Por Altamiro Borges
Na semana passada, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina acolheu recurso contra uma decisão que havia condenado o jornal Folha de S.Paulo e a jornalista Patrícia Campos Mello a pagarem uma indenização de R$ 100 mil ao ricaço Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan. Por unanimidade, a 5ª Câmara de Direto Civil do TJ-SC seguiu o voto do relator, desembargador Ricardo Fontes, contra o patético Véio da Havan.
O bolsonarista entrou com processo pedindo indenização de R$ 2 milhões por ter sido citado na matéria “Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp”, publicada em 18 de outubro de 2018. Como relembra o jornal, “a reportagem apontou que, na semana anterior ao segundo turno da eleição presidencial de 2018, os empresários haviam comprado disparos em massa de mensagens contra o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, que disputava contra Jair Bolsonaro, então no PSL. A Folha apurou, na ocasião, que entre os compradores dos disparos em massa estava a Havan”.
Empresário adora censurar a imprensa
Na decisão de primeira instância, proferida em dezembro de 2020, o juiz Gilberto Gomes de Oliveira, da Vara Cível da Comarca de Brusque (SC) – cidade da matriz da poderosa rede de lojas –, havia condenado o jornal e a repórter a pagarem indenização de R$ 100 mil ao empresário. Agora, ela é revertida. “O Tribunal de Justiça de Santa Catarina reafirmou, com esse julgamento, sua independência. Embora o acórdão ainda não tenha sido publicado, a decisão anunciada parece ser equilibrada”, festeja a advogada da Folha.
O bilionário bolsonarista, que sempre bravateia sobre liberdade de expressão, adora intimidar a imprensa. No “Monitor de Assédio Judicial contra Jornalistas no Brasil”, elaborado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), ele aparece como quem mais ajuíza ações de censura. De 2018 a 2022, o estudo identificou 53 processos apresentados pelo empresário contra a atividade jornalística, somando pouco mais de R$ 13 milhões em pedidos de danos morais.
O sumiço do notório bolsonarista
Com a derrota de Jair Bolsonaro – na tentativa de reeleição e nas ações golpistas –, Luciano Hang diminuiu sua sanha censória para sumir do noticiário. Antes metido a valentão, com seus trajes ridículos, ele agora está escondidinho. Uma notinha do site Metrópoles desta segunda-feira (8) revela toda a sua covardia:
“O ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Argentina, Javier Milei, foram as “estrelas” da edição brasileira da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), que ocorreu no fim de semana em Balneário Camboriú (SC). Uma ausência, porém, foi notada por lideranças políticas da direita brasileira que participaram do evento conservador: a do empresário bolsonarista Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, que é natural de Santa Catarina”.
“Usualmente ovacionado em eventos do bolsonarismo, Hang não foi à CPAC, mesmo com a conferência tendo sido realizada há poucos quilômetros de sua casa — o empresário mora em Brusque (SC), a cerca de 40 Km de Balneário Camboriú. Segundo bolsonaristas, Hang não foi ao evento porque estava viajando. Desde que Bolsonaro perdeu para Lula nas eleições de 2022, o empresário reconheceu a vitória do petista e tem tentado se distanciar do noticiário político”.
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