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| Charge: Nando Motta/247 |
Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (13) mostrou que a maioria dos brasileiros é contra a concessão de anistia para Jair Bolsonaro, o chefão da Orcrim (organização criminosa) que tramou um golpe no Brasil. Segundo a sondagem, 54% rejeitam o projeto que está sendo costurado nos bastidores da Câmara dos Deputados para livrar o ex-presidente da pena de 27 anos e três meses de cadeia. No outro extremo, contaminado pelas mentiras difundidas no esgoto digital e em alguns templos, 39% são favoráveis à concessão do perdão – 4% não souberam opinar e 2% se disseram indiferentes.
A anistia tem mais força nas regiões Sul (46% a favor e 44% contra) e Norte/Centro Oeste (48% a 45%). Na região Sudeste, a mais populosa do país, a proporção praticamente reproduz o quadro nacional (56% contrários a 39% favoráveis). Já no Nordeste, a ampla maioria é contra o perdão ao criminoso – 63% a 31%. Entre os que declaram ter votado em Lula em 2022, apenas 16% apoiam o projeto urdido no parlamento. E mesmo entre os eleitores de Jair Bolsonaro, há 26% contrários.
A pesquisa também apontou que 61% dos entrevistados são contrários a qualquer tipo de anistia a todos os condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – dos “patriotários” que participaram dos atos terroristas do 8 de janeiro de 2023 até os generais que organizaram a trama golpista. A sondagem do Datafolha mostrou ainda que 50% dos brasileiros são favoráveis a prisão imediata do “capetão” Jair Bolsonaro – 43% são contrários por diversos motivos.
Dois projetos urdidos no parlamento
Apesar da sondagem, que confirma o apoio ao resultado histórico do julgamento no STF, a cloaca bolsonarista segue na ofensiva para anular a decisão no Congresso Nacional. Há dois projetos em discussão – um da “anistia ampla, geral e irrestrita”, que objetiva evitar a prisão e garantir a elegibilidade de Jair Bolsonaro; e outro mais restrito, que visa suavizar as penas dos vândalos do 8 de janeiro. O primeiro é urdido pela tropa de choque do bolsonarismo; já o segundo conta com o apoio dos líderes do Centrão, que tenta ficar com o espólio eleitoral de Jair Bolsonaro, mas sem anistiá-lo. Ambos representam um novo golpe contra a democracia e precisam ser rejeitados.
Nesta segunda-feira (15), Mônica Bergamo especulou na Folha que “lideranças do Centrão estão costurando um acordo com o STF para colocar em votação a proposta de urgência para o projeto de anistia e a PEC da blindagem. O governo Lula participa dos diálogos... A proposta é que líderes do Centrão que são contrários à aprovação de uma anistia ampla, que inclua Bolsonaro, se somem à base do governo para derrotar a proposta de que ela seja votada em regime de urgência. Assim, o projeto do líder do PL, Sóstenes Cavalcante, ficaria sem prazo para retornar à pauta”.
Ainda segundo a jornalista, o acordão viabilizaria a votação do projeto para diminuir as penas dos “peixes pequenos” da tentativa de golpe, mantendo as penas para os mentores. "Caberia ao STF, com a aprovação da nova lei, rever os regimes de prisão de cada um dos que ainda estão detidos. Como contrapartida à derrota da anistia, a PEC da blindagem poderia avançar na Câmara sem ferrenha oposição do STF e da base do governo”, explica Mônica Bergamo. Se esse conchavo vingar e o acordão for aprovado, mais uma vez o golpismo será agraciado no Brasil.
