarista: os incitadores
Marco Feliciano (PL-SP)
Zucco (PL-RS)
Sanderson (PL-RS)
Ricardo Salles (PL-SP)
Carla Zambelli (PL-SP)
Bia Kicis (PL-DF)
Bibo Nunes (PL-RS)
Caroline de Toni (PL-SC)
Alexandre Ramagem (PL-RJ)
Helio Lopes (PL-RJ)
Mario Frias (PL-SP)
Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-RJ)
Nelson Barbudo (PL-MT)
Marcel Van Hattem (Novo)
Maurício Marcon (Podemos-RS)
Lucas Redecker (PSDB-RS)
Kim Kataguiri (União-SP)
Osmar Terra (MDB-RS)
Pedro Lupion (PP-PR)
Felipe Francischini (UNIAO-PR)
Alberto Fraga (PL-DF)
Cabo Gilberto Silva (PL-PB)
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