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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
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Democratização da Comunicação, Reformas de Base e Direitos Humanos.


Senado debate queixa apresentada por Lula ao Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas

31 de Agosto de 2017, 7:36, por BlogueDoSouza


A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado debateu nesta quarta-feira (30) a queixa apresentada pela defesa do ex-presidente Lula ao Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas.


Entre os participantes da audiência estava o advogado britânico-australiano Geoffrey Robertson, um dos mais renomados juristas que atua na defesa dos direitos humanos e das liberdades civis e que representa o ex-presidente Lula na queixa apresentada por ele na ONU, que denuncia os abusos e irregularidades no julgamento do ex-presidente pelo juiz Sérgio Moro.

Robertson disse que todo cidadão merece um julgamento imparcial e questionou o uso das prisões preventivas que tem sido feito na Operação Lava Jato. Para o advogado, há um alargamento proposital do período de detenção para que os investigados, pressionados psicologicamente, fechem acordos de delação premiada.

"Muitas vezes acontecem delações premiadas questionáveis. Essas delações também acontecem com uma grande redução das sentenças, as pessoas recebem apenas uma fração da sentença que deveriam receber", destacou.

Ele também foi enfático ao afirmar que o juiz Sérgio Moro é parcial. "É muito obvio para qualquer advogado internacional na Europa que ele é parcial", declarou.

Sobre as delações, o advogado disse que presos dirão o que seus algozes quiserem pra serem liberados. "Delações premiadas são questionáveis. É uma prática medieval, é uma tortura", disse o advogado, que defendeu ainda que é preciso "garantir que Lula tenha um processo justo". "E eu não acho que o que acontece agora seja um processo justo", afirmou.

O representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Carlos Moura, falou sobre a diferença de tratamento dada pela polícia brasileira para cidadãos pobres e negros e sugeriu que o advogado de direitos humanos Geoffrey Robertson se debruçasse sobre o instituto do “auto de resistência”, registro policial que tem sido usado para justificar execuções sumárias, sob a alegação de que houve resistência à prisão por parte da vítima.

Do Portal Vermelho, com informações da Agência Senado
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‘Moro será alvo de CPI no Congresso’, diz Damous

30 de Agosto de 2017, 9:11, por BlogueDoSouza


O deputado Wadih Damous (PT-RJ), afirmou nesta terça-feira, 29, que articulará esta semana uma CPI para investigar o juiz Sérgio Moro no Congresso; fato concreto para a investigação é a entrevista do advogado Rodrigo Tacla Duran, que revelou que o advogado trabalhista Carlos Zucolotto Junior, padrinho de casamento de Moro, intermediou negociações paralelas dele com a força-tarefa lava jato; "Tem que investigar Sérgio Moro, a mulher do Sérgio Moro, os procuradores e Zucolotto", disse Damous em vídeo; "Vamos abrir essa CPI e vamos apurar como se dá esse processo de delação"


Do blog de Esmael Morais - O deputado Wadih Damous (PT-RJ), em vídeo distribuído nas redes sociais, informou que articulará esta semana uma CPI para investigar o juiz Sérgio Moro no Congresso.

O fato concreto para pedir a instalação da comissão de investigação é a entrevista do advogado Rodrigo Tacla Duran, que, na Folha, revelou que o advogado trabalhista Carlos Zucolotto Junior, padrinho de casamento de Moro, intermediou negociações paralelas dele com a força-tarefa lava jato.

"Tem que investigar Sérgio Moro, a mulher do Sérgio Moro, os procuradores e Zucolotto", disse o parlamentar ao destacar que Rosângela Moro, mulher do juiz, era sócia no escritório de Zucolotto.

"Essas delações viraram um mercado financeiro, mercando em que há coação, mercado que há extorsões. A operação lava jato é um verdadeiro mercado persa" denunciou o deputado.

Ex-presidente da OAB-RJ, Damous ainda bradou no vídeo: "Vamos abrir essa CPI e vamos apurar como se dá esse processo de delação."

Leia reportagem do 247 sobre o assunto:

Wadih Damous: fatos sobre Moro põem em suspeita toda a Lava Jato

O deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) publicou uma nota em que cobra investigação do Ministério Público - "não o do Paraná, por óbvio" - e do Congresso Nacional sobre fatos envolvendo o nome do juiz Sergio Moro divulgados no fim de semana na imprensa.

Segundo informou a jornalista Mônica Bergamo, o ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran, investigado na Lava Jato, acusa o advogado Carlos Zucolotto Júnior, amigo de Moro, de vender favores na Operação, como a redução de penas e multas.

"Causa profunda estranheza que o juiz Sérgio Moro assuma a defesa enfática de Zucolotto. Causa espécie que o juiz tenha entrado em contato direto com o amigo para enviar uma resposta à Folha de São Paulo", comenta o deputado, que diz ainda que os fatos "põem sob suspeita toda a operação Lava jato".

Leia a íntegra da nota:

Os fatos relatados por Duran são de extrema gravidade

1- Pelo relato, resta incontestável que Moro e Zucolotto são compadres e amigos íntimos e que Zucolotto é ex-sócio da Rosangela Moro (muito estranho ela ter saído do escritório em 2016 quando começaram as primeiras denúncias);

2- De acordo, ainda, com o relato, Zucolotto praticou crimes de tráfico de influência, tráfico internacional de influência, fraude processual e obstrução à Justiça. Se verdadeiros os fatos, Moro e os procuradores seriam cúmplices e por isso precisam ser investigados;

3- Causa profunda estranheza que o juiz Sérgio Moro assuma a defesa enfática de Zucolotto. Causa espécie que o juiz tenha entrado em contato direto com o amigo para enviar uma resposta à Folha de São Paulo.

4- Os procuradores não deram qualquer explicação até o momento;

5- Duran, na verdade, é um doleiro. Por que teria relações com o Zucolotto? Moro diz que ele foi contratado para tirar cópia de um processo. Soa estranho dizer que um doleiro contrata alguém em Curitiba para tirar cópia de processo

6- Moro rejeitou a denúncia que o MPF apresentou contra o Duran;

7- Lula foi condenado por Moro com base na palavra de um criminoso e delator informal - que sequer prestou o compromisso de dizer a verdade.

Em síntese, Moro e os procuradores confinaram diversos acusados na cadeia. Caso se lhes aplique o método que eles mesmos criaram de acusar e julgar, deveriam ser presos imediatamente. Entendo que o Ministério Público, não o do Paraná, por óbvio, e o Congresso Nacional devem investigar esses fatos. Eles põem sob suspeita toda a operação Lava jato.

Wadih Damous - deputado federal e ex-presidente da OAB
Brasil247

Leia também:

 - Wadih Damous: fatos sobre Moro “põem sob suspeita toda a Lava Jato
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TCU isenta Dilma em compra de refinaria em Pasadena

29 de Agosto de 2017, 8:48, por BlogueDoSouza


Uma análise do Tribunal de Contas da União isentou o Conselho de Administração da Petrobras, então presidido por Dilma Rousseff, de ter cometido qualquer “ato de gestão irregular” na compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, em 2006; o TCU já havia isentado Dilma de responsabilidade no episódio em 2014; de lá para cá, porém, Nestor Cerveró, que conduziu o negócio dentro da estatal, e o ex-senador Delcídio do Amaral fecharam acordos de delação premiada com a Lava Jato e disseram que a ex-presidente chancelou o negócio sabendo de todos os seus problemas; relatório dos analistas do TCU e do Ministério Público de Contas contraria a versão dos delatores e mostra que eles mentiram para prejudicar Dilma


Brasil247 - Em tomada de contas especial que investiga a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, em 2006, auditores do TCU (Tribunal de Contas da União) isentam o Conselho de Administração da estatal, à época presidido por Dilma Rousseff, de ter cometido qualquer “ato de gestão irregular” no episódio.

O tribunal já havia isentado Dilma de responsabilidade no episódio em 2014. De lá para cá, porém, Nestor Cerveró, que conduziu o negócio dentro da estatal, e o ex-senador Delcídio do Amaral fecharam acordos de delação premiada com a Lava Jato e disseram que a ex-presidente chancelou o negócio sabendo de todos os seus problemas.

O relatório dos analistas do TCU e do Ministério Público de Contas contraria a versão dos delatores.

A polêmica começa em 2006, quando a Petrobras faz o pagamento de US$ 360 milhões por metade da refinaria de Pasadena, adquirida um ano antes pela empresa belga Astra Oil por US$ 42,5 milhões.

“Note-se que a carta de intenções não era vinculante para a companhia porque o Conselho de Administração não deliberou, no mérito, sobre a aquisição dos 50% remanescentes de Pasadena”, diz o texto dos auditores. “Assim sendo, não há que se falar em responsabilização de seus membros nestes autos”.

A ex-presidente sempre afirmou que a primeira etapa da compra, em 2006, só ocorreu porque o Conselho de Administração não tinha todas as informações a respeito do trato.

Ao relator do caso, o ministro Vital do Rêgo, os analistas do TCU recomendam a responsabilização, entre outros, de Cerveró e do ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli e propõem que ambos sejam inabilitados a ocupar cargo ou função pública por oito anos.

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Partidos progressistas portugueses mostram que é possível romper com 'agressão neoliberal'

28 de Agosto de 2017, 10:17, por BlogueDoSouza


Membro do Bloco de Esquerda, José Manuel Pureza explica de que forma os partidos progressistas portugueses se uniram, desde 2015, para pôr fim à austeridade e resgatar direitos sociais

São Paulo – Professor de economia na Universidade de Coimbra, José Manuel Pureza está em seu segundo mandato como deputado federal em Portugal. Filiado ao Bloco de Esquerda (BE), partido criado em 1999 e que atualmente é a terceira força política mais votada no país, com 19 deputados num universo de 230 parlamentares, Pureza é também vice-presidente da Assembleia da República.

Em suas palavras, o parlamentar define o Bloco de Esquerda como uma legenda da “esquerda socialista, ecologista, feminista, internacionalista, cuja identidade radicaliza nas mobilizações alter-globalização”, conceito que explica o processo de construção de alternativas ao paradigma dominante da globalização econômica e financeira.

Nessa entrevista para a RBA, Pureza aborda as transformações em curso em Portugal desde 2015, quando o Partido Socialista ganhou o governo e, desde então, comanda o país unido a outros partidos de esquerda, pondo em prática uma agenda econômica e social em franca oposição às políticas neoliberais que vinham sendo adotadas anteriormente, seguindo a cartilha da Troika – Comissão Europeia (CE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE).

Segundo Pureza, políticas do atual governo levaram Portugal ao nível mais baixo de desemprego dos últimos 20 anos
Em pouco tempo, os resultados já apareceram. Portugal tem hoje um nível de desemprego de 9%, o mais baixo dos últimos 20 anos, e a economia do país tem crescido com taxas próximas aos 3% ao ano, algo que não acontecia desde o início dos anos 1990.

“Ficou demonstrado que a aposta num modelo de coesão social e não de polarização econômica e social não é incompatível com contas públicas equilibradas. Ao contrário do que a Troika e o governo das direitas diziam, a subida do salário mínimo nacional ou das pensões mais baixas não fez aumentar o desemprego, e a devolução de direitos sociais que tinham sido cortados não conduziu, ao contrário do que apregoavam a Troika e o governo das direitas, a uma recessão econômica”, afirma Pureza.

Para o deputado do Bloco de Esquerda, o atual momento político de Portugal demonstra que as soluções apresentadas pelos neoliberais não são inevitáveis e que existes, sim, alternativas políticas que podem ser aplicadas em benefício das sociedades. Todavia, o professor de economia da Universidade de Coimbra enfatiza que, para pôr em prática essas alternativas, é preciso haver um entendimento entre as diferentes forças políticas do campo da esquerda. Uma costura que em Portugal está sendo feita na base de muita negociação entre o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista Português e a legenda ecológica Os Verdes. 

“Com os resultados das eleições de 2015, o PS teve que escolher entre, por um lado, firmar acordos à direita e manter o rumo das políticas da Troika e do governo das direitas ou, por outro lado, firmar acordos à esquerda e romper com essa política, sendo que as eleições determinaram uma maioria de apoio a essa ruptura.”

“Cada força política mantém plenamente a sua autonomia em tudo o que não consta dos acordos concretos que foram assinados em 2015. Mantendo a autonomia crítica de cada um, verifica-se que as bases sociais de cada um destes partidos veem como positivo o esforço de articulação que tem permitido parar a agressão neoliberal e a abertura de perspectivas de alternativa social para o nosso povo”, explica.

Mesmo do outro lado do oceano Atlântico, o deputado português também acompanha a realidade política do Brasil. Para ele, Michel Temer é o rosto principal do “golpe institucional” que apeou do Palácio do Planalto a ex-presidenta Dilma Rousseff, mas a ruptura democrática brasileira não se encerra com a ascensão de Temer à presidência.

Pureza acredita que as elites do Brasil “apostarão tudo na descredibilização das instituições” para não perder mais poder e impedir que políticas progressistas sejam aprofundadas. Um cenário que exige uma nova articulação no campo da esquerda. “Creio que é necessário, no Brasil, uma esquerda renovada, ambiciosa, forjada nos movimentos sociais e totalmente descomprometida das práticas de corrupção que minam o sistema político do país”, avalia.

Depois da crise de 2008, Portugal aderiu à cartilha econômica da Troika, que defendia um forte ajuste fiscal, com corte em investimentos e benefícios sociais. Desde o começo do atual governo, entretanto, essa visão mudou. Como ocorreu essa transformação?

Essa mudança resultou dos resultados das eleições parlamentares de 2015, que deram uma maioria de votos aos partidos de esquerda. Foi possível encontrar um entendimento político entre esses partidos (Partido Socialista, Bloco de Esquerda, Partido Comunista Português e Partido Ecologista Os Verdes), que teve como núcleo essencial a rejeição do modelo de política seguido até então e uma recuperação dos rendimentos retirados dos trabalhadores e dos setores mais vulneráveis da sociedade portuguesa, através de uma tímida, mas efetiva reposição de salários e de pensões, e de alguns direitos sociais e econômicos fundamentais.

Com um ano e meio de mandato, o atual governo já apresenta resultados positivos na macroeconomia, colocando em prática medidas que não são aquelas defendidas pela Troika. Como isso tem sido possível?

A Troika e o governo das direitas agrediram o povo português com o pretexto de que as políticas de redistribuição dos rendimentos – seja diretamente (salários e pensões), seja indiretamente (direitos sociais e serviços públicos de educação, saúde, transportes etc.) – eram 'luxos' que nos faziam 'viver acima das nossas possibilidades'. A política que impuseram foi de cortes sucessivos de rendimentos dos mais pobres e da classe média e de esvaziamento dos direitos sociais e econômicos, conduzindo a uma transferência inédita de rendimento do trabalho para o capital. 

"Mas o que a atual situação em Portugal demonstra é que o caminho indicado pelos neoliberais não é inevitável e que há alternativas efetivas de política que não são utopias, mas que podem ser postas em prática em benefício das sociedades."

Ora, a reanimação do mercado interno, permitida pela recuperação de rendimentos adotada desde 2015 pelo governo apoiado pela esquerda, teve um efeito positivo direto e induziu uma confiança de investidores e de consumidores que potencializou esse efeito. No essencial, ficou demonstrado que a aposta num modelo de coesão social e não de polarização econômica e social não é incompatível com contas públicas equilibradas. Ao contrário do que a Troika e o governo das direitas diziam, a subida do salário mínimo nacional ou das pensões mais baixas não fez aumentar o desemprego, pelo contrário, Portugal tem hoje um nível de desemprego (9%) que é o mais baixo dos últimos 20 anos. E a devolução de direitos sociais que tinham sido cortados não conduziu, ao contrário do que apregoavam a Troika e o governo das direitas, a uma recessão econômica: Portugal tem hoje um crescimento econômico próximo dos 3%, algo que não acontecia desde o início dos anos noventa.

Quais foram os principais desafios para essa mudança de rumo?

Um desafio social e econômico – a recuperação dos rendimentos cortados pelas políticas de direita da Troika e do governo das direitas – e um desafio político: uma negociação permanente entre os partidos de esquerda para concretizar essas medidas. A direita chamou depreciativamente essa solução de "geringonça". Mas o povo reapropriou-se desse termo para elogiar os resultados de uma solução política que não é uma aliança, não é uma coligação, não é sequer uma frente eleitoral. Trata-se de um governo do Partido Socialista com apoio parlamentar das esquerdas para as políticas que foram objeto de entendimento comum entre esses partidos, mantendo a autonomia de cada partido para tudo o mais, mas que tem produzido resultados econômicos e sociais indiscutivelmente positivos.

Considerando a histórica divisão dos partidos de esquerda, como tem sido o trabalho para manter essa unidade?

A solução de governança atualmente em vigor em Portugal não supõe, como já referi, nenhuma unidade programática entre os partidos que apoiam, no essencial, as políticas do governo do Partido Socialista. Cada força política mantém plenamente a sua autonomia em tudo o que não consta dos acordos concretos que foram assinados em 2015. Isto dito, todos os partidos envolvidos têm consciência de que só uma negociação permanente das principais decisões de política econômica e social permitirá concretizar os objetivos que levaram à assinatura desses acordos e ao desenvolvimento de novos objetivos comuns. O trabalho de negociação decisão a decisão, política a política, tem sido, por isso, o essencial do cimento que une os partidos de esquerda. É verdade que a tradição (também) em Portugal é a de divisão destes partidos. Mas, mantendo a autonomia crítica de cada um, verifica-se que as bases sociais de cada um destes partidos veem como positivo o esforço de articulação que tem permitido parar a agressão neoliberal e a abertura de perspectivas de alternativa social para o nosso povo.

Qual o papel do Partido Socialista na base de apoio ao governo?

O Partido Socialista (PS) tem uma trajetória histórica de compromisso entre uma linha de transformação progressista da sociedade portuguesa e uma linha de manutenção da estrutura econômica e social, sendo que esta última tem na integração europeia de Portugal o seu argumento principal. O PS não mudou a sua identidade no essencial: continua a ser um partido de compromisso entre políticas progressistas de esquerda e políticas europeístas tendencialmente liberais (ou mesmo conservadoras). O que mudou foi a relação de forças entre o PS e os partidos à sua esquerda. Com os resultados das eleições de 2015, o PS teve que escolher entre, por um lado, firmar acordos à direita e manter o rumo das políticas da Troika e do governo das direitas ou, por outro lado, firmar acordos à esquerda e romper com essa política, sendo que as eleições determinaram uma maioria de apoio a essa ruptura. A solução política atual se manterá na medida em que a relação de forças à esquerda o determinar. Quanto mais forte, social e eleitoralmente, forem os partidos à esquerda do PS, mais força terá a negociação para políticas progressistas para Portugal. 

"Por isso, creio que é necessário, no Brasil, uma esquerda renovada, ambiciosa, forjada nos movimentos sociais e totalmente descomprometida das práticas de corrupção que minam o sistema político do país."

Como tem sido o apoio, em geral, da sociedade portuguesa ao atual governo?

Há claramente uma opinião maioritariamente favorável à orientação que tem sido seguida depois de 2015. Isso concretiza-se em todas as sondagens de opinião e nos indicadores de confiança de vários tipos na economia portuguesa. Ainda assim, quero referir dois pontos críticos desta situação: em primeiro lugar, essa satisfação, em vez de conduzir a um reforço do movimento social em Portugal (sindicatos, movimentos de opinião, ativismos sociais diversos), tem convivido com uma situação geral de passividade social, a maioria das pessoas espera que o governo resolva os problemas existentes em vez de se organizar para radicalizar lutas e pressionar politicamente quem toma as decisões.

Em segundo lugar, a simpatia com a orientação seguida, desde 2015, não faz ignorar os claros limites das políticas de recuperação de rendimentos e de direitos adotadas desde então. Na verdade, a dimensão e a intensidade dessa recuperação de rendimentos e de direitos são profundamente limitadas pelas regras impostas pela União Europeia, designadamente em matéria de déficit orçamental. Há uma contradição evidente entre o cumprimento obediente dessas regras europeias e a prossecução de um caminho de alargamento dos direitos e de maior justiça social. Essa contradição é inegável e o modo como lhe for dada resposta será o maior dos testes à permanência da atual articulação entre os partidos de esquerda.

As ações do atual governo português podem servir de exemplo para outros países europeus ou latino-americanos que também vivem uma crise econômica e estão adotando as medidas neoliberais?

Nenhum país pode ser modelo de outro país. As circunstâncias sociais, econômicas e culturais de cada povo são sempre singulares. Mas o que a atual situação em Portugal demonstra é que o caminho indicado pelos neoliberais não é inevitável e que há alternativas efetivas de política que não são utopias, mas que podem ser postas em prática em benefício das sociedades. E mostra também que pode haver entendimentos entre forças políticas com perspectivas diferentes para pôr em prática essas alternativas. Mostra, finalmente, que o que determina o conteúdo concreto dessas políticas alternativas é sempre a relação de forças e não a simples vontade de negociar.

Como o senhor tem visto a crise brasileira, desde o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff?

Acompanho com a maior preocupação a atual situação política no Brasil. O ataque a Dilma Rousseff consumou-se com um golpe inconstitucional, é essa claramente a minha leitura. Michel Temer é o rosto principal desse golpe, mas ele não terminou com a subida de Temer à presidência. As elites empresariais brasileiras viram-se forçadas, num primeiro momento, a aceitar políticas de redistribuição da riqueza (primeiro mandato de Lula) para evitar convulsões sociais incontroláveis que se virariam contra elas. Mas não estão dispostas a ceder mais e não hesitarão em fazer tudo o que puderem para impedir que políticas progressistas sejam aprofundadas e lhes retirem mais poder. Apostarão tudo na descredibilização das instituições para atingir esse objetivo. Por isso, creio que é necessário, no Brasil, uma esquerda renovada, ambiciosa, forjada nos movimentos sociais e totalmente descomprometida das práticas de corrupção que minam o sistema político do país.
por Luciano Velleda para a RBA

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Haddad: sem democratização da mídia, só haverá retrocesso

27 de Agosto de 2017, 15:52, por BlogueDoSouza

Haddad: "eles não têm um projeto de país. É o projeto de desfazer" (Crédito: Barão de Itararé)
PHA, Dino e Haddad discutem projeto contra-hegemônico de regulação da mídia

Construir um projeto contra-hegemônico de comunicação. Esse foi um dos pontos apontados nos discursos durante a abertura do seminário “Desafios da comunicação nas administrações públicas”, iniciado nesta sexta-feira (25), em São Luís do Maranhão, com a presença de jornalistas, autoridades, lideranças políticas e sociais.

O evento é promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, e continua neste sábado (26), Coordenada pelos jornalistas Renata Mielli (Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação) e Paulo Henrique Amorim, a primeira rodada de debates foi de peso: o governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB), o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT); o ex-prefeito de Belém e deputado federal Edmilson Rodrigues (Psol) e o atual prefeito de Macapá, Clécio Luís (Rede).

Segundo Flávio Dino, a única utilidade que é possível apontar da atual crise política e institucional, e que sempre foi velado em nossa sociedade na narrativa oficial dos meios de comunicação, foi a luta de classes.

“Esta crise serviu para atualizar a compreensão do pensamento progressista e da sociedade, de um modo geral de que, de fato, temos interesses conflitantes, que se organizam, manifestam e lutam de várias formas em várias arenas e por vários instrumentos”, enfatizou o governador.

Ele salientou que os governos progressistas sofrem as consequências práticas e cotidianas da articulação que há dos blocos de interesses.

Manchetômetro

O governador apresentou como exemplo desse embate de interesses um levantamento de mídia, o chamado manchetômetro, com um cálculo que comprova a manipulação midiática usada como um instrumento de oposição ao governo.

De acordo com os dados, o jornal ligado à família Sarney – proprietária dos principais veículos de comunicação no estado -, veiculou em 2014, último ano de governo de Roseane Sarney, 66% de manchetes positivas em referência à gestão; 5% negativa; e 29% neutra.

No ano seguinte, em 2015 - primeiro ano de governo de Flávio -, apenas 8% das manchetes positiva, se contrapondo aos 66% do período anterior. Já as negativas, saltaram de 5% para 53%. As manchetes neutras também subiram: 39%.

Em 2017, ano pré-eleitoral, o número de manchete positiva caiu para 3%. “Estou igual ao Temer”, brincou Flávio Dino, em referência à popularidade do ilegítimo.

“É uma violência simbólica que a gente sofre com esses oligopólios governando frações do estado”, frisou.

Democracia

Para o ex-prefeito Fernando Haddad, o país precisa passar por um verdadeiro processo de redemocratização. “A democracia não é um processo natural é uma conquista civilizatória”, disse ele, destacando que hoje vivemos um processo de desconstituinte e estado de exceção.

“Eles [golpistas] não têm um projeto de país. É o projeto de desfazer. É uma desconstrução que estão fazendo e a cada dia é uma notícia nova e ruim”, afirmou o ex-prefeito, citando o ataque aos direitos trabalhistas.

“Devemos ampliar a diversidade dos meios de comunicação ou corremos o risco de grande retrocesso”, declarou Haddad, que defendeu a urgência da regulação da mídia.

Ele também falou sobre o papel das redes sociais na construção do discurso de ódio e de desconstituição.

“Há forte interferência do dinheiro nas redes sociais. O modelo de negócio é baseado numa publicidade em que promove o encontro entre os seus iguais. O interesse da internet não é de promover a interação humana. Criam bolhas em que os estereótipos e preconceitos são reforçados”, afirma.

O prefeito de Macapá, Clécio Luís, resgatou o contexto histórico da formação do Amapá e a forte influência oligarca forjada na exploração de minério da região.

“A maior mina de manganês do mundo, de 1943 a 1990, era do Amapá. A partir daí, formou-se uma sociedade que se domesticou, pois o Estado [detentor dessa riqueza] dava emprego, casa”,

Ele salientou que a comunicação na administração pública deve priorizar a realidade, sem deixar de promover a responsabilização do cidadão para que este sinta-se parte do governo e ajude a definir os rumos da administração.

Edmilson Rodrigues, deputado federal pelo Psol e ex-prefeito de Belém, disse que os meios de comunicação ligados a parte da elite brasileira buscam disseminar o pessimismo.

“Não pensem que não é intencional. Mas não é possível acreditar que Humanidade tenha como futuro a barbárie. A barbárie é hoje. O amanhã é outro”, afirmou.

“Temos que ter um projeto contra-hegemônico. Nós temos muito em comum, mas ainda temos muito a agir em comum”, defendeu. “É importante construir meios alternativos. E as redes sociais são fundamentais. Não podemos ficar fora dela”, completou.

Assista o vídeo:  https://www.facebook.com/baraomidia/videos/1150096905124174/

Paulo Henrique Amorim
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