Por Jair de Souza
A cada dia que passa, os sionistas israelenses vão dando veracidade àquele velho ditado popular que diz: “Não há nada tão ruim que não possa ser piorado”. É que, em sua ingenuidade, a maioria da humanidade chegou a acreditar que os horrores do nazismo demarcavam o ponto máximo insuperável a ser atingido pela maldade e perversidade humanas.
Porém, com seu diabólico ataque de ontem à população civil indefesa em um campo de refugiados em Gaza, o sionismo israelense provou que já não fica nada a dever em termos de covardia e crueldade ao nazismo. Pois, tão somente seres plenamente imbuídos desse espírito hitlerista seriam capazes de praticar os crimes que foram cometidos no dia de ontem.
Que grandes diferenças podem ser apontadas entre a execução em massa em câmara de gás realizada pelos nazistas de detidos em seus campos de concentração com o lançamento de bombas sobre campos de refugiados palestinos para incinerar suas vítimas? Por mais que se busque encontrar peculiaridades culturais e históricas que diferenciem as duas situações, a verdade é que, em essência, a insensibilidade com a dor alheia prevalece igualmente nos dois casos. A dor dos palestinos incinerados enquanto ainda vivos pelas forças do sionismo israelense não pode ser considerada menor e menos intensa do que aquela sofrida por comunistas, ciganos, judeus, etc., nas câmaras da morte do nazismo.
No entanto, há de fato um ponto no qual se pode observar uma diferença brutal em relação ao sionismo e o nazismo: o tratamento dedicado a essas duas ideologias e aos países que as encabeçam pelas autoridades e a grande mídia dos principais países do mundo. Enquanto que, fora da Alemanha e dos demais países do Eixo, o nazismo era fortemente rechaçado pela maioria dos governos ocidentais, assim como por quase todos seus meios de comunicação, agora, tanto o governo estadunidense como os europeus estão sendo cúmplices ou condescendentes com a atuação da máquina da morte dos sionistas do Estado de Israel.
As motivações que explicam as razões que levaram os dirigentes de vários países capitalistas a se oporem ao nazismo hitlerista têm muito mais a ver com suas disputas por espaços de poder em nível geopolítico do que com quaisquer pruridos de cunho humanitário. O que lhes incomodava da Alemanha nazista não era a maneira desumana como as pessoas de outras raças eram discriminadas, maltratadas ou eliminadas, e sim seu avanço sobre áreas e pontos de interesse vital para as classes dominantes dos países capitalistas competidores. Era fundamentalmente uma disputa pelo tal “Lebensraum”.
Contudo, no que diz respeito a esse “Lebensraum”, há uma enorme confluência de interesses entre as potências imperialistas, capitaneadas pelos Estados Unidos, e os sionistas que controlam o Estado de Israel. Em outras palavras, o Estado de Israel não disputa com os demais países do campo imperialista nenhum espaço vital para sua expansão, senão que, pelo contrário, há uma perfeita simbiose entre eles quanto a isto. Assim, o avanço e expansão do sionista Estado de Israel sobre os estados e populações do Oriente Médio vai em total confluência com as expectativas dos Estados Unidos e as outras potências coadjuvantes do campo imperialista.
O avanço dos sionistas sobre o povo palestino, por exemplo, em lugar de afetar os interesses das classes dominantes ocidentais, serve para fortalecer suas posições nos embates contra as forças que lhes são adversas, como a China e a Rússia, por exemplo. Devido a esta congruência de expectativas, nem as autoridades das grandes nações capitalistas ocidentais nem seus grandes meios de comunicação se dispõem a denunciar os monstruosos crimes que os sionistas israelenses estão cometendo contra a população civil de um povo inteiramente desarmado e indefeso.
Por isso, a salvação do povo palestino de um horrendo extermínio por massacre depende cada vez mais do apoio e da solidariedade de todos os povos do mundo, incluindo, obviamente, o povo estadunidense e os europeus. E os judeus humanistas desempenham um papel de máxima relevância nesta luta, pois eles dão mais força ao desmascaramento da podridão moral do sionismo. O sionismo é colonialista, racista e supremacista. O sionismo é uma das ideologias mais nefastas existentes. Mas, para que não sejam vistos e sentidos como o que realmente são, os sionistas se esmeram em se amparar em uma falsa identificação entre sionismo e judaísmo.
Os judeus humanistas nos ajudam a deixar bem claro que ser judeu e ser sionista não quer dizer a mesma coisa. O sionismo é uma ideologia da classe dominante, do pior que existe entre os capitalistas. Já o judaísmo é uma identificação cultural, ou étnica, como várias outras, que alberga gente de todo tipo. Se bem é verdade que existem furibundos judeus sionistas, também é certo que os maiores lutadores contra os malefícios do sionismo são pessoas de origem judaica.
Lutar contra a continuidade do massacre sionista contra o povo palestino é um dos maiores deveres morais de todos os humanistas da atualidade. Ser condescendente com o massacre impiedoso que os sionistas israelenses estão realizando contra o povo palestino equivale à postura daqueles que foram tolerantes e simpáticos com as práticas do regime hitlerista alemão em seu momento histórico.
Blog do Miro
Novidades
- ‘Ainda estou aqui’ dribla boicote bolsonarista
- A estranha harmonização facial de Nunes
- Golpismo, Bolsonaro e o papel dos militares
- PF põe Bolsonaro no centro do alvo
- Moraes manda inquérito do golpe para a PGR
- Extrema direita vai abandonar Bolsonaro?
- Questões correntes sobre a ação golpista
- Banditismo militar e recuo republicano
- O CNPJ do golpe é o das Forças Armadas
- A Europa prepara-se para a guerra.