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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
Licenciado sob CC (by)

Democratização da Comunicação, Reformas de Base e Direitos Humanos.


Aprofundar a crise brasileira fez parte da estratégia para se chegar ao golpe

16 de Maio de 2016, 23:01, por BlogueDoSouza


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Dilma e Lula no dia 12 de maio, que marca o afastamento do governo para o processo de impeachment.  SÉRGIO AMARAL / RBA

Tirar o PT do poder foi sempre o objetivo da direita brasileira, da mesma forma como ocorreu em outros países da América Latina; agora querem promover ataques aos avanços dos últimos 13 anos

A longa crise brasileira, que alguns consideram que surgiu com as manifestações de junho de 2013, enquanto outros acreditam que foi com o fim das eleições de 2014, ganha contornos definidos, conforme desemboca em um golpe de feições pretensamente legalistas. Não se pode dizer que tudo foi meticulosa e friamente calculado, mas é certo que esses fatores terminaram sendo pedras da arquitetura de uma estratégia golpista com o objetivo de, como fosse, com quem quer que fosse, tirar o PT do governo.

Este foi sempre o objetivo da direita brasileira, desde 2003, da mesma forma que ocorre com outros governos progressistas da região, como em Honduras e no Paraguai: encerrar o ciclo de governos populares, tirar essas forças do governo, da forma que seja possível, restabelecer o modelo neoliberal. É o que aconteceu na Argentina e se passa agora no Brasil.

Houve que acreditasse que as manifestações de 2013 fossem democráticas, que criticavam o PT e o governo desde um ponto de vista de esquerda. Ledo engano: era o começo da onda de desqualificação da política, primeiro passo da ofensiva da direita.

Houve os que, desde a ultra-esquerda, saudassem o final dos governos do PT, seu fracasso, o final do ciclo de governos progressistas na América Latina, como se tivesse chegado a vez da ultra-esquerda. Enorme engano: a alternativa ao PT e aos governos progressistas está na direita. A própria crise demonstrou que a única grande liderança popular no Brasil é a do Lula. Que as grandes manifestações populares tem na CUT seu eixo mais importante.

Houve os que se deixaram levar pela mídia brasileira e acreditaram que o tema central da crise era o da corrupção do PT. Quando a crise se aprofundou e a mídia internacional mandou seus correspondentes, todos, unanimemente, se deram conta de que os corruptos estão do outro lado, são exatamente os golpistas. Que não há nenhuma prova concreta contra Dilma ou contra Lula, enquanto os dirigentes do golpe e mais de 200 parlamentares que votaram por ele são réus de processos de corrupção no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em suma, a longa e profunda crise brasileira é a estratégia da direita para recuperar o governo, e assim atacar os avanços dos últimos quase 13 anos no Brasil.

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Manifestante leva apoio a Dilma no Palacio do Planalto  SÉRGIO AMARAL / RBA

Atacar o vínculo constitucional de recursos para a educação e a saúde, atacar os direitos dos trabalhadores, atacar o patrimônio das empresas públicas, impor um duríssimo ajuste fiscal, desatar a repressão contra os movimentos populares, estabelecer uma politica internacional de subordinação aos interesses dos EUA – esses os objetivos do golpe branco que foi sendo gestado ao longo dos últimos anos no Brasil.

Tirar o PT do governo e restabelecer o modelo neoliberal, o Estado mínimo e a política externa subordinada aos EUA, assim como os governos do PT tiveram como prioridade a luta contra a desigualdade, o resgate do papel do Estado e a política externa soberana. Esses, os objetivos da longa crise de desestabilização no Brasil.

A esquerda no seu conjunto e todos os movimentos sociais compreenderam muito bem o sentido desse processo e se uniram na defesa da democracia, contra o golpe, conscientes de que o que vem pela frente, como na Argentina, é uma brutal vingança contra o povo e os seus direitos.

Mas independentemente de um golpe militar ou de uma vitória eleitoral, a direita brasileira tem de enfrentar o maior processo de mobilização popular que o pais conheceu com a liderança de Lula, o único com enorme respaldo popular

São tempos de luta, de disputa, de instabilidade, de crise hegemônica profunda. O jogo não acabou, ao contrário, se aprofunda, os enfrentamentos de classe ficaram muito mais visíveis, o Brasil já não será o mesmo depois desta crise. A direita já não se disfarçará de democrática, de civilizada, de reformista, para aparecer como tem sido sempre ao longo das ultimas décadas: neoliberal, corrupta, golpista.

Enquanto a esquerda está comprometida com voltar ao poder para desatar os nós que bloquearam seus governos e levaram ao golpe, principalmente a necessidade de democratização dos meios de comunicação, a quebra da hegemonia econômica do capital especulativo, a reforma do sistema político, entre tantas outras. Essa disputa é a que caracteriza o novo período aberto agora no Brasil.

Emir Sader no Rede Brasil Atual
BlogueDoSouza - Democratização da Comunicação, Reformas de Base e Direitos Humanos.



Os erros crassos de Dilma por Ana Lipke

15 de Maio de 2016, 11:51, por BlogueDoSouza


Dilma, oh Dilma!!!
Coração valente, porque não deixastes as coisas como estavam mulher!?
O que tu querias em Furnas, vasculhando e bagunçando o esquema do Duda Cunha com Aecinho que já durava há décadas, desde que o pai deste se tornou conselheiro da comissão de minas e energia na câmara e se tornou conselheiro de Furnas e também da Cemig? (tá explicado o “e 1/3 para Aécio).
O que tu pensavas quando deste á CGU o poder e responsabilidade para fiscalização de atos e cumprimentos de normas nas estatais?
E aquelas medidas anticorrupção, que estão paradas há mais de ano câmara?
E o portal da transparência, porque você obrigou a todas as prefeituras a coloca-los no ar, sob pena de terem seus convênios negados no SINCONV? Aliás, oh “sisteminha” que tem dificultado os esquemas dos achacadores comandados pelo Mor, Eduardo Cunha!
Sim Dilma, antes deste SINCONV, tudo era resolvido com a simples indicação de um dos 367 capachos do morubixaba, e agora, esse SINCONV permite o monitoramento e o controle de repasses de recursos, exigindo detalhe de tudo, medida, quantificação de material, documentação vasta, estudos, fotos, vistorias, fiscalização, laudos periciais, enfim, todo esquema que o cara quer fechar com o prefeito, tem que lançar na P.... desse SINCONV, ai não dá,!!!
E essa liberdade toda a Polícia Federal, Controladoria Geral da União?
E o MPF, viste o que disse aquele procurador, Carlos Fernando dos Santos Lima, sobre como os governos anteriores ao PT, limitavam, controlavam e direcionavam para onde queriam as poucas investigações que existiam àquela época?
Por que você não fez o mesmo? Pelo menos poderias ter “criado” um Brindeirozinho num puxadinho do planalto.
Ao invés disto, destes plenos e amplos poderes a “todo e qualquer” procuradorzinho, isso foi phoda viu?
O quê que houve contigo Dilma??
Que conversa foi essa de BRICS e esse “tal” banco de desenvolvimento com uma moeda única para o bloco, como alternativa ao Euro e ao dólar?
Que loucura moça?
Você achou mesmo que os tios Sam, Rothschild e seus vassalos aceitariam tamanha afronta?
E que troço medonho é esse tal cabo transcontinental de fibra ótica que você quer fazer, a partir da ressurreição do sistema Telebrás?
Ah sim, esse cabo é aquele que nos daria maior segurança, velocidade e redução de custos e, ainda nos deixaria livres do sistema de satélites americanos? (lembram ainda do Snowden?) Pô Dilma, ai você foi longe, “num” é querer dilmais não?
E aquela obra do Porto de Mariel, hoje, principal conexão para o canal do Panamá e que redesenhará para um futuro bem próximo, as relações comercias e de transporte marítimo no mundo, no que tange a custos, tempo e principalmente, bem longe das águias perigosas dos Estados Unidos...
...olha ai, mais uma vez tu cutucando o cão com vara curta, ops, longa pra carai.
E olha só o engraçado nas contas da construção deste porto...
“custou 957 milhões de dólares
682 milhões de dólares foram financiados pelo BNDES.
Em contrapartida, 802 milhões de dólares investidos na obra foram gastos no Brasil, na compra de bens e serviços comprovadamente brasileiros.
Pelos cálculos da Odebrecht, este valor gerou 156 mil empregos diretos, indiretos e induzidos no País.” Fonte: Carta Capital.
Fostes ainda se envolver em projeto do canal da Nicarágua, que terá praticamente o dobro da capacidade do Panamenho e diminuirá em meses a mesma viagem que hoje é feita. Um projeto de U$ 50 Bilhões sem o Tio Sam se envolver?
E essa ferrovia transoceânica em parceria com os chineses, é muita “audácia”, poderias ter pego mais leve, U$ 10 Bilhões e novamente não precisastes chamar o até então “parceiro” de todas as horas para participar!
Porque não ti sujeitastes aos achaques, chantagens e pressões desse submundo que dá sustentação a esse sistema político imundo, permissivo, imoral e injusto?
Por que não ti aliastes a eles, não fizestes e não atendestes todos os pedidos deles?
Tu imaginas o que passaremos agora por conta de tudo isto?
Era melhor ter deixado como estava, tudo encobertinho, tudo liberado, tudo acertado nas caladas e tudo sujeito ao imperialismo de nosso tão “bom amigo de todas as horas”, Estados Unidos!.
Ou será que ainda existe alguma alma ingênua, do olho cego e da cabeça vazia, que pensa que você está sendo golpeada desta forma vil e covarde, em nome do “combate a corrupção”?
Não, eu não quero acreditar.
E sabe de uma coisa Dilma, existe algo que me faz entender, o porquê de você não ter se conformado com tudo como estava, me faz compreender a razão pela qual, você não aceitou sentar e acertar com o Cunha antes e nem negociar a votação do impeachment depois.
Tem sim um fator honroso, que explica a sua intolerância com esquemas de corrupção e acertos políticos para atenderem interesses particulares.
Há algo que pode explicar mais do que você, o fato de você não ter deixado as coisas como estavam.
É a HISTÓRIA de sua vida, isso, fala bem mais que qualquer outra fonte.
Sua trajetória de luta é quem nos diz que você não irá arredar o pé, não se submeterá à sanha daqueles que não tem a mínima condição moral de julgá-la.
Não terá golpe, terá luta, porque estamos ao seu lado, ok, Coração Valente!

De uma médica Ana Lipke

Com informações de Gilson Sampaio e Camille Helena Claudel
BlogueDoSouza - Democratização da Comunicação, Reformas de Base e Direitos Humanos.



O golpe usou a toga

14 de Maio de 2016, 14:26, por BlogueDoSouza


A estratégia do golpe institucional, com papel ativo do baixo clero do Legislativo e de instâncias judiciárias (o juiz de primeira instância Sérgio Moro e o Supremo Tribunal Federal), e ação publicitária dos meios de comunicação tradicionais (TV Globo e a chamada grande imprensa) começou a ser desenhada no chamado Escândalo do Mensalão. Um ano antes das eleições presidenciais que dariam mais um mandato ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o país foi sacudido por revelações de que o PT usara dinheiro de caixa dois de empresas para pagar as dívidas das campanhas das eleições municipais do ano anterior, suas e de partidos aliados. O tesoureiro do partido, Delúbio Soares, era o agente do partido junto a empresários e a uma lavanderia que até então operava com o PSDB de Minas, a agência de publicidade DNA, de Marcos Valério. Delúbio tornou-se réu confesso. Outro dirigente do partido, Sílvio Pereira, foi condenado por receber um Land Rover de presente de um empresário.

Em torno do episódio – crime de captação de caixa dois pelo partido que está no governo e recebimento de presentes em troca de favores – se iniciaria a maior ofensiva institucional contra um partido político jamais ocorrida em períodos democráticos do país. Toda a máquina midiática tradicional foi colocada a serviço de provar – com fatos amplificados, versões ou falsificações – que o governo de Lula estava corroído pela corrupção, que o PT aparelhara a máquina pública para auferir ganhos desonestos para o partido ou para os seus aliados, que o governo corrompera os aliados – ironia das ironias, os “corrompidos”, os partidos da base aliada, eram o PMDB, o PTB, o PP, o PR.... – com mesadas para os parlamentares, destinadas a garantir as maiorias em plenário necessárias para aprovar matérias de interesse do Executivo. O termo “mensalão” foi criado nessa jogada de marketing, destinada a transformar um escândalo de caixa dois, no qual todos os partidos estavam envolvidos (a lavanderia de Marcos Valério não tinha restrições ideológicas à adesão de qualquer um deles), em um modo peculiar de corrupção do PT, a compra direta do parlamentar, sem que em nenhum momento houvesse sido provado o pagamento regular a deputados e senadores da base aliada. Afinal, o dinheiro da lavanderia de Marcos Valério foi direto para o caixa dois de outros partidos políticos, no período pós-eleições municipais – e o “denunciador” do mensalão, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, chegou a confessar, quando se viu em tribunal, que dinheiro era para pagamento de dívidas de campanha.

Para ser corrupção, todavia, era preciso que se caracterizasse o dinheiro do caixa dois como originário dos cofres públicos. O Ministério Público, então presidido pelo procurador Antônio Fernando de Souza, hoje advogado do deputado tardiamente afastado da presidência da Câmara, Eduardo Cunha, inventaria a ficção de um dinheiro desviado da empresa Visanet pelo diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolatto. A Visanet era uma empresa privada, do grupo internacional Visa, e esse dinheiro foi tratado indevidamente como produto de desvios do Banco do Brasil, estatal, num julgamento na maior instância judiciária do país, que não poderia se dar ao luxo de um erro deste tamanho. Pizzolatto não tinha autonomia para assinar uma única ação de marketing sozinho. A “prova” que Souza apresentaria contra ele, aceita pelo relator Joaquim Barbosa, do STF, foi assinada por outras três pessoas e submetida a um comitê, e depois à diretoria de um banco – a ação publicitária, ao final, fora autorizada por mais de uma dezena de pessoas. Não existia possibilidade de que Pizzolatto tivesse desviado o dinheiro: para isso, teria que ter mais de dez cúmplices, e ainda assim atuaria sobre dinheiro privado, que não era do Banco do Brasil.

O Supremo Tribunal Federal, nas vésperas da eleição de 2014, julgou midiaticamente o caso e perpetrou barbaridades jurídicas nunca antes vistas na história desse país. O relatório do ministro Joaquim Barbosa transformou um crime de captação de caixa dois em desvio de dinheiro público, e jogou as provas de que o dinheiro definitivamente não havia sido desviado do Banco do Brasil para um inquérito paralelo. Por fim, decretou segredo de Justiça. Sequer os advogados de defesa tiveram acesso a elas. Também não tiveram acesso a provas da origem do dinheiro lavado por Marcos Valério: a transferência de fartos recursos do caixa de um empresário interessado em decisões de governo (que não foram tomadas, inclusive por oposição do ministro José Dirceu, condenado sem provas), repassados aos partidos da base aliada. O empresário em questão chegou a aparecer no início do escândalo na mídia e sumiu como um fantasma das páginas dos jornais e dos inquéritos policiais e judiciais.

Com a opinião pública dominada por uma campanha diária de nove anos, o STF legitimou sua decisão de avalizar as conclusões de Barbosa, acatou o estranho instrumento do “domínio do fato” e, a partir disso, a pretexto de ouvir a voz das ruas, aceitou as barbaridades que seriam praticadas pelo Ministério Público e pela justiça de primeira instância na Operação Lava Jato, nos últimos três anos.

O STF transformou um crime de caixa dois em crime de corrupção, de formação de quadrilha, etc. etc. sem provas. Dos réus que foram condenados, alguns cometeram crimes, mas não os que os levaram para a prisão; outros eram inocentes de quaisquer crimes e foram condenados assim mesmo. Poucos foram condenados por crimes que efetivamente cometeram. A Agência DNA foi punida por atuar como lavanderia do PT e dos partidos aliados, mas tardiamente responsabilizada pelo Mensalão do PSDB (que vai deixar todos os implicados soltos até a prescrição do crime, o mesmo que levou o PT e seus aliados à cadeia). O deputado José Genoíno, então presidente do PT, foi preso por um empréstimo efetivamente feito pelo partido e quitado no prazo estipulado em contrato. Dirceu foi eleito o vilão nacional e encarcerado – e de novo encarcerado no Lava Jato – sem nenhuma prova contra si. E Pizzolatto, depois de uma fuga sensacional, amarga cadeia porque, junto com um comitê de dezenas de pessoas, autorizou uma campanha publicitária do Banco do Brasil paga pela Visa Internacional. Alguns membros do mesmo comitê respondem a um processo na primeira instância que está esquecido na gaveta de um juiz da capital federal.

Desde então, o Ministério Público Federal e o Supremo Tribunal Federal se constituem em peças fundamentais nas articulações contra os governos petistas, iniciadas em 2005 e que tiveram desfecho no golpe institucional deste 2016. Eduardo Cunha e Michel Temer não existiriam sem a cumplicidade das duas instituições e a inexplicável ingenuidade do PT: o mesmo partido que em determinado momento se dispôs a jogar com as armas da política tradicional, indo à cata de dinheiro de caixa dois das empresas para financiar campanhas eleitorais, não entendeu a natureza da elite que o financiava, nem a impossibilidade de acordo com a política tradicional e com instituições de vocação conservadora que mantiveram seu perfil conservador e corporativo, apesar de seus membros terem sido majoritariamente escolhidos pelos presidentes petistas. O PT não entendeu que jogava as suas fichas, a nível institucional, numa política de conciliação de classes num quadro onde as próprias políticas do governo davam as bases para uma acirrada luta de classes, que se tornou explícita quando o golpe começou a mostrar sua cara. Essa foi uma contradição inerente aos governos petistas. Na campanha eleitoral de 2014, a presidenta Dilma Rousseff venceu no segundo turno porque rapidamente as forças de esquerda se articularam em torno dela, em reação à onda de comoção criada pela direita, que se utilizou do clima proporcionado pelo julgamento político do Mensalão levado a termo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) durante a campanha eleitoral municipal de 2012 e cujo espetáculo midiático e judiciário de prisões se desenrolou até 2013, quando já se preparava a campanha eleitoral para a reeleição da presidenta Dilma que ocorreria no ano seguinte; e da campanha midiática reforçada pela entrada em cena do juiz de primeira instância Sérgio Moro que, aproveitando-se das licenças jurídicas a que se permitiu o STF em 2013, fez o seu próprio tribunal político, fechando o cerco ao PT por um esquema de corrupção na Petrobras que – basta ler com atenção as delações premiadas – era enraizado na empresa e mantinha em diretorias protegidos de partidos que estavam aliados aos governos petistas depois de 2002, mas igualmente aos governos anteriores, do PSDB e do PMDB e do governo Collor.

Já são 11 anos de massacre, com armações com grande similaridade. O Ministério Público encontra um escândalo qualquer e começa a investigar, considerando provas basicamente de um lado. Sem consistência para pedir um inquérito, vaza os dados para um órgão de imprensa, que os publica como grande escândalo, desconhecendo o fato de que as provas não existem. Imediatamente, a matéria do jornal, baseada em vazamentos do próprio MPF, vira o indício que o MPF usa para pedir ao juiz – a Moro, ou ao STF, ou a algum outro – para abrir o inquérito. No caso de Moro, seguem-se prisões sem base legal e coações à delação premiada. Chovem no Youtube reproduções de interrogatórios presididos pelo próprio juiz Moro onde ele deixa claro ao interrogado – normalmente um velho com problemas de saúde -- que será libertado apenas se delatar; e de advogados protestando contra ele por não considerar sequer uma prova apresentada pela defesa antes de condenar um implicado. Nesses vídeos, é claro que Moro está investido da intenção de condenar antes de ouvir a defesa. Para ele, não existem inocentes em um campo político. No outro campo político, suas intenções são dóceis. O justiceiro é bastante permissivo com o campo político da direita.

Nada justifica que um juiz de um tribunal de exceção sobreviva numa democracia com amplos poderes, acima daqueles que a Constituição lhe confere, sem a aquiescência da maior instância judiciária. Moro existe e faz o que quer porque o sistema jurídico está contaminado pelo partidarismo. Moro não existiria sem um Barbosa que o precedesse. Moro não existiria sem o ministro Gilmar Mendes, que impunemente transformou o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em palanques contra os governos do PT. Não existiria sem o ministro Dias Toffoli, que se tornou moleque de recados de Mendes; sem a tibieza das duas ministras mulheres; sem o conservadorismo ideológico de Teori Zavascki (que contamina o seu discernimento jurídico); sem a falsa objetividade jurídica de Celso Melo; sem a frouxidão de Edson Fachin; sem a excessiva timidez de Ricardo Lewandowisk. A Justiça não evitou o golpe porque é parte do golpe. O Ministério Público não reagiu ao golpe porque era um dos conspiradores.
Maria Inês Nassif no Carta Maior
BlogueDoSouza - Democratização da Comunicação, Reformas de Base e Direitos Humanos.



Dilma foi injustiçada; justiça seja feita a Cardozo, por Fábio de Oliveira Ribeiro

14 de Maio de 2016, 13:05, por BlogueDoSouza


Durante o discurso que fez ao ser deposta pelo golpe de estado, Dilma Rousseff disse emocionada que não há maior injustiça do que condenar uma pessoa inocente. Ela está rigorosamente certa.

Quando foi governador de Minas Gerais, Antonio Anastásia também deu pedaladas fiscais porque as considerava legais. Ele não poderia julgar ilegais atos idênticos aos dele só porque faz oposição a Dilma Rousseff. Ao aprovar o relatório do pedaleiro Anastásia, o Senado Federal elevou a hipocrisia ao status de fundamento jurídico do seu relatório. Injustiça maior não poderia ser cometida.

Num dos momentos mais inspirados de sua obra, Piero Calamandrei disse que:

“A injustiça envenena até mesmo em doses homeopáticas.” (Eles os Juízes, vistos por um Advogado, Martins Fontes, São Paulo, 2015, p. 226).

A injustiça cometida contra Dilma Rousseff custará caro ao Senado Federal, ao STF e ao próprio Antonio Anastásia. Enquanto o Brasil for Brasil e mesmo depois que o país deixar de existir eles terão que carregar esta mácula. Sempre haverá quem levantará a voz para lembrar a injustiça cometida contra Dilma Rousseff. Enquanto eu estiver vivo eu mesmo farei isto.

A irresponsável condenação da presidenta que praticou atos idênticos aos que foram praticados pelo seu algoz revela a verdadeira natureza da injustiça cometida pelo Senado Federal. Anastásia, o relator do Impedimento, foi hipócrita. Mas ele era apenas um entre vários julgadores e a maioria dos senadores aprovou o relatório dele anestesiando as próprias consciências. É evidente que eles pretendiam julgar Dilma Rousseff de forma responsável e com base em critérios justos.

Nossa presidenta foi sumariamente executada não porque cometeu crimes, mas justamente porque não os cometeu. Impossível esquecer o vício de origem do Impedimento. O processo só começou porque Dilma Rousseff se recusou a garantir o mandato parlamentar de Eduardo Cunha na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados.

Impossível não lembrar aqui as palavras de Hannah Arendt:

“...o maior mal perpetrado é o mal cometido por Ninguém, isto é, por um ser humano que se recusa a ser uma pessoa. Dentro da estrutura conceitual dessas considerações poderíamos dizer que o malfeitor que se recusa a pensar por si mesmo no que está fazendo e que, em retrospectiva, também se recusa a pensar sobre o que faz, isto é, a voltar e lembrar o que fez (que é teshuvah, isto é arrependimento), realmente deixou de se constituir como alguém. Permanecendo teimosamente um ninguém, ele se revela inadequado para o relacionamento com os outros que, bons, maus ou indiferentes, são no mínimo pessoas.” (Responsabilidade e Julgamento, Hannah Arendt, Companhia das Letras, São Paulo, 2004, p. 177)

A imortalidade histórica da mácula que a injusta condenação de Sócrates impõe aos juízes dele - 25 séculos depois que o filósofo ateniense tomou cicuta - deveria servir de alerta para todos aqueles que estão prestes a cometer o mesmo erro. Mas não foi isto o que ocorreu no Brasil. Como seu duplo da antiguidade clássica, Dilma Rousseff também foi deliberadamente injustiçada. De hoje em diante todos aqueles que a condenaram poderão ser e certamente serão chamados de Ninguém.

Ao condenar Dilma Rousseff inspirado pelo ódio partidário e com base na hipocrisia, o senador Anastásia elevou-a à condição de mártir e se rebaixou à condição de verdugo deplorável. Doravante, sempre que defender e justificar a injustiça evidente que cometeu, o ex-governador de Minas Gerais se tornará mais repugnante aos olhos dos brasileiros que, bons, maus ou indiferentes, se recusam a aceitar o detestável exemplo que ele deu ao deixar de agir como uma pessoa. O mesmo ocorrerá com todos os senadores que irresponsavelmente fuzilaram uma presidenta inocente.

Em comentário postado no GGN há algum tempo disse algo que infelizmente acabou se concretizando:



http://jornalggn.com.br/noticia/cardozo-o-ministro-que-treme

O martírio de Dilma Rousseff foi capaz, entretanto, de revelar as melhores qualidades do Advogado Geral da União por ela nomeado. Tanto na Câmara quanto no Senado, meu colega de profissão José Eduardo Martins Cardoso defendeu a presidenta, a legalidade democrática, o Estado de Direito e a higidez da CF/88 com evidente maestria. Cardoso perdeu o emprego sim, mas não deixou de fazer história.

Mesmo sabendo que enfrentaria as consciências silenciadas de senadores irresponsáveis que já haviam decidido derrubar a presidenta independentemente de ela ter ou não cometido crime de responsabilidade, Eduardo Cardoso cumpriu com denodo sua missão. Polido e cortes, ele apresentou argumentos racionais irrefutáveis contra a aprovação do Impedimento. Ao fazer isto, o Advogado Geral da União desnudou a injustiça que seria cometida antes mesmo da condenação.

Hostilizado no Senado, Eduardo Cardoso soube manter a compostura e não se deixou impressionar pelas bofetadas que recebeu de homens desprezíveis como senador Ronaldo Caiado. Ao assistir pela internet os pronunciamentos do AGU na Câmara e no Senado lembrei-me das palavras de Piero Calamandrei:

“O advogado deve estar disposto a levar até mesmo bofetadas do juiz, contando que, no fim das contas, consiga obter para os seus pobres o óbulo da justiça.” (Eles os Juízes, vistos por um Advogado, Martins Fontes, São Paulo, 2015, p. 168).

Dilma Rousseff não encontrou justiça no Senado e provavelmente não a encontrará no STF. Talvez a encontre na OEA, mas nós todos sabemos que as decisões da OEA não podem ser impostas à força ao Brasil. A história, contudo, certamente fará justiça à presidenta deposta pelo golpe de estado vil que reintroduziu a tirania em nosso país. E quanto isto ocorrer o nome de Eduardo Cardoso certamente receberá um destaque e um brilho que jamais será associado aos advogados que assinaram o pedido de Impedimento despachado pelo bandido que presidia a Câmara dos Deputados.

Espero que o ilustre colega Eduardo Cardoso não considere minhas palavras elogiosas como frutos que foram envenenados por alguém inclinado à adulação interesseira. De fato, a fabulosa atuação dele na fase final do golpe de estado me obrigou a reavaliar o comentário que postei no GGN quando ele era Ministro da Justiça:



http://jornalggn.com.br/comment/832007

Arrependido, faço aqui um mea culpa para atribui a Eduardo Cardoso, com justiça, o reconhecimento que ele merece. Os senadores ainda podem se arrepender do mal maior que cometeram. Mas eu não espero que eles sigam meu exemplo. Aqueles que afundaram na hipocrisia e no partidarismo raramente se dão ao trabalho de tentar recuperar consciências que há muito tempo foram vendidas a peso de ouro.

do Jornal GGN
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Constitucionalista explica por que o impeachment contra Dilma é um golpe

13 de Maio de 2016, 10:50, por BlogueDoSouza

No canal de Gilvander Luís Moreira no YouTube
O prof. Dr. José Luiz Quadros de Magalhães, constitucionalista da UFMG e da PUC-MINAS, foi entrevistado no Programa Palavra Ética por frei Gilvander Moreira.
Ele demonstrou que a presidenta Dilma Rousseff não cometeu crime de responsabilidade.
Assista!


do O Cafezinho

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