Por Altamiro Borges

O “humorista” Leo Lins, que é paparicado pelas hordas bolsonaristas e por setores da mídia hegemônica, voltou a vomitar monstruosidades e espalhar ódio. No show “Enterrado vivo”, exibido no Teatro Gazeta, na capital paulista, ele zombou cruelmente do câncer de Preta Gil. Essa foi a primeira exibição do “comediante”, que se projetou no programa de Danilo Gentili no SBT, após ele ser condenado a oito anos e três meses de prisão por piadas preconceituosas.

Segundo nota do jornal O Globo, Leo Lins lembrou para uma plateia de 700 pessoas quando a cantora o processou por chamá-la de “porca” numa emissora de televisão. “A Preta Gil veio me processar devido a uma piada de anos atrás. Três meses depois que chegou o processo, ela apareceu com câncer. Bom, parece que Deus tem um favorito. Acho que ele gostou da piada. E pelo menos ela vai emagrecer”, obrou o desqualificado.

"Falando absurdos e cometendo crimes"

A “piada” gerou indignação nas redes digitais. A atriz Alice Wegmann, que integra o elenco da novela Vale Tudo da TV Globo, desabafou: “Esse monstro ainda está falando absurdos e cometendo crimes por aí?”. Já o ator e ex-deputado Alexandre Frota, que rompeu com o bolsonarismo, postou: “Eu me calei diante da sua condenação, mas falar da doença da Preta Gil é inaceitável. Talvez você desconheça a dor dos pais e das mães que têm seus filhos com essa doença e que milhares de crianças no Brasil e no mundo não chegarão à sua idade”.

No início de junho, quando foi condenado à prisão por suas monstruosidades em outro show sobre temas como abuso sexual, racismo e pedofilia, teve gente que saiu em sua defesa sob o mantra da “liberdade de expressão”. Na sequência, alguns até se arrependeram. Foi o caso do renomado dramaturgo Gerald Thomas, que pediu desculpas por relativizar os crimes de Leo Lins. “Eu errei e estou arrependido”, afirmou em vídeo postado no Instagram.

“Retirei os três posts que eu fiz em relação à liberdade de expressão de um humorista que, se eu tivesse prestado atenção ao conteúdo, jamais teria escrito o que escrevi... Ao analisar com profundidade, é realmente uma loucura o que ele faz. É horroroso e nojento... Não apoio o tipo de ‘piada’ que esse sujeito faz. Isso me causa repulsa. E lamento profundamente ter me precipitado sem saber de quem se tratava. Todos erram, e eu errei feio”.

Editorial da Folha e projeto de lei do PL

Outros que apoiaram o “humorista”, porém, seguem na sua defesa, mesmo após as “piadas” sobre o câncer de Preta Gil. É o caso da Folha, que publicou em 6 de junho um editorial com críticas a sua condenação pela Justiça paulista. “Mesmo que piadas de Leo Lins possam ser execráveis, a pena de oito anos de prisão que recebeu é típica de ditaduras”, afirmou o jornal que apoiou o golpe de 1964 e as prisões, torturas e mortes promovidas pelo regime militar.

No mesmo campo das ideias, o deputado bolsonarista Roberto Monteiro Pai (PL-RJ) propôs a criação da “Lei Leo Lins” para garantir total imunidade a humoristas e difusores de conteúdo “politicamente incorretos”. O projeto defende que nenhuma piada poderá ser censurada ou resultar em responsabilização penal. Um dos artigos prevê ainda a anulação dos processos movidos contra humoristas: “São declarados absolutamente nulos todos os procedimentos e processos, transitados em julgado ou não, cujo fato gerador seja manifestação humorística”.