Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio Kotscho:
Com apenas 10% da frota de ônibus em circulação, linhas de trens e metrô superlotados, e mais 75 ônibus depredados, a população do Rio enfrentou outra manhã de caos nesta quarta-feira, a exatos 30 dias da abertura oficial da Copa do Mundo no Brasil.
Para quinta-feira, já estão programadas manifestações de protesto em todo o país e até no exterior, organizados pelos "Comitês Populares da Copa", que anunciam um "Dia Internacional de Lutas" com convites em inglês, espanhol, italiano e francês.
As greves se alastram não só pelo Rio mas em diferentes pontos do país, atingindo até os funcionários dos museus mantidos pelo Ministério da Cultura, que fazem parte da programação turística dos visitantes estrangeiros. Em São Paulo, além do protesto marcado para este dia na avenida Paulista, haverá passeatas dos sem-teto e estão previstas greves no transporte público.
Como vem sendo fartamente divulgado pela grande mídia e por redes sociais nos últimos meses, trata-se de um movimento muito bem organizado para criar um clima de guerra no país às vésperas e durante a Copa. Já tem muita gente com medo até de sair de casa nestes dias. O objetivo foi alcançado. O planejamento que faltou na Copa foi eficiente nos protestos.
O clima é o oposto daquele vivido nas ruas do país em festa quando foi anunciado, em 2007, que o Brasil sediaria a competição. Esqueceram-se que a Copa do Mundo sempre coincide com eleições presidenciais no Brasil. O atraso nas obras faraônicas prometidas à Fifa, torrando um caminhão de dinheiro público, e as denúncias de superfaturamento, acabaram servindo como combustível para as manifestações de protesto, que começaram em junho do ano passado, chegam esta semana ao ápice e não devem parar antes do dia das eleições.
Pouco importa a esta altura se o Brasil vai ganhar ou perder dentro de campo. Do lado de fora dos estádios, os governos, em diferentes níveis, e o país como um todo, já foram derrotados, com a ampla divulgação mundo afora das nossas mazelas, amplificadas pelas imagens de uma explosão de violência sem limites e sem prazo para acabar.
Os prejuízos causados por esta guerra sem quartel e sem líderes visíveis já estão sendo calculados. Os donos de shopping centers, por exemplo, estão calculando uma queda de 62% nas vendas durante a Copa, segundo pesquisa feita pelo Ibope Inteligência, mas o pior ainda está por acontecer.
Das 167 obras anunciadas, apenas 68 estão prontas, de acordo com levantamento feito pela "Folha". Outras 88 não serão entregues a tempo e 11 foram abandonadas, o que vai dificultar principalmente o acesso aos estádios, ou seja, a decantada mobilidade urbana, reivindicação que está na raiz da maioria dos protestos. Em muitas cidades, a situação não só não melhorou, como as obras inacabadas tornaram ainda mais caótico o trânsito, a exemplo de Cuiabá e Rio de Janeiro. O próprio governo federal admite que haverá problemas também nos aeroportos e nos serviços de telecomunicação dos estádios.
Diante deste quadro assustador apresentado diariamente pela imprensa, fica difícil ser otimista e se preparar para a grande festa que costuma acontecer nos períodos de Copa do Mundo. Uma rara exceção neste deserto é o meu amigo Nizan Guanaes, que não perde as esperanças. Na mesma edição da "Folha" de hoje, que prevê o pior, sob o título "Enchendo a bola do Brasil", o publicitário chega a fazer um apelo, depois de reconhecer todas as dificuldades que enfrentamos neste momento:
"Mas não faz sentido achar que festa de aniversário é hora adequada para mamãe e papai discutirem a relação, brigarem diante dos convidados". Também acho, mas vai convencer disso os black blocs e todos os celerados que já se preparam para atacar, só esperando uma voz de comando. Para eles, o Brasil que se dane. Quanto pior, melhor.
Com apenas 10% da frota de ônibus em circulação, linhas de trens e metrô superlotados, e mais 75 ônibus depredados, a população do Rio enfrentou outra manhã de caos nesta quarta-feira, a exatos 30 dias da abertura oficial da Copa do Mundo no Brasil.
Para quinta-feira, já estão programadas manifestações de protesto em todo o país e até no exterior, organizados pelos "Comitês Populares da Copa", que anunciam um "Dia Internacional de Lutas" com convites em inglês, espanhol, italiano e francês.
As greves se alastram não só pelo Rio mas em diferentes pontos do país, atingindo até os funcionários dos museus mantidos pelo Ministério da Cultura, que fazem parte da programação turística dos visitantes estrangeiros. Em São Paulo, além do protesto marcado para este dia na avenida Paulista, haverá passeatas dos sem-teto e estão previstas greves no transporte público.
Como vem sendo fartamente divulgado pela grande mídia e por redes sociais nos últimos meses, trata-se de um movimento muito bem organizado para criar um clima de guerra no país às vésperas e durante a Copa. Já tem muita gente com medo até de sair de casa nestes dias. O objetivo foi alcançado. O planejamento que faltou na Copa foi eficiente nos protestos.
O clima é o oposto daquele vivido nas ruas do país em festa quando foi anunciado, em 2007, que o Brasil sediaria a competição. Esqueceram-se que a Copa do Mundo sempre coincide com eleições presidenciais no Brasil. O atraso nas obras faraônicas prometidas à Fifa, torrando um caminhão de dinheiro público, e as denúncias de superfaturamento, acabaram servindo como combustível para as manifestações de protesto, que começaram em junho do ano passado, chegam esta semana ao ápice e não devem parar antes do dia das eleições.
Pouco importa a esta altura se o Brasil vai ganhar ou perder dentro de campo. Do lado de fora dos estádios, os governos, em diferentes níveis, e o país como um todo, já foram derrotados, com a ampla divulgação mundo afora das nossas mazelas, amplificadas pelas imagens de uma explosão de violência sem limites e sem prazo para acabar.
Os prejuízos causados por esta guerra sem quartel e sem líderes visíveis já estão sendo calculados. Os donos de shopping centers, por exemplo, estão calculando uma queda de 62% nas vendas durante a Copa, segundo pesquisa feita pelo Ibope Inteligência, mas o pior ainda está por acontecer.
Das 167 obras anunciadas, apenas 68 estão prontas, de acordo com levantamento feito pela "Folha". Outras 88 não serão entregues a tempo e 11 foram abandonadas, o que vai dificultar principalmente o acesso aos estádios, ou seja, a decantada mobilidade urbana, reivindicação que está na raiz da maioria dos protestos. Em muitas cidades, a situação não só não melhorou, como as obras inacabadas tornaram ainda mais caótico o trânsito, a exemplo de Cuiabá e Rio de Janeiro. O próprio governo federal admite que haverá problemas também nos aeroportos e nos serviços de telecomunicação dos estádios.
Diante deste quadro assustador apresentado diariamente pela imprensa, fica difícil ser otimista e se preparar para a grande festa que costuma acontecer nos períodos de Copa do Mundo. Uma rara exceção neste deserto é o meu amigo Nizan Guanaes, que não perde as esperanças. Na mesma edição da "Folha" de hoje, que prevê o pior, sob o título "Enchendo a bola do Brasil", o publicitário chega a fazer um apelo, depois de reconhecer todas as dificuldades que enfrentamos neste momento:
"Mas não faz sentido achar que festa de aniversário é hora adequada para mamãe e papai discutirem a relação, brigarem diante dos convidados". Também acho, mas vai convencer disso os black blocs e todos os celerados que já se preparam para atacar, só esperando uma voz de comando. Para eles, o Brasil que se dane. Quanto pior, melhor.
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