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Charge: Aroeira/247 |
A Justiça de São Paulo rejeitou nessa semana o pedido do ex-deputado estadual Arthur do Val, vulgo Mamãe Falei, para anular a cassação do seu mandato. Um dos principais líderes do grupelho fascistoide Movimento Brasil Livre (MBL), ele foi cassado em maio de 2022 depois do vazamento de áudios com comentários misóginos feitos após viagem à Ucrânia realizada sob o falso pretexto de ajudar refugiados que estavam deixando o país em decorrência da guerra contra a Rússia.
No pedido enviado à Justiça, o ex-deputado alegou que estava licenciado do cargo por ocasião da viagem, não estando no exercício das suas funções parlamentares. “No momento em que o áudio foi gravado, ele estava em atividades eminentemente privadas. Não era uma missão oficial ou diplomática”, afirmou no maior cinismo sua defesa. A desculpa, porém, não convenceu os juízes do Tribunal de Justiça de São Paulo. “Não houve nenhuma irregularidade ou inconstitucionalidade no processo administrativo disciplinar”, afirmou o desembargador Antonio Aguilar Cortez, relator do processo.
"São fáceis porque são pobres"
Em 17 de maio de 2022, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) decidiu, por unanimidade, cassar o mandato do chefão do MBL, que na época integrava o União Brasil. Ele também ficou inelegível por oito anos pela Lei da Ficha Limpa. Conformou registrou a Folha na ocasião, “foram 73 votos a favor da cassação proposta pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Alesp – e nenhum contra. O colegiado abriu processo disciplinar contra Arthur do Val devido aos áudios nos quais ele diz, entre outras coisas, que as mulheres ucranianas ‘são fáceis porque são pobres’”.
Em outro trecho, o machista se jacta para seus amiguinhos do MBL: “Só vou falar uma coisa para vocês: acabei de cruzar a fronteira a pé aqui, da Ucrânia com a Eslováquia. Eu juro, nunca na minha vida vi nada parecido em termos de ‘mina’ bonita. A fila das refugiadas. Imagina uma fila, sei lá, de 200 metros, só deusa. Sem noção, inacreditável, fora de série. Se pegar a fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila de refugiados aqui”.
Todo metido a valentão, o fascistinha até tentou escapar da cassação após a decisão do Conselho de Ética. Ele renunciou ao mandato, numa estratégia já bem manjada para manter os seus direitos políticos. A manobra, entretanto, não deu certo. A Lei da Ficha Limpa prevê que ficam inelegíveis membros das Assembleias Legislativas “que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência”.