Pois na mesma semana em que Tarcísio foi considerado “vencedor”, colegas de Zanin, da área de esportes, comentavam a condenação do jogador Bruno Henrique, do Flamengo, por ter tentado enganar um árbitro e assim favorecer apostas de amigos em jogos nas TEDS.

Bruno Henrique pegou seis meses de suspensão e vai pagar R$ 60 mil de multa, por ter forçado o recebimento de cartão amarelo para beneficiar apostadores em 2023, em jogo contra o Santos, no Mané Garrincha, pelo Brasileirão.

É pouco, disseram muitos colegas de Zanin. Foi uma decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Mas o jogador ainda enfrentará um processo na área criminal.

Ninguém imagina que cartolas com poder político possam se erguer em defesa do jogador, para sabotar a decisão da justiça desportiva e pedir anistia para o sujeito.

Ninguém imagina que, se isso acontecesse, uma figura de destaque do futebol, defensora da anistia para Bruno Henrique, pudesse ser exaltada como personagem da semana.

Ninguém imagina que um líder político possa, em situação semelhante, mobilizar os seus para tentar livrar da condenação e da cadeia um grande traficante alcançado pela justiça criminal. E que esse político possa ser exaltado como destaque por ter defendido um bandido e afrontado um magistrado.

Mas o jornalismo brasileiro das corporações normaliza o fascismo e acha que defensores de golpistas podem se habilitar a ser destaque da semana por pedir anistia para criminosos. Na semana em que os criminosos são julgados.

Fábio Zanin faz a avaliação da performance política de Tarcísio, como se essa estivesse desligada de todo o resto. E o resto é apenas o julgamento histórico dos golpistas. Apenas isso.

O jornalista da Folha transforma a ação de Tarcísio em fato político acima de quaisquer outras questões, como se não envolvesse desrespeito à Constituição, à democracia, às leis e às instituições.

No domingo, na Paulista, Tarcísio disse, em cima do caminhão de Malafaia:

“Não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro. Chega. Não vamos aceitar que nenhum ditador diga o que temos que fazer. Ninguém aguenta mais tirania de um ministro como Moraes”.

Zanin exaltou o sujeito que afronta o juiz condutor do processo contra as facções da extrema direita. O defensor da anistia para os criminosos golpistas é, para um dos principais colunistas da Folha, o destaque da semana.

E assim o jornalismo das corporações vai se rendendo aos pontos de vista da extrema direita. Não por desinformação, nem por adesão ideológica, muito menos por ignorância. Mas por medo mesmo, por subserviência e covardia.