Os efeitos horripilantes do temporal extremo em Porto Alegre e em vários municípios do Rio Grande do Sul poderiam ter sido evitados se o governo do Estado e a Prefeitura de Porto Alegre tivessem agido preventivamente no tempo certo e com medidas corretas.
Mas o governador Eduardo Leite e o prefeito Sebastião Melo não agiram para prevenir catástrofes e proteger a população.
Na realidade, eles agiram no sentindo oposto: sucatearam as estruturas de proteção e de defesa civil, dizimaram a inteligência técnico-ambiental pública, destruíram e privatizaram serviços públicos e desfiguraram a legislação ambiental do Rio Grande do Sul e da capital gaúcha para liberar geral a devastação da natureza por grupos privados.
Com maiorias legislativas conservadoras e de extrema-direita na Câmara de Vereadores e na Assembleia Legislativa, promoveram retrocessos graves, como a flexibilização das regras ambientais para a construção de barragens em áreas de proteção permanente, além de outras sandices do gênero.
Melo e Leite desprezaram reiterados alertas de especialistas, pesquisadores e cientistas. Nunca levaram em consideração os modelos científicos que prenunciavam a tempestade extrema que finalmente abateu a região.
É ainda pior: mesmo depois da tragédia de setembro de 2023, Melo e Leite não fizeram absolutamente nada para prevenir os acontecimentos atuais, que foram previstos por profissionais de instituições destacadas, como a UFRGS, os órgãos ambientais do Município e do Estado e institutos de meteorologia.
Tanto o governador como o prefeito agiram dolosamente e, por isso, assumiram o risco das más escolhas feitas.
A prefeitura não investiu um único centavo em 2023 na prevenção contra enchentes, apesar de ter dinheiro em caixa, e sucateou o Departamento Municipal de Águas e Esgoto, para justificar sua privatização.
O governo estadual reduziu as verbas de defesa civil a ridículos R$ 50 mil em 2024, mesmo depois de receber de comissão da Assembleia relatório com recomendação de medidas de prevenção de tragédias climáticas.
Uma coisa, portanto, é certa: a culpa por esta catástrofe humana e ambiental não é da natureza ou de deus, mas dos governantes incompetentes e inescrupulosos que abandonam a ciência e atuam como despachantes de interesses de grupos privados.
A responsabilidade administrativa e criminal de Melo e Leite pelos efeitos terríveis da catástrofe é indiscutível.
Não deixa de ser provocativo e ofensivo, portanto, que eles continuem à frente das ações emergenciais, porque são responsáveis e culpados diretos pelo ocorrido.
Melo e Leite fazem parte do problema, não da solução.
Em países sérios, governantes causadores de tamanhos males, danos, mortes e prejuízos à sociedade seriam imediatamente afastados das funções e responderiam pelos seus atos nas esferas cível, administrativa e criminal.
Tem alguma razão certa mídia hegemônica, que para safar Melo e Leite advoga que é preciso evitar a politização do assunto. De fato este não é um problema político, é uma questão policial e judicial.
O povo gaúcho não merecia e tampouco precisava passar por tamanha dor, perda, destruição e sofrimento.