Ir al contenido

Blog do Miro

Regresar a Blog
Full screen Sugerir un artículo

Por onde anda o designer gráfico da Globo?

septiembre 15, 2025 21:07 , por Altamiro Borges - | No one following this article yet.
Viewed 21 times
Por Oscar de Barros, no site Pensar Piauí:

As imagens falam tanto quanto as palavras. Em duas edições distintas do Jornal Nacional, apresentadas por William Bonner, a forma como a TV Globo enquadrou a cobertura política revela nuances importantes do discurso midiático. Quando o assunto era a Operação Lava Jato e a suposta ligação de Lula com esquemas de corrupção, o fundo de tela trazia canos enferrujados jorrando notas de dinheiro, uma metáfora visual de sujeira, desvio e degradação. Já na cobertura da condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal, a imagem projetada atrás do apresentador foi um cenário azul sereno, de linhas arquitetônicas limpas, remetendo a sobriedade e institucionalidade.

A diferença não é trivial. Ao associar Lula à ferrugem e ao esgoto, a emissora reforçava a ideia de degradação moral, de um país apodrecido pela corrupção. No caso de Bolsonaro, mesmo condenado pela mais alta corte do país, a escolha do cenário passou a mensagem de estabilidade, quase de normalidade democrática. Trata-se de um recurso estético que, ainda que sutil, molda a percepção do espectador sobre os personagens políticos em questão.

Não é de hoje que a cobertura da Globo sobre Lula é marcada pela má vontade. Desde os anos 1980, quando o ex-torneiro mecânico emergiu como liderança sindical no ABC paulista, a emissora tratou de enquadrá-lo como agitador radical e ameaça à “ordem social”. Durante a campanha presidencial de 1989, o episódio do debate editado entre Lula e Fernando Collor, exibido no Jornal Nacional às vésperas do segundo turno, é apontado por pesquisadores de mídia como um dos exemplos mais flagrantes da interferência editorial da emissora em favor do candidato das elites.

Nos governos petistas, a Lava Jato encontrou na Globo seu principal palanque midiático. O Jornal Nacional abriu edições inteiras com delações, conduções coercitivas e imagens de Lula sendo levado pela Polícia Federal, mesmo quando não havia denúncia formal ou provas consolidadas. O tratamento dado ao petista foi sempre o da suspeição antecipada, com linguagem carregada e metáforas visuais negativas.

Já em relação a Bolsonaro, mesmo diante de escândalos de proporções graves — da gestão da pandemia à condenação pela trama golpista -, a emissora tem recorrido a tons mais neutros, imagens mais institucionais e um vocabulário distante da criminalização prévia. Ainda que crítica em certos momentos, a Globo se esforça por enquadrar Bolsonaro dentro da narrativa da disputa política tradicional, sem associá-lo a símbolos de degradação ou sujeira.

Essas escolhas, aparentemente sutis, constroem realidades distintas na mente do público. A ferrugem contra o azul sereno. A degradação contra a institucionalidade. No jornalismo, a imparcialidade também se mede pelos detalhes - e nos detalhes a Globo tem mostrado, ao longo de décadas, sua predisposição em desfavorecer Lula.

Origen: https://altamiroborges.blogspot.com/2025/09/por-onde-anda-o-designer-grafico-da.html