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Felipe Melo e as torcidas organizadas

сентября 25, 2018 0:17 , by Altamiro Borges - | No one following this article yet.
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Por Altamiro Borges

No domingo retrasado (16), o troglodita Felipe Melo, que joga como volante no Palmeiras, dedicou o seu gol contra o Esporte Clube Bahia, pelo Campeonato Brasileiro, ao “nosso futuro presidente, o Bolsonaro”. A declaração de apoio não causou surpresa aos que conhecem o jogador, famoso por seus atos de violência dentro e fora do campo. Dias antes, ele havia sido expulso por uma entrada criminosa, aos 4 minutos e 30 segundos do primeiro tempo, contra o atleta Victor Cáceres, do Cerro Porteño, em plena Libertadores da América. Foi o vigésimo cartão somente neste ano – um recorde vergonhoso. Como lembra o blog Diário do Centro do Mundo, “em 2005, Felipe Melo foi acusado de esfaquear dois jovens em um hotel no Rio de Janeiro. O primo assumiu a culpa. Mas ele se diz regenerado e ‘um homem de Deus’”. O aloprado se parece muito com o seu ídolo.

A declaração asquerosa, porém, teve um lado positivo. Ela despertou as torcidas de futebol a se pronunciarem sobre o risco do avanço do ódio fascista no país. A primeira a se manifestar foi a Gaviões da Fiel, que nasceu exatamente no período da luta contra a ditadura militar. Na sequência, a Torcida Jovem do Santos publicou nota oficial na qual repudia a candidatura de Jair Bolsonaro. Já neste final de semana, torcedores do Palmeiras também se pronunciaram. Confira abaixo as três notas:

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Nota oficial – Posição dos Gaviões da Fiel sobre o candidato antidemocrático

Foi misturando política e torcida que, em 1969, alguns jovens Corinthianos fundaram o que viria se tornar a maior torcida organizada do país, os Gaviões da Fiel. Em uma época marcada pela fortíssima repressão da Ditadura Militar, aqueles torcedores decidiram se unir para lutar contra Wadih Helu, então presidente do Corinthians e também político do regime.

Ao declararem a contrariedade ao regime que impedia toda e qualquer liberdade de expressão, os primeiros jovens Gaviões foram perseguidos e, por vezes, espancados pelos capangas do cartola e político.

Paralela à batalha em prol do Corinthians, ilustrada pelo conhecido primeiro enterro simbólico de um dirigente no país, também estava a luta pela redemocratização do Brasil. A abertura de faixas na arquibancada exigindo o direito da sociedade escolher o presidente, bem como anistia ampla, geral e irrestrita aos exilados políticos da época, faz parte do conjunto de fatos marcantes dos 49 anos dos Gaviões da Fiel.

Por este e outros motivos, é importante deixar claro a incoerência que há em um Gavião apoiar um candidato que, não apenas é favorável à Ditadura Militar pelo qual nascemos nos opondo, mas ainda elogia e homenageia publicamente torturadores que facilmente poderiam ter sido os algozes de nossos fundadores.

Hoje, com mais de 112 mil associados, entendemos existirem diferentes formas de pensar e posicionar-se numa sociedade democrática. Respeitamos essa pluralidade de ideias, pois ela é a essência da democracia pelo qual nossos fundadores lutaram. Não podemos, portanto, concordar jamais com quem se posiciona justamente contrário aos valores básicos do Estado Democrático de Direito.

Não se trata de exigir que nossos associados se posicionem obrigatoriamente à esquerda ou direita, mas em um momento conturbado de nossa política, pedimos para que nossos associados olhem para nosso passado e entendam tudo o que hoje fomenta nossa ideologia.

Afinal, foi contra todo ditador que no Timão quiser mandar que os Gaviões nasceram pra poder reivindicar.

Gaviões da Fiel Torcida - Força Independente

· Nota aprovada pelo Conselho Deliberativo dos Gaviões da Fiel

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Manifesto da Torcida Jovem do Santos


A Torcida Jovem do Santos, ao longo dos seus 49 anos, construiu uma história marcante na luta pela democracia e contra a opressão que sempre tentou calar a voz da arquibancada. Uma luta que começou no final dos anos 60 enfrentando a ditadura militar e que se estende até hoje contra os mecanismos que almejam destruir o futebol popular e a nossa liberdade.

Nossa torcida é composta pela classe trabalhadora, por pessoas de diferentes etnias, crenças e demais individualidades que se unem como povo. Em função disso, e pelo nosso compromisso com a liberdade, nos posicionamos contra uma plataforma política que defende a ditadura militar como saída para os problemas do país. Não reconhecemos como opção viável um discurso que reforça o estereótipo preconceituoso que marginaliza o povo pobre e, por consequência, o torcedor.

Essa plataforma política é nociva para a evolução da sociedade e vai contra os ideais defendidos pela Torcida Jovem do Santos, que foram construídos com muito suor.

Respeitamos as escolhas pessoais de cada Tejota e não defendemos nomes específicos no atual panorama político, mas reforçamos a origem da nossa Torcida deixando claro que as pautas apresentadas pelo candidato Bolsonaro - e demais candidatos com o mesmo alinhamento ideológico - são incompatíveis com as raízes da Torcida Jovem e não representam os interesses coletivos que sempre buscamos ao lado do povo e da massa santista. Nosso repúdio a essa pauta extremista não apaga o olhar crítico que temos em relação ao cenário político em geral, tomando como referência a nossa postura histórica de combate aos retrocessos sociais.

A opressão jamais irá vencer a nossa luta por liberdade dentro e fora dos estádios!

Torcida Jovem

Com o Santos onde e como Ele estiver...

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Palmeirenses contra o fascismo


Em virtude de acontecimentos recentes envolvendo a imagem pública da Sociedade Esportiva Palmeiras, nós, palmeirenses abaixo assinados, expressamos publicamente nosso repúdio às posturas e declarações preconceituosas, antidemocráticas e fascistas.

Nosso clube foi fundado em 26 de agosto de 1914 por trabalhadores imigrantes, e rapidamente tornou-se uma das equipes mais populares da cidade de São Paulo, atraindo grande público à assistência de seus jogos e contrapondo-se às agremiações tradicionais da elite paulistana. Ao mesmo tempo em que o Palestra chamava a atenção da imprensa da época por sua torcida essencialmente popular, as vitórias em campo foram consolidando o clube como força importante do futebol paulista e brasileiro.

Em 1942, por pressão do governo durante a Segunda Guerra Mundial, o clube foi obrigado a mudar seu nome, tornando-se a Sociedade Esportiva Palmeiras. Apesar das ofensas e ataques xenofóbicos que recebia por sua origem imigrante, o Palmeiras já era profundamente diversificado na composição de seu time e torcida, assim como o povo brasileiro. De “time dos italianos” passou a ser o time de todas e todos.

São razões históricas, portanto, as que nos motivam neste posicionamento público contra a onda fascista que se ergue e a sua nefasta representação eleitoral. Respeitamos a coexistência democrática de opiniões e posicionamentos políticos variados; mas não podemos tolerar a ameaça às instituições democráticas e os posicionamentos de teor racista, xenofóbico, machista e homofóbico. Não podemos tolerar discursos de ódio dirigidos a grupos historicamente oprimidos. A trajetória da Sociedade Esportiva Palmeiras é uma trajetória de acolhimento à diversidade destes grupos.

Alessandro Buzo, escritor e diretor
Amanda Ramalho, radialista
Diana Bouth, atriz e apresentadora
João Gordo, músico e apresentador
Maria Gadu, música e compositora
Marco Ricca, ator
Miguel Nicolelis, neurocientista
Nádia Campeão, foi vice-prefeita do município de São Paulo
Soninha Francine, vereadora do município de São Paulo
Wilson Simoninha, músico
Aldo Rebelo, chefe da Casa Civil do estado de São Paulo e conselheiro da SEP
Luiz Gonzaga Belluzzo, economista e conselheiro da SEP
Marcos Gama, conselheiro da SEP
Abner Palma, editor de vídeo
Adriano Diogo, foi deputado estadual de São Paulo
Aleksandra Franco Fernandes Silva, pedagoga da Escola Parque-RJ
Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos do Barão de Itararé
Ana Paula Spini, professora de história da UFU
Andrea de Castro Melloni, Princeton University
Angélica Souza, publicitária, escreve no Dibradoras
Bruno Predolin, publicitário
Cristiano Maronna, advogado
Cristiano Tomiossi, ator
Crizz, DJ
Eduardo Roberto, jornalista
Elisa Fernandes, chef de cozinha
Ercílio Faria Tranjan, publicitário
Fabio Passetti, pesquisador do ICC/Fiocruz
Facundo Guerra, empreendedor
Felipe Vaistman, jornalista
Fernando Cesarotti, jornalista
Flávio de Campos, historiador e professor da USP
Gabriel Amorim, jornalista
Gabriel Passetti, professor de Relações Internacionais da UFF
Gabriel Santoro, editor
Gabriel Zacarias, professor de história da arte na Unicamp
Glauco Roberto Gonçalves, professor da UFGO
Gustavo Petta, deputado estadual de São Paulo
Ivan Marques, advogado e diretor do Instituto Sou da Paz
José Carlos Vaz, professor de gestão de políticas públicas da USP
José Guilherme Magnani, antropólogo e professor da USP
Júlia Galli O’Donnell, professora de antropologia cultural da UFRJ/IFCS
Lucas Afonso, MC
Manuel Boucinhas, ator
Márcio Boaro, dramaturgo e diretor teatral
Margaret Buonano, psicóloga
Maria Carolina Trevisan, jornalista
Marília Velardi, professora da USP
Marina Sousa, desenhista e roteirista – filha do Maurício de Sousa
Oswaldo Colibri, jornalista
Paulo Miyada, curador
Railídia Carvalho, música e jornalista
Roseli Tardelli, jornalista e apresentadora
Sérgio Settani Giglio, professor de educação física na UNICAMP
Simão Pedro, foi deputado estadual de SP e secretário municipal de São Paulo
Thiago Schwartz, da página Site dos Menes
Tiago Perrart, da página Vagas Arrombadas
Toinho Melodia, músico e compositor
William De Lucca, jornalista

Coletivo Porcominas
Coletivo PorComunas
Coletivo Palmeiras Livre
Coletivo Palmeiras Antifascista

Источник: https://altamiroborges.blogspot.com/2018/09/felipe-melo-e-as-torcidas-organizadas.html