Por Altamiro Borges

Nesta terça-feira (20), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) tornou réus 10 integrantes do chamado “núcleo 3” da trama golpista para manter o fascista Jair Bolsonaro no poder após sua derrota na eleição de 2022. Com este julgamento, 31 dos 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) já viraram réus nesse inquérito – dois tiveram as denúncias rejeitadas pelo STF. Agora só falta analisar o “núcleo 5” do golpe, que é composto por apenas um criminoso – fugitivo Paulo Figueiredo, ex-comentarista da rádio Jovem Pan e neto do último presidente da ditadura militar, o sanguinário general João Batista Figueiredo.

A data do julgamento do neto do ditador e ex-capanga da “Jovem Klan” ainda não foi marcada porque o covardão se refugiou nos Estados Unidos e vive se escondendo para não ser notificado. Durante a leitura do seu voto no julgamento desta semana, o ministro Alexandre de Moraes alegou que Paulo Figueiredo teve o papel de divulgar uma carta golpista para pressionar os comandantes militares do Nordeste, Sudeste e Sul.

Um pseudojornalista que intimida generais

“Se normalizou que um pseudojornalista pudesse atacar os generais comandantes de região, jogando parte da população contra eles, dizendo que eles deveriam ser atacados por serem contrários a uma ação mais contundente das Forças Armadas. Mas contundente no que?”, perguntou o magistrado, que prosseguiu:

“Quem vazou a carta aos comandantes, a carta golpista? O denunciado do núcleo 5, do núcleo de desinformação, que também está com pedido de prisão preventiva decretado e está foragido do Brasil. Atenta contra a democracia do Brasil sem ter coragem de viver no Brasil. Só tem influência nas Forças Armadas porque é neto do último presidente do tempo do golpe militar, o presidente João Batista Figueiredo”.

Pelas provas reunidas, o neto do ditador e ex-capanga da “Jovem Klan” também virará réu, concluindo a fase de análise dos 34 denunciados pela PGR. Todos foram denunciados pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Vale conferir quem já virou réu:

Núcleo 1

Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;

Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);

Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal;

General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;

Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e

Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.

Núcleo 2

Silvinei Vasques – ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na gestão de Jair Bolsonaro;

Fernando de Sousa Oliveira – ex-secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública do DF;

Filipe Garcia Martins Pereira – ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência;

Marcelo Costa Câmara – coronel do Exército e ex-assessor de Bolsonaro;

Marília Ferreira de Alencar – delegada da Polícia Federal e ex-subsecretária de Segurança Pública da Distrito Federal; e

Mário Fernandes – general da reserva do Exército e “kid preto”.

Núcleo 3

Bernardo Romão Correa Netto (coronel);

Estevam Theophilo (general);

Fabrício Moreira de Bastos (coronel);

Hélio Ferreira (tenente-coronel);

Márcio Nunes De Resende Júnior (coronel);

Rafael Martins De Oliveira (tenente-coronel);

Rodrigo Bezerra De Azevedo (tenente-coronel);

Ronald Ferreira De Araújo Júnior (tenente-coronel);

Sérgio Ricardo Cavaliere De Medeiros (tenente-coronel);

Wladimir Matos Soares (policial federal).

Núcleo 4

Ailton Gonçalves Moraes Barros – major da reserva do Exército;

Ângelo Martins Denicoli – major da reserva do Exército;

Carlos Cesar Moretzsohn Rocha – engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal;

Giancarlo Gomes Rodrigues – subtenente do Exército;

Guilherme Marques de Almeida – tenente-coronel do Exército;

Reginaldo Vieira de Abreu – coronel do Exército e

Marcelo Araújo Bormevet – agente da Polícia Federal.