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Por dignidae na escola pública no Rio de Janeiro

15 de Fevereiro de 2019, 8:08 , por #BlogueDoSouza - | No one following this article yet.
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Desabafo de uma mãe:

"Por dignidade na escola pública no Rio de Janeiro

Eu vivo num país em que o ministro da educação se preocupa com professores que ideologizam as crianças, enquanto pais e mães, sobretudo mães, de uma das maiores capitais desse país lutam para que seus filhos simplesmente tenham direito ao que a lei afirma: 200 dias letivos, alimentação, ensino de qualidade. Era para gente estar reivindicando escolas bilíngues, novas tecnologias de ensino-aprendizagem, uma escola do século XXI. Mas na cidade do bisprefeito estamos defendendo o direito das crianças comerem. Sim, na maravilhosa cidade do Rio de Janeiro temos crianças que desmaiam de fome nas escolas. Agora elas terão uma refeição, o almoço, na saida pro turno da manhã, e na entrada pro da manha. Fora isso, são 4 horas de aula direto, sem pausa e sem alimentos (talvez de lanche meio copo de um “composto lácteo” que ainda não chegou...) Lanche hoje foi barriga vazia em várias escolas da nossa rede. Para muitas, é a única refeição do dia. Os tiozões de Whatsapp comentadores de G1, os mesmos que acreditam em kit gay que nunca chegou a nenhuma escola do Brasil, dirão: pra que essa mulheres têm filhos? Sim, mulheres. Porque as crianças daqui raro ter pai. Pai biológico tem. Que cuida, dá casa, escola, comida e amor é raridade. Nas reuniões de início do ano letivo de 2019, o acolhimento é: “seu filho vai sair meia hora mais cedo (como dizer isso pro patrão, meu Deus?), traz lanche porque agora não tem mais”, “seu filho não tem mais recreio” (sim, 4 h seguidas, sentado copiando do quadro muitas vezes)), “acabaram as aulas de línguas porque não tem professor”, “talvez não tenha educação física, artes”, tudo aquilo que faz a mente e o corpo voarem. Pra quê, né? Filho de pobre tem mais é que trabalhar: “diploma pra ser faxineiro?”. Sonho mesmo só para poucos tocados pelo talento, incendiados em containers sem licença nem dó.

Hoje meu coração disparou, me deu vontade de vomitar, quando uma mãe amiga me relatou que 3 mães da escola de seu filho se levantaram na reunião pra dizer, em público, que seus filhos só comiam na escola e que temiam pelo que aconteceria com eles nesse novo “regime”. Sabe o que é pra uma mãe dizer uma coisa dessas em reunião de escola? Sim, a fome estigmatiza. Mesmo entre pobres. Há crianças cujas famílias se esforçam pra mandar biscoitos recheados ou fofura com guaravita na lancheira para não merendarem na escola, coisa de “morto de fome”. A fome marca corpo e alma, fere orgulho, é chaga que a pessoa coloca num lugar de onde é difícil sair.

Meu filho está na escola pública desde a educação infantil e nunca vi tamanha indignidade. Durante 3 semanas ao mês, as crianças terão ao menos 1 dia de apenas 2 horas letivas. Fora feriados enforcados, conselhos de classe etc. Fora que sairão 17h, 30 minutos antes do que outros anos. Como sair 30 minutos mais cedo do trabalho, Senhor? O que uma mãe faz com isso? Como levar a criança 15h e buscar 17h uma vez por semana? Como dizer que o horário de saída da escola da filha é mais cedo? Ou pede demissão do emprego ou deixa a criança trancada sozinha em casa. O que você faria? Para atender à justa demanda dos professores por 1/3 da carga horária para planejamento de aulas, impõe-se esse sofrimento às famílias, ao invés de realizar concursos ou contratar a fila dos concursados que aguarda para entrar em sala de aula.

O que está por trás desse pacote de maldades? Esvaziamento das escolas públicas, amesquinhamento da educação, defesa da homeschooling (escolaridade em casa ou, quem sabe, em igrejas), subordinação dos mais pobres à precarização da vida (afinal, universidade é para as elites, segundo nosso ministro da educação)?

Que isso pare. Que todas as mães e pais se levantem. Que todos os profissionais de educação se insurjam. Que os guardiães da justiça deste país se mobilizem, pois nada é mais injusto do que negar o direito universal à educação pública de qualidade. Não, não há nada de bom nisso, não se enganem com discursos melosos ou com aqueles termos técnicos que não entendemos. Não esperem por justiça divina, pois Jesus era um homem ativo no enfrentamento das injustiças de seu tempo. A escola pública é do povo. Queremos tudo que é nosso por direito. Nossos filhos e filhas são o futuro deste país e quem não tem herança só tem um futuro: estudar e crescer na vida. Educação pública não é dever, nem caridade. Educação pública é direito!"

Publicado no grupo Copacabana por Diretas e por Direitos
#BlogueDoSouza - Democratização da Comunicação, Reformas de Base e Direitos Humanos.

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/BlogueDoSouza/~3/6YnzaogQzks/por-dignidae-na-escola-publica-no-rio.html