Seja uma garganta inflamada ou um dedo inflamado, quando pensamos em inflamação sempre vem à mente a ideia de que algum órgão específico foi atingido, deixando-o avermelhado e dolorido. Isso acontece quando a inflamação é localizada e aguda, podendo ser causada por vírus, bactérias e traumas.
Contudo, a inflamação é muito mais do que um corte ou uma região dolorida. Na verdade, a inflamação é um processo de defesa do organismo que também pode ocorrer de forma difusa e crônica. Mas, o que isso quer dizer?
Várias doenças estão associadas à inflamação crônica, desde o diabetes até a aterosclerose (depósito de gordura na parede das artérias, passando também pelo ganho de peso). Em especial sobre o ganho de peso, o acúmulo de gordura nas células de estoque - os adipócitos - gera uma cascata de processos inflamatórios no organismo que podem elevar o colesterol ruim e, inclusive, desorganizar alguns eixos hormonais e causar resistência à insulina. Porém, existe um detalhe muito importante: esse tipo de inflamação não gera dor, nem vermelhidão ou calor.
A explicação para isso é o excesso de gordura gera uma resposta dos adipócitos, fazendo com que essas células tão especiais liberem uma série de substâncias que ativam o sistema imune e aceleram a aterosclerose, coagulação e tornam as moléculas de colesterol ruim ainda mais densas - facilitando sua entrada na parede dos vasos sanguíneos.
Desta forma, é possível dizer que tudo isso provoca um círculo vicioso: ganho de peso gera inflamação, que por sua vez gera mais ganho de peso. Além disso, o ganho de peso gera inflamação, que gera resistência à insulina, que gera mais inflamação e mais ganho de peso e todas as peças se encaixam nesse ciclo.
É possível detectar o aumento de risco de inflamação através de exames, sendo o mais comum a dosagem de uma substância inflamatória chamada Proteína C Reativa. Ela sobe quando há um processo inflamatório em curso no organismo, seja ele agudo ou crônico. No entanto, sintomas como cansaço, desânimo e perda do rendimento nas atividades diárias podem indicar necessidade de investigação.
Alguns alimentos também podem atuar gerando mais propensão à inflamação no organismo, entre os mais perigosos está a gordura trans. A gordura trans é modificada quimicamente por um processo chamado de hidrogenação, que aumenta sua validade e a deixa mais sólida. Os alimentos que são feitos com a gordura trans são mais crocantes e sequinhos justamente por causa dessa sua característica mais consistente.
Entretanto, o grande problema de ingerir gordura trans é que ela está diretamente relacionada com a formação e ao aumento dos níveis do colesterol ruim no nosso organismo e, por elevar os níveis de substâncias inflamatórias no organismo.
Ainda falando de alimentos inflamatórios, estão na lista o açúcar branco e os carboidratos simples, como os derivados de farinhas brancas ou arroz branco que, se ingeridos em excesso levam o organismo a liberar insulina a mais para poder digeri-los. Insulina em excesso por longos períodos levando ao ganho de peso pode causar resistência à insulina que finalmente leva ao ciclo vicioso de mais inflamação no organismo.
Finalmente importante é entender que a perda de peso e o controle de fatores de risco como parar de fumar, combater o sedentarismo, melhorar o sono e realizar práticas que reduzam o estresse (como meditar) são pilares importantes quando definimos que precisamos "desinflamar". Tudo é um conjunto: a alimentação é a base mas os hábitos também são essenciais para desfazer esse ciclo.
por TNH