Por Bepe Damasco, em seu blog:
Não faz tanto tempo a imprensa comercial ignorava solenemente deputados e senadores que não tinham nada a dizer, a não ser sandices e declarações marcadas pelo racismo, a misoginia, a homofobia, pela violência e por ataques aos valores democráticos e aos direitos humanos.
Figuras deploráveis e de baixa extração como Bolsonaro, fora um outro discurso de ódio que viravam notícia, ficavam no anonimato durante grande parte de seus mandatos. O que mais se sabia a respeito de Bolsonaro é que se tratava de um fanático caricato que lutava pelos salários dos militares.
O episódio explícito de delinquência que foi o sequestro da Câmara e do Senado por arruaceiros da extrema direita não teria ocorrido não fosse a certeza de que eles agora são as estrela do noticiário, que são levados a sério, que aparecem no Jornal Nacional, marcam presença ao vivo na GloboNews e ocupam manchetes dos jornalões.
A mídia comercial trata essa escória como se ela defendesse pautas democráticas, como se no jogo legítimo da disputa pelo poder tivesse vez para inimigos da democracia.
Durante as mais de 40 horas de motim nas duas casas legislativas, ganharam amplo protagonismo midiático várias aberrações políticas que formam as bancadas bolsonaristas no Congresso Nacional.
Será que é demais cobrar que editores e diretores dos veículos de comunicação tenham um mínimo de noção da ameaça que o fortalecimento político da indigência fascista representa para a liberdade de imprensa e de expressão?
Ignoram que na sociedade dos sonhos dos que ocuparam na marra as mesas da Câmara e do Senado não há imprensa livre?
O fato é o fato e precisa se noticiado. Isso é bem diferente do espaço privilegiado e absolutamente exagerado dado pela mídia às lideranças dos insurgentes que queriam reeditar um 8 de janeiro de 2023, desta vez sabotando os trabalhos do Legislativo.
Inaceitável também foi a naturalidade com que repórteres, âncoras e comentaristas abordaram as exigências dos amotinados, com destaque para a anistia ampla, geral e irrestrita e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, ou seja, uma afronta à independência e autonomia dos poderes da República.
Mas, a falta de espírito público e compromisso com o Brasil são tamanhos que os barões da mídia acham que vale a pena explorar sem senso crítico esses episódios porque, por tabela, contribuem para desgastar o governo do PT, na medida em que cria um clima de instabilidade institucional.
Aliás, a demissão da melhor profissional da GloboNews, Daniela Lima, visa claramente o fechamento das portas para as visões mais independentes e críticas. O negócio é azeitar a máquina da Globo para seu projeto maior, que é tentar derrotar Lula, em 2026.
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