Por Jair de Souza
O sistema capitalista apresenta uma peculiaridade muito típica. Para que alguma de suas expoentes autoridades seja condenada judicialmente e sofra as devidas punições penais, é preciso que seus delitos sejam suficientemente insignificantes para não pôr em cheque nenhuma das estruturas de sustentação deste sistema de exploração social.
Aqui no Brasil, poderíamos citar o caso de um ex-juiz em grande medida responsável pela destruição da base industrial de nossa nação com vistas a favorecer os interesses do imperialismo gringo. Com sua nefasta atuação, esse ex-juiz provocou um aumento do desemprego que afetou milhões de trabalhadores, com o consequente alastramento da miséria. No entanto, o dito cujo só está agora sob ameaça de condenação porque caiu na besteira de proferir palavras insultantes a um dos integrantes de nossa Suprema Corte. Ou seja, nada em função dos inúmeros crimes que ele sabidamente praticou em prejuízo do conjunto do povo brasileiro.
Porém, para o consolo moral de muitos defensores de nossas classes dominantes, isto não é uma característica exclusiva de países da periferia do bloco capitalista. Também na Meca do capitalismo, ou seja, nos Estados Unidos, este costume tem se mostrado presente desde sempre. O caso da atual condenação do ex-presidente Donald Trump é mais uma amostra elucidativa da vigência por lá do assunto em pauta.
Acontece que o megamilionário que dirigia essa potência imperialista até poucos anos atrás acaba de ser condenado judicialmente por seu máximo tribunal. Mas, como corresponderia a um Estado onde o dinheiro é o Senhor, Trump não foi sentenciado por nenhum de seus muitos crimes que tantas desgraças acarretaram para a humanidade como um todo, inclusive para o próprio povo estadunidense. Nada disso! Na verdade, sua condenação se deve a um affair sexual extraconjugal mantido com uma atriz pornográfica com anterioridade a sua chegada à presidência dos Estados Unidos.
Vamos recordar também que o ex-presidente Bill Clinton esteve a ponto de sofrer um impeachment por ter feito sexo com uma estagiária da Casa Branca, e não em razão das milhões de mortes que suas decisões intervencionistas e guerreiristas ocasionaram em vários países ao redor do mundo. Em outras palavras, na hipocrisia prevalecente nos Estados Unidos e na maioria dos sistemas jurídicos dos demais países capitalistas, só crimes banais e por questões de pseudomoralidade podem chegar a ameaçar de condenação a suas mais expressivas autoridades. A vida e o sofrimento das massas populares não parecem se constituir em motivos suficientemente fortes para justificar nenhuma medida judicial contra aqueles que os causam.
No vídeo deste enlace (https://youtu.be/e-AjyGWc8SQ), o recente caso envolvendo Donald Trump está sendo abordado. Considero muito válido dedicar atenção a seu conteúdo e fazer as necessárias reflexões a respeito.
Um documentário que aborda a hipocrisia típica do sistema jurídico vigente nos Estados Unidos, onde os grandes criminosos do establishment político só costumam sofrer punições por delitos vinculados a questões que não afetam em nada as estruturas de exploração existentes.
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