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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
Licenciado sob CC (by)

Democratização da Comunicação, Reformas de Base e Direitos Humanos.


Reflexos da ditadura na educação impedem país de avançar

26 de Abril de 2014, 14:13, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

 

Em audiência na Câmara, especialistas pontuaram as heranças do período autoritário que impactam na má qualidade do ensino público e no acesso à educação.


Brasília - Os reflexos da ditadura civil militar sobre a educação foram tão nocivos e profundos que até hoje, 30 anos após o início da redemocratização, impedem o país de alavancar a qualidade e democratizar o acesso a este que deveria ser um direito fundamental de todo brasileiro.  Em audiência pública promovida pela Comissão de Educação da Câmara, nesta quinta (24), especialistas foram unânimes em apontar as heranças do regime como principais responsáveis pela má qualidade da educação pública e pela vergonhosa falta de acesso a ela para os pelo menos 14 milhões de analfabetos, além de número maior ainda de analfabetos funcionais.

Presidente do Instituto Paulo Freire, Moacir Gadotti lembrou que a ditadura pôs fim ao ambiente de otimismo pedagógico dos educadores brasileiros com o avanço da educação popular e emancipatória já nos primeiros dias após o golpe. Em 14 de abril de 1964, um dia antes do general Castelo Branco assumir o posto de ditador, foi extinto o Programa Nacional de Alfabetização, que vinha sendo implantado no país pelo educador Paulo Freire e seria inaugurado oficialmente em maio. Segundo ele, não foi nenhum rompante do regime. A decisão já havia sido tomada um ano antes, quando Castelo Branco ouvira Paulo Freire em um evento no interior paulista. “Vocês estão engordando cobras”, teria diagnosticado o futuro ditador.

Na sequência, vieram as reformas educacionais que arrasaram com o modelo de educação brasileira. O presidente do Instituto narrou que, em 10 de junho de 64, na primeira reunião com secretários de educação, Castelo disse textualmente: o objetivo do meu governo é estabelecer a ordem entre trabalhadores, estudantes e militar.  E seu ministro Suplicy completou: estudante deve estudar, professor deve ensinar, e não fazer política. “Aí está o programa da ditadura: uma visão autoritária da educação e uma visão tecnicista que ainda permanece, suavizada, sem a ostentação e arrogância daquele período”, avaliou.

Gardotti ressaltou também a introdução do caráter mercantilista da educação, trazido dos Estados Unidos, que a transforma em negócio, ao invés de direito. “Havia uma lógica de privatizar”, denuncia. Ele criticou a reforma universitária, que promoveu a “departamentalização”, apontada como estratégia para fragmentar o conhecimento. E também a forma autoritária como eram impostos os diretores, selecionados não pelo desempenho acadêmico, mas pelo perfil gerencial. “A reforma universitária visava reformar para desmobilizar”, resumiu.

Sobraram críticas também à reforma do ensino básico, feita de modo a impedir o crescimento intelectual dos alunos. “A reforma da educação básica tem coisas hilárias, como dizer que todo mundo tem que se profissionalizar porque Jesus Cristo foi carpinteiro”, exemplificou. Segundo ele, em uma época que até o Banco Mundial preconizava que os trabalhadores tinham que ter uma formação generalista, a ditadura obrigou todas as escolas de ensino médio a introduzir a formação técnica compulsório, sem nenhum preparo para isso, e o resultado foi um fracasso.

Outro fracasso registrado foi o do Mobral, criado para alfabetizar jovens e adultos e extinto no governo Sarney. Em quase 20 anos, o programa, que prometia acabar com o analfabetismo em 10, conseguir reduzir a taxa apenas de 33% para 25%. “O Mobral alfabetizou muito pouco. E era muito mais fácil do que hoje, porque esses 8% residual que temos agora está no campo e em locais de difícil acesso”, analisou.

No inventário dos prejuízos causados pela ditadura à educação brasileira, ele incluiu também o desmantelamento dos vários movimentos sociais e populares, a eliminação da representação estudantil e a perda da capacidade dos educadores de influir nos rumos da educação. Para ele, é preciso mudar a concepção da educação. “Nós temos que formar professores a partir de uma outra ótica, de uma outra concepção de educação que respeite o saber das pessoas, que introduza o diálogo, o respeito, e vença aquilo que é o mais duro do que foi herdado da ditadura: a falta de democracia”, diagnosticou.

Como exemplo, ele citou o quanto ainda é difícil implantar um conselho de escola ou mesmo difícil discutir política na escola, o que considera salutar para o país.

“Estamos formando gerações sem discutir que país queremos”, afirmou. Gardotti lembrou que Paulo Freire já dizia que educar é politizar sim. “Não podemos formar estudantes na velha teoria do capital humano: estude, trabalhe e ganhe dinheiro. Paulo Freire respondeu claramente a esta teoria na época: a educação que não é emancipadora faz com que o oprimido queira se transformar em opressor”, concluiu.

O sociólogo e colunista da Carta Maior, Emir Sader, lembrou que o arrocho salarial foi tão importante para a sustentação da ditadura quanto a repressão sistemática, o que acabou comprometendo a qualidade dos serviços públicos, inclusive a educação. “O santo do chamado “milagre econômico” foi o arrocho salarial”, afirmou. Segundo ele, até então, a escola pública era um espaço de convivência entre a classe pobre e a classe média, um espaço de socialização. “A classe média, a partir daquele momento, passou a se bandear para escola particular, fazendo um esforço enorme, colocando no orçamento os gastos de escola e deixando a escola pública como um fenômeno social de pobre”, observou.

O sociólogo avalia que a ruptura causada foi tão significativa que a escola pública, até hoje, não recuperou seu vigor. “A democratização não significou a democratização do sistema educacional, não significou a recuperação da educação pública, da saúde pública. Isso está sendo feita a duras penas na última década, mas com uma herança acumulada brutal. Já tem reflexos no ensino universitário, mas não em toda a educação: a escola pública nós perdemos”, ressaltou.

Para ele, os investimentos em educação superior são importantes, mas é a reconquista da qualidade da educação primária e média que deve ser tema fundamental e urgente à democracia brasileira. “Estamos muito atrasados. Até a saúde pública, apesar do viés duríssimo da perda da CPMF, nós conseguimos melhorar agora com o programa Mais Médicos. Mas a educação, não. A estrutura de poder herdada da ditadura só se consolidou, inclusive a da educação privada”, observou Sader, lembrando que os oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso aprofundaram ainda mais o processo de privatização deflagrado pelos militares.

Sadir Dal Rosso, professor da Universidade de Brasília (UnB), uma das mais afetadas pelo golpe civil militar, submetida a três intervenções, abordou o impacto da ditadura na universidade e na construção do pensamento brasileiro. Segundo ele, o controle das administrações universitárias, a demissão e expurgos de professores que não concordavam com o regime, os assassinatos de estudantes, o controle das organizações estudantis e a implantação de serviços de informação no meio acadêmico causaram prejuízos imensuráveis ao país, que ainda precisam ser investigados e punidos. “É necessário esclarecer a verdade e, neste sentido, é necessário rever a Lei da Anistia”, defendeu.

Créditos da foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados no Carta Maior

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Democratização da Comunicação: a XVIII Plenária Nacional do FNDC

26 de Abril de 2014, 9:01, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



O evento, que vai até domingo (27) vem com o tema “Democratizar a Democracia”.
A XVIII Plenária Nacional do FNDC, realizada na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema, São Paulo, pretende fazer um balanço das atividades realizadas pelo Fórum no último ano e traçar estratégias de ampliação de sua atuação na articulação e mobilização por políticas de comunicação democráticas no Brasil. A Plenária ainda elegerá a nova Coordenação Executiva e o Conselho Deliberativo do Fórum.
O FNDC, que vem desde 1991 na luta pela democratização da comunicação, encabeça, desde 2012, a campanha “Para Expressar a Liberdade”, fruto de anos de luta da sociedade civil para regulamentar a comunicação no Brasil.
Thiago José, diretor de comunicação da UNE, acredita que essa regulamentação vem justamente para aprofundar a democracia em nosso país: “Hoje os grandes meios de comunicação são controlados por meia dúzia de famílias que pautam e decidem o que será notícia. Agindo não no interesse público, mas sim em seus interesses privados. Os grandes conglomerados de informação estão nas mãos daqueles que representam os interesses conservadores e impedem os avanços”, afirma Thiago.
As famílias citadas por Thiago são Abravanel (SBT), Sirotsky (RBS, maior grupo de comunicação do sul do Brasil), Civita (Editora Abril), Macedo (Record), Frias (Folha de S. Paulo), Levy (Gazeta Mercantil), Marinho (Organizações Globo), Mesquita (O Estado de S. Paulo), Nascimento Brito (Jornal do Brasil) e Saad (Rede Bandeirantes). Essas poucas famílias têm o poder de definir o que vai ser discutido ou não pela sociedade, e qual a abordagem destas informações.
O Marco Civil da Internet, sancionado na última quarta (23) pela presidenta Dilma, já é considerada uma vitória pelo diretor: “Hoje a internet é uma importante ferramenta de pesquisa, além de instrumento de comunicação. Por isso é fundamental garantir pra além da neutralidade e liberdade da rede, a privacidade de seus usuários”.
A UNE compõe a FNDC e acredita ser fundamental a unidade dos movimentos sociais e das mais diversas iniciativas ativistas para lutar pela democratização dos meios de comunicação no Brasil.

QUEM FAZ O FNDC?

Centenas de entidades participam do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, dentre elas: Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, Central Única dos Trabalhadores – CUT, Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé – Barão de Itararé, Comunicação e Direitos - ANDI, Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ, União Brasileira de Mulheres – UBM, União Brasileira dos Estudantes Secundaristas – UBES, União da Juventude Socialista – UJS e União Nacional dos Estudantes – UNE.

SERVIÇO

Quando? De 25 à 27/4
Onde? Escola Nacional Florestan Fernandes – Guararema – SP
Como? Acesse o site e saiba como participar: fndc.org.br
Yuri Salvador - UNE
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Após lançamento no Rio, Veneno está na Mesa 2 estreia em Brasília nesta quinta‏

23 de Abril de 2014, 19:25, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Nesta quinta feira (24/04), o novo filme do diretor Sílvio Tendler, O veneno está na mesa 2, será lançado em Brasília. O evento acontece no Auditório principal do Museu Nacional de Brasília, próximo a Rodoviária do Plano Piloto, às 19h.
Após a exibição, haverá um debate com representantes da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela vida.
O veneno está na mesa dos brasileiros, o país que mais consome agrotóxicos no mundo. No entanto, há alternativas viáveis de produção de alimentos saudáveis que respeitam a natureza, os trabalhadores rurais e os consumidores. É essa mensagem que o novo documentário do diretor Silvio Tendler pretende transmitir.
O primeiro filme seguiu um caminho alternativo de exibição através da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. A recepção foi surpreendente e o documentário foi visto por mais de um milhão de pessoas.
“O povo brasileiro não pode mais engolir essa história de que o agronegócio é a modernidade no campo. Ele gera câncer, trabalho escravo, e manda todo seu lucro para o exterior", disse Alan Tygel, da coordenação nacional da campanha contra os agrotóxicos.
Segundo Alan, a Campanha contra os agrotóxicos assumiu como missão levar o filme para "todos os cantos deste país, aos acampamentos, assentamentos, escolas, universidades, igrejas, e onde houver cidadãos e cidadãs preocupados com a saúde do povo e dispostos a lutar por um modelo de produção de alimentos saudáveis para o camponês e para o consumidor", afirma.

Serviço:
Quando: Quinta – feira (24/04/2014)
Local: Museu Nacional da República, próximo a Rodoviária do Plano Piloto
Horário: 19h - Entrada gratuita
Mais informações:
Fábio Miranda – (61) 81851355

 Imprensa MST - Esc Nacional de BSB (brasilia@mst.org.br)
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Comissão da Verdade para José Dirceu

19 de Abril de 2014, 13:37, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


DIRCEU NA COMISSÃO DA VERDADE
Brutalidade contra Dirceu é uma tentativa de nos convencer de que não adianta reagir

Num país que levou um mais de 40 anos para constituir uma Comissão da Verdade para apurar os crimes do passado do regime militar, talvez seja o caso de pedir a abertura de um novo item de sua pauta para investigar ataques aos direitos humanos que tem sido cometidos nos dias de hoje. O primeiro nome é José Dirceu.

O caso é exemplar.Embora nunca tenha recebido, em forma definitiva, uma sentença em regime fechado, o esforço para impedir Dirceu de respirar o oxigênio que só se encontra fora de uma prisão foi reforçado. Tudo se move para impedir que ele possa sair à rua, caminhar como uma pessoa durante oito horas por dia, trabalhar como um cidadão, conversar com homens e mulheres que não são nem carcereiros, nem advogados, nem parentes tensos, de olhos úmidos, nas horas tensas de visita.

Como se fosse um delírio, assistimos a um ato de terrorismo que não ousa dizer o seu nome, mas não pode ser definido de outra forma.

Ou como você vai definir um pedido de grampo telefônico que envolve o palácio da Presidência da República, o Congresso? Vamos fingir que não é um ataque à privacidade de Dilma Rousseff, constranger 513 parlamentares, humilhar onze ministros, apenas para maltratar os direitos de Dirceu?

Vamos encarar os fatos. É um esforço -- delirante? quem sabe? -- para rir do regime democrático, gargalhar sobre a divisão de poderes, atingir um dos poderes emanam do povo e em seu nome são exercidos.

Pensando em nossos prazos históricos, eu me pergunto se vale à pena deixar para homens e mulheres de 2050 a responsabilidade de coletar informações para apurar fatos desconhecidos e definir responsabilidades pelo tratamento abusivo e injusto que tem sido cometido contra Dirceu.

Sim, Dirceu foi um entre tantos combatentes que a maioria de nós não pode conhecer pelo nome nem pelo rosto, lutadores corajosos daquele Brasil da ditadura.

Depois de ajudar a liderar um movimento de estudantes que impediu, por exemplo, que o ensino brasileiro fosse administrado por pedagogos do governo norte-americano, Dirceu tomou parte da vitória do país inteiro pela democracia. Sem abandonar jamais uma ternura pelo regime de Fidel Castro que ninguém é obrigado a partilhar, mostrou-se um líder político capaz de negociar com empresários, lideranças da oposição e governantes estrangeiros.

Hoje ele se encontra no presídio da Papuda, impedido de exercer direitos elementares que já foram reconhecidos pelo ministério público e até pelo serviço Psicossocial. Trabalha na biblioteca. Já se ofereceu para ajudar na limpeza.

Sua situação é dramática mas ninguém precisa esperar até 2050 para tentar descobrir que há alguma coisa errada, certo?

Basta caráter. Em situações políticas determinadas, este pode ser o dado decisivo da situação politica. Pode favorecer ou pode prejudicar os direitos das vítimas e também iluminar a formação das novas gerações. Os direitos humanos elementares, as garantias sobre a vida e a liberdade, costumam depender disso com frequência.

Vejam o que aconteceu com o general José Antônio Belham. Em 1971, ele exibia a mais alta patente na repartição militar onde Rubens Paiva foi morto sob torturas.

Quando precisou explicar-se, 43 anos mais tarde, Belham afirmou que não se encontrava ali. Estava de ferias. Acabou desmentido de forma vergonhosa. Consultando suas folhas de serviços, a Comissão da Verdade concluiu que o general não era verdade. Ele não só estava lá como recebera os proventos devidos pelo serviço daqueles dias.

Esse é o problema. Ninguém é obrigado a ser herói. Como ensina Hanna Arendt, basta cumprir seu dever. Caso contrário, a pessoa se deixa apanhar numa situação que envergonha a mulher, os filhos, os netos – sem falar nos amigos dos filhos, nos amigos dos netos. Nem sempre é possível livrar-se do vexame de prestar contas pela própria história.

Lembra daquele frase comum em filmes de gangster, quando o herói recebe uma advertência criminosa: “você vai se arrepender de estar vivo?” Isso também pode acontecer com pessoas que não tem caráter.

Imagine como vai ser difícil, para homens e mulheres de 2050, explicar seu silêncio diante de tantos fatos que envolvem o tratamento dispensado a Dirceu. Ele foi cassado em 2005 por “quebra de decoro parlamentar”, essa acusação que, sabemos há mais de meio século, é tão subjetiva que costuma ser empregada para casos de vingança e raramente serviu para fazer justiça -- porque dispensa provas e fatos, vale-se apenas de impressões e convenções sociais que, como se sabe, variam em função de tempo e lugar, de pessoa, de geração e até classe social.

Em 2012, não se encontrou nenhuma prova capaz de envolver Dirceu no esquema de arrecadação e distribuição de recursos financeiros para as campanhas do PT. A necessidade de garantir sua punição de qualquer maneira explica a importação da teoria do domínio do fato. Inventaram uma quadrilha porque era preciso condenar Dirceu como seu chefe mas o argumento não durou dois anos. Depois que o STF concluiu que não havia crime de quadrilha, ficou difícil saber qual era a atuação real de Dirceu nessa fantasia.

Pensa que o Estado brasileiro pediu desculpas, numa daquelas solenidades que nunca receberão a atenção merecida, com as vítimas dos torturadores do pós-64? Pelo contrário. O sofrimento imposto a Dirceu aumentou, numa forma perversa de punição.

Numa sequencia da doutrina Luiz Fux, que disse no STF que os acusados devem provar sua inocência, coube-lhe tentar provar o que não falou ao celular com um Secretário de Estado da Bahia.

Foi invadido em sua privacidade, desrespeitado em seus direitos humanos. Para que? É um espetáculo didático.

Como cidadão, tenta-se fazer Dirceu cumprir a função de ser humilhado em publico – ainda que boa parte do público não se dê conta de que ele próprio também está sendo ultrajado. Através desse espetáculo, tenta-se enfraquecer quem reconhece seu papel político, quem reconhece uma injustiça – e precisa ser convencido de que não adianta reagir para tentar modificar essa situação.

Não poderia haver lição mais reacionária, própría daqueles homens que fogem da Comissão da Verdade com mentirinhas e desculpas vergonhosas.

Não se engane: o esforço para inocular um sentimento de fraqueza em cidadãos e homens do povo é próprio das ditaduras. Fazem isso pela força -- e pela demonstração de força, também.

Outra razão é política. Tenta-se demonstrar que o sistema penitenciário do governo do Distrito Federal – cujo governador é do PT, como Dirceu e todos os principais réus políticos dessa história, você sabe -- não é capaz de cuidar dele, argumento sob medida para que seja conduzido a uma prisão federal, onde não poderá cumprir o regime semiaberto.

Este é o objetivo. Vai ser alcançado? Não se sabe.

Animal consciente dos estados de opressão, o que distingue os homens dos vegetais – e de alguns animais inferiores – é o reconhecimento da liberdade.

O que se quer é encontrar uma falta disciplinar grave, qualquer uma, que sirva como pretexto para revogar os direitos de Dirceu. Pretende-se obter uma regressão de sua pena e conseguir aquilo que a Justiça não lhe deu, apesar do show – o regime fechado.

Isso acontece porque o projeto, meus amigos, é o ostracismo – punição arcaica, típica dos regimes absolutistas. Você lembra o que disse Joaquim Barbosa:

"Acho que a imprensa brasileira presta um grande desserviço ao país ao abrir suas páginas nobres a pessoas condenadas por corrupção. Pessoas condenadas por corrupção devem ficar no ostracismo. Faz parte da pena".

Imagine a maldade que é deixar tudo isso para os homens e mulheres de 2040. Imagine as páginas nobres da imprensa, dos jornais, das revistas. Pense como vai ser difícil, para os leitores do futuro, entender o que Joaquim Barbosa quis dizer com isso.

Mais uma vez teremos uma página horrenda da história e cidadãos perplexos a perguntar: como foi possível? O que se queria com tudo aquilo?

E, mais uma vez, num sinal de que se perdeu todo limite, vamos pedir desculpas. As futuras gerações merecem um pouco mais, concorda? Não precisam encarar esta derrota colossal de todos que lutaram com tanta coragem pela democracia.
Paulo Moreira Leite, Diretor da Sucursal da ISTOÉ em Brasília, é autor de "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA e na Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa".
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Blogueiros que entrevistaram Lula sofrem pressão comercial d’O Globo

18 de Abril de 2014, 6:01, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

O assédio determinado pela redação do diário conservador carioca O Globo a anunciantes de veículos de comunicação que discordam de seu ponto de vista editorial poderá levá-lo às barras dos tribunais, pela publicação da matéria intitulada A entrevista dos camaradas: saiba mais sobre os ‘blogueiros progressistas, publicada na edição desta quinta-feira. Assinado pelas repórteres Barbara Marcolini e Thais Lobo, o texto demonstra a aversão do jornal – que integra o império editorial da família Marinho – à concorrência.
Mesmo que os anunciantes procurados pelas repórteres mantenham seus contratos publicitários nos veículos citados na matéria, ainda assim pesa sobre as Organizações Globo o risco de um processo judicial, nos moldes daqueles com que fustigam jornalistas como Miguel do Rosário, do blog O Cafezinho, que não temem o enfrentamento com a maior empresa de comunicação do país. Rosário revelou a dívida de cerca de R$ 1 bilhão da Globo na Receita Federal.
– Não é necessário que algum dos clientes dos blogs e publicações citados cancele o contrato de publicidade. Basta que a empresa, pública ou privada, pressionada comercialmente pelas Organizações Globo reclame, para que os veículos de comunicação citados na matéria possam propor uma investigação sobre a existência de possível crime, que é o da concorrência desleal. Um processo desses inclui perdas e danos, lucros cessantes, danos morais e danos indiretos, entre outras consequências – afirmou um advogado ouvido pela reportagem do Correio do Brasil, em condição de anonimato.
Em outras palavras, se fosse o inverso e os blogueiros “camaradas” passassem a procurar os anunciantes das Organizações Globo, alertando-os para o risco de anunciar nas rádios, jornais e tevês de uma empresa que apoiou o golpe de 1964 e a ditadura civil militar que se seguiu, estariam passíveis de se ver em um emaranhado judicial. Sobram provas, no entanto, de que as jornalista d’O Globo ligaram para os anunciante de um dos veículos de comunicação citados, em uma inquisição que nem mesmo a repórter Lobo soube explicar direito o porquê de agir desta forma.
– Não vejo sentido em se fazer uma matéria que repercuta outra matéria – disse ela ao CdB, recusando-se a responder à pergunta sobre o objetivo da pauta que expôs a suspeitas infundadas instituições comerciais e governamentais citadas na matéria que assina. A repórter, no entanto, disse que fez seu trabalho baseada em “algo que acredito”, embora tenha se negado a especificar que crença é essa na qual se baseou na tentativa de eliminar a concorrência.
Segundo o jornalista Renato Rovái, um daqueles “blogueiros progressistas” que entrevistaram, na semana passada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um texto publicado nesta quinta-feira, revela que as repórteres do jornal O Globo ”procuraram quase todos os anunciantes da (Revista) Fórum neste momento. (…) E as perguntas eram em tom de interrogatório policial. Na linha do ‘por que vocês anunciam num veículo como este?’ e o ‘o que vocês ganham anunciando num veículo como este?”.
“O Globo inaugurou dessa forma o macartismo comercial. Como não consegue controlar a internet a ponto de nos tirar do ar, como não consegue impedir que nossos veículos parem de crescer e se tornem cada mais importantes, como só perdem espaço no espectro comunicacional, vão tentar nos sufocar pelo bolso. Eles realmente não nos conhecem…”, acrescentou o editor da Revista Fórum, que circula há mais de uma década nas versões online e impressa.
“Após uma insinuação de Merval (Pereira) e (Carlos Alberto) Sardenberg na Rádio CBN de que os blogueiros (ou “alguns” como prefere a jornalista Barbara Marcolini) que foram à entrevista com Lula são corruptos, O Globo decidiu colocar duas de suas mais ‘importantes’ jornalistas investigativas em campo para apurar mais sobre os ‘camaradas’ que entrevistaram o ex-presidente na semana passada”, acrescentou.
Ainda segundo Rovái, “na apuração, a imaginativa repórter Thais Lobo descobriu que este blogueiro, por exemplo, é doutorando em Comunicação pela UFABC, mestre pela USP, tem 28 anos de profissão e alguns livros publicados. Que já trabalhou em diversos veículos de comunicação, incluindo as organizações Globo, e que também é professor de Jornalismo na considerada por muitos rankings como a melhor faculdade do Brasil, a Cásper Líbero. Mas eis que na matéria apareço como um sujeito que trabalhou com política no Diário de São Bernardo. A imaginativa repórter precisava colocar a palavra São Bernardo em algum momento do texto talvez para me tornar mais ‘camarada’ de Lula. E aí inventou um jornal que eu nunca ouvi falar para dizer que trabalhei nele. Eu trabalhei no Diário do Grande ABC, que existe e não é fruto da imaginação de globetes. Alvissaras. O Globo é mesmo Fantástico”.
“Mas a Thais me gravou por 22m50s. E eu também a gravei. E a avisei disso antes e também na hora que começamos a conversa. Fiz assim porque prezo minha profissão e não gravo nem malandro e nem jornalista de O Globo clandestinamente. Sempre fiz todas as minhas apurações às claras. Entre outras coisas entreguei a ela os números de audiência do site da Fórum. Ou seja, os 5 milhões de page views ao mês. E fui generoso. Dei a fonte pra ela checar a informação, o ComScore, que é utilizado pelas agências de publicidade para direcionar investimentos no digital. Essa audiência nos coloca hoje entre os sites mais lidos do Brasil de informação e análise política. E anunciar na Fórum é ótimo, barato e muito melhor do que jogar dinheiro fora em veículos sem credibilidade e reputação. Tanto que a Fórum em pesquisa realizada pela Revista Imprensa ficou em segundo lugar entre as revistas com maior engajamento em redes no Brasil. Anunciar na Fórum é algo defensável sob todos os aspectos técnicos. Nosso CPM (Thais, você sabe o que é isso?) é honestíssimo”, pontuou Rovái.
O mais interessante de tudo isso, segundo o professor e editor da Revista Fórum, “é que O Globo botou a Thais atrás de mim porque o Sardenberg e o Merval podem ser processados (…) por terem insinuado que os blogueiros que foram entrevistar o Lula são corruptos”.
– Dessa vez, O Globo perdeu completamente o horizonte da reputação – concluiu Rovái ao CdB.

do Correio do Brasil 

Imperdível: A entrevista dos blogueiros com Lula (vídeo)

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