Por Marcelo Zero, no site Viomundo:
Finalmente, parece que chegaremos a um cessar-fogo no grande inferno em que se tornou Gaza.
A pressão internacional e estadunidense sobre o governo de extrema-direita de Netanyahu parece estar surtindo algum efeito.
Até mesmo países da Europa, que antes apoiavam incondicionalmente o massacre que a extrema-direita israelense promove em Gaza, agora passaram a reconhecer o Estado palestino e demandam o fim daquilo que a Corte Internacional de Justiça e o Tribunal Penal Internacional caracterizam como genocídio.
Entretanto, o empenho louvável pela paz em Gaza deveria se estender também à Ucrânia.
A Europa, em especial, tem de abandonar sua postura belicista e sua paranoia russofóbica, e apoiar um processo de paz que crie um equilíbrio geopolítico na Eurásia.
Por óbvio, a Rússia não tem intenção e nem condições de “invadir” ou “dominar” “territórios europeus”. Sequer tem condições de fazer uma guerra de ocupação na Ucrânia.
Seus objetivos são bem mais modestos e defensivos: controlar as áreas russófonas, proteger essas populações, e assegurar a neutralidade da Ucrânia, uma demanda de décadas.
Manter essa guerra sem sentido é impor um sacrifício inútil aos ucranianos, em nome de uma geoestratégia belicista concebida pelos neocons estadunidenses, na década de 90 do século passado.
O fato é que maioria dos ucranianos, agora, é a favor de encerrar a guerra com a Rússia por meio de negociações, já que o apoio à luta até a vitória caiu drasticamente, desde os primeiros dias do conflito.
No início do conflito, segundo o Instituto Gallup, 73% dos ucranianos queriam que a guerra continuasse até a “vitória final” da Ucrânia. Apenas 22% queriam que se negociasse uma paz rápida.
Agora, em pesquisa feita há cerca de 2 meses, a situação se inverteu totalmente.
Quase 70% dos ucranianos (69%) querem a paz o mais rapidamente possível. Somente 24% continuam a apoiar o esforço de guerra.
Todos os aspectos e fatores do Estado e da sociedade ucranianos — a economia, a opinião pública, as próprias forças armadas - exibem sinais claros e inequívocos de esgotamento crescente.
A mobilização militar, por exemplo, estagnou. Há muitas brigadas subdimensionadas e a deserção nas fileiras é um problema crescente. O incremento do recurso a mercenários, inclusive brasileiros, não resolve a questão.
Segundo a Associated Press, “unidades inteiras estão abandonando seus postos, deixando as linhas defensivas vulneráveis e acelerando as perdas territoriais”. Desde o início do conflito, teriam ocorrido mais de cem mil deserções.
E há uma grande dificuldade para se repor as grandes baixas.
Existe também intensa preocupação, nos círculos de defesa em Kiev, quanto a um colapso ou mesmo a uma desintegração das forças armadas ucranianas, com implicações drásticas para a segurança do país a longo prazo.
Qualquer analista sério sabe, há tempos, que a Ucrânia não tem condições de ganhar essa guerra.
Tal guerra precisa terminar logo. A Europa, em especial, precisa parar de incentivar a Ucrânia a persistir no conflito.
Ao contrário do conflito em Gaza, o conflito da Ucrânia tem potencial para se internacionalizar e, pior ainda, se nuclearizar. É uma guerra, portanto, que representa um perigo potencial, porém concreto, para todo o mundo.
Quanto mais dure, maior a probabilidade de um descontrole de consequências imprevisíveis.
As provocações recentes sobre supostas penetrações em espaços aéreos de outros países podem conduzir a um incidente de “falsa bandeira”, o qual intensificaria e expandiria um conflito potencialmente mundial.
Os ucranianos, cuja economia é a mais pobre da Europa e que teve uma queda de 35% do seu PIB, em 2022, não aguentam mais a guerra.
Só a Europa insiste em um sacrifício inútil, que impede o desenvolvimento de um país que tem muito potencial de crescimento. A perspectiva de uma guerra de atrito interminável, na qual a Ucrânia continuaria a “sangrar” inutilmente, seria um desastre para todos.
Em vez de investir em guerra, os europeus deveriam investir em paz e em um desenvolvimento social e ambientalmente sustentável na Ucrânia.
O Sul Global e o Brasil esperam que esse seja o desfecho de um conflito do qual todos estão cansados.
Como já se disse, a pior paz é preferível à “melhor” guerra.
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