Um partido das mulheres sem mulheres, um deputado que discursa em defesa de um bombom, um senador que se apresta a nomear uma melancia, um presidente que troca Paraguai por Portugal e confunde Noruega com Suécia.
É o que acontece em um lugar que ficou muito estranho nos últimos anos. Que país é este? Ora, é o país onde o líder do governo no Senado fala assim: “Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada.” Pode-se chamá-lo então de “O País da Suruba”. Esse o título do livro do jornalista Ayrton Centeno que a editora Libretos está lançando , com o subtítulo “155 provas - e não apenas convicções - de como o golpe de 2016 diminuiu, ridicularizou e emburreceu o Brasil”.
"O País da Suruba" terá tarde de autógrafos na Feira do Livro de Pelotas no dia 5 de novembro. E na Feira do Livro de Porto Alegre no dia 11 do mesmo mês, acompanhado de debate com o ilustrador Edgar Vasques e o jornalista Elmar Bones.
Usando a farsa para contar onde o Brasil foi parar, o autor singra as mesmas águas que outro jornalista, Sérgio Porto, navegou para recontar a explosão do bestialógico depois do golpe de 1964. Na época, tornou-se o Febeapá, ou seja, o “Festival de Besteira que Assola o País”. Como todo regime espúrio aumenta exponencialmente a produção da besteira nacional, a história se repete agora e, claro, novamente como comédia. Ou, mais precisamente, como tragicomédia.
Uma das afinidades entre os golpes de 1964 e de 2016 está no regressismo, a revanche do velho contra o novo, do arcaico contra o moderno, do passado contra o futuro. “O golpe apresentou-se como uma gigantesca volta ao que a modernização havia relegado”, escreveu o crítico literário Roberto Schwartz sobre 1964. Figuras apagadas, muitas vezes caricatas, ergueram-se das sombras para encenar aquilo que Schwartz definiu como “um espetáculo de anacronismo social”.
Anacrônico é justamente o picadeiro feroz em que o Brasil se converteu pós-golpe de 2016. O Executivo, sob o tacão de um bando de homens brancos, ricos, velhos, retrógados e, dizem por aí, corruptos, remete diariamente à sociedade decisões toscas, cabeçadas na parede e gafes em escala industrial.
O insaciável Legislativo disputa com o Executivo quem é o mais impopular. O Judiciário, antes discreto, move-se para o centro do palco, jogando-se também na fogueira das vaidades, fascínio que também engolfou promotores, procuradores e policiais, além dos donatários das capitanias hereditárias da mídia e seus comunicadores, quase todos atrelados ao discurso patronal.
Autor de outros três livros, entre eles "Os Vencedores", de 2014 (Geração Editorial), onde resgata o combate dos jovens à ditadura de 1964, Centeno compilou na imprensa, ao longo dos dois últimos anos, centenas de situações pitorescas, que selecionou para recontá-las agora com permanente bom humor e ironia cortante.
O País da Suruba, com 128 páginas, tem capa e ilustrações de Edgar Vasques.
Blogoosfero
Сообщения блога
- 2023 (1025)
- 2022 (97)
- 2020 (5)
- 2019 (104)
- 2018 (297)
- декабря (33)
- ноября (16)
- октября (23)
- сентября (61)
- августа (51)
- июля (3)
- июня (21)
- мая (18)
- апреля (30)
- марта (19)
- февраля (16)
- января (6)
- 2017 (298)
- декабря (21)
- ноября (17)
- октября (18)
- сентября (29)
- августа (31)
- июля (34)
- июня (31)
- мая (35)
- апреля (32)
- марта (13)
- февраля (14)
- января (23)
- 2016 (163)
- декабря (20)
- ноября (47)
- октября (12)
- сентября (12)
- августа (14)
- июля (2)
- июня (15)
- мая (12)
- апреля (10)
- марта (11)
- февраля (8)
- 2015 (87)
- декабря (9)
- ноября (4)
- октября (6)
- сентября (3)
- августа (5)
- июля (6)
- июня (4)
- мая (2)
- апреля (18)
- марта (12)
- февраля (8)
- января (10)
- 2014 (76)
- декабря (8)
- ноября (2)
- октября (2)
- августа (1)
- июля (4)
- июня (3)
- мая (3)
- апреля (11)
- марта (10)
- февраля (9)
- января (23)
- 2013 (309)
- декабря (24)
- ноября (41)
- октября (34)
- сентября (25)
- августа (27)
- июля (20)
- июня (24)
- мая (19)
- апреля (34)
- марта (20)
- февраля (17)
- января (24)
- 2012 (7)