Cebolinha e Yuri apresentam o "Bonde do Passinho" na Câmara. Foto: Zeca Ribeiro/ Câmara dos Deputados
Com o propósito de mesclar atos artísticos para a defesa da cultura e sua transversalidade no fazer legislativo, os Manifestos Culturais fecham o ano com uma homenagem ao funk – reconhecido como manifestação cultural pela Comissão de Cultura no dia 4 de setembro, com a aprovação do PL 4.124/2008, do deputado Chico Alencar (Psol/RJ).
Para tanto, a Comissão de Cultura trouxe para o Hall da Taquigrafia o “passinho”, uma nova forma de dançar o funk que vem revolucionando os bailes nas comunidades nos últimos 10 anos. Cebolinha, Yuri e Camarão Preto vieram do Rio de Janeiro para mostrar no Congresso o ritmo que já faz sucesso nas favelas cariocas.
O "passinho" surgiu no Rio de Janeiro em meados dos anos 2000. Começou como uma brincadeira nos bailes e logo ganhou ares de disputa. Começaram então as “batalhas do passinho” – que originaram o documentário A batalha do passinho, dirigido por Emilio Domingos. “No início as favelas não eram pacificadas ainda, mas a gente ia pra favela rival pra fazer a batalha”, conta Camarão Preto.
Hoje, o “passinho” também carrega novos desafios, como o de enfrentar o preconceito da sociedade contra o funk e de ser uma alternativa à criminalidade para as crianças das favelas cariocas. “A molecada quer dinheiro, fama. Antes só se conseguia isso sendo bandido, mas com o passinho isso mudou. Agora as crianças vêm no “passinho” outras possibilidades também”, afirma Jefferson de Oliveira Chaves, o Cebolinha.
A escolha do “passinho” para o último Manifesto Cultural realizado pela Comissão de Cultura não foi à toa. A ideia era fechar o ano com a representação cultural que representasse “a cara” da Comissão de Cultura em seu primeiro ano. Para a presidente do colegiado, deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), o “passinho” é uma expressão da juventude das comunidades. Uma expressão que integra, eleva autoestima, junta os jovens. “Foi importante trazer para dentro do universo do Congresso essa manifestação cultural e também dar a eles uma trilha, um caminho, de que não há orfandade aqui, ou seja, que politicamente nós vamos conduzir as demandas desse movimento como de outros movimentos da cultura popular. Fechamos o ano com a expressão do que essa Comissão tentou fazer o ano todo, que é ampliar o universo do Congresso Nacional, divulgar a cultura popular brasileira. Expressando para o Brasil as diversas formas de expressão artística que o Brasil tem, nas suas diversas linguagens”, afirmou a parlamentar.
Também foi exibido um trecho do documentário A batalha do passinho. Produção independente, o filme ganhou o prêmio de Melhor Filme na Mostra Novos Rumos da Premiére Brasil – Festival do Rio; e de Melhor Longa-metragem pelo júri popular no Festival de Cinema Curta Amazônia. Para Julia Mariano, produtora e roteirista do documentário, trazer o filme e os meninos para o Congresso foi mais um passo para enfrentar o preconceito que o funk carioca ainda sofre.
“O ‘passinho’ é a expressão cultural mais importante do Rio de Janeiro dos últimos 10 anos e vem mudando a cara das favelas. Então, estar aqui pra gente é um reconhecimento do trabalho que a gente vem fazendo e das dificuldades que a gente passou para realizar esse filme de forma independente. Além do reconhecimento do ‘passinho’ e do funk como expressões culturais essenciais”, destacou.
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