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Análise do Filme “E se vivêssemos juntos?”: a beleza da terceira idade

23 de Junho de 2014, 18:18 , por Rafael Pisani Ribeiro - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Licenciado sob CC (by-nc-sa)

 

Annie (Geraldine Chaplin), Jean (Guy Bedos), Claude (Claude Rich), Albert (Pierre Richard) e Jeanne (Jane Fonda) estão ligados por uma forte amizade que já dura há mais de 40 anos. Assim, quando a memória falha, a velhice mostra sua força e o fantasma da casa de repouso vem assombrá-los, eles decidem viver juntos. O projeto parece loucura, mas a convivência traz velhas lembranças, novas perspectivas e um novo desafio: viver em república com mais de 75 anos.[1] A partir disso uma relação entre vários idosos cuidando de si, com os defeitos e qualidades transparecendo começa a nascer. ( Link para assistir ao filme caso não tenha assistido http://3000filmes.com/e-se-vivessemos-todos-juntos-legendado/  caso leia, isso irá aumentar a curiosidade em assistir o filme.)

 

Nessa república as características individuais influenciam o comportamento geral e a relação. Albert possui síndrome de Alzheimer por isso esquece as coisas e faz anotações constantes. Claude ultrapassa o estereótipo de idoso assexuado por isso sofre preconceito, preocupa os amigos e sofre parada cardíaca causada pelo Viagra. Jeanne conserva sua juventude apesar de seus problemas e nunca falar deles. Annie não possui nenhum problema de saúde, mas sofre por não conseguir atrair os netos para sua casa. Jean não quer esquecer sua juventude quando participou da política e se incomoda por ser sempre ignorado. O ápice é quando joga uma garrafa em um policial e é ignorado. Albert é casado com Jeanne e Jean com Annie, onde os dois casais formam pólos opostos entre si, isto é, Jeanne transparece juventude, Albert velhice. Jean transparece não tradicionalismo, Annie tradicionalismo. Jeanne adquire no filme a função de contar como é o universo da terceira idade ao jovem Antropólogo Dirk, passando a sua experiência para o jovem resolver crises existenciais. Além disso, há o sexto convivente da casa, o Antropólogo Dirk que através da sua pesquisa passa a morar com eles, fazendo com que juventude e terceira idade aprendam entre si.  Imagine tudo isso em uma mesma casa?

 

É o que ocorre durante o filme. Muitas cenas engraçadas, ainda que tristes. Os esquecimentos de Albert, as extravagâncias de Jeanne e os conselhos dados a Dirk, as “saidinhas” de Claude, as constantes tentativas políticas de Jean e o grande traço familiar de Annie. Ainda assim, em alguns momentos o filme deixa transparecer o fato de que ali existem 5 idosos e por isso algumas coisas deixam de ser possíveis a eles porque o corpo já não agüenta e até mesmo acidentes ocorrem devido à idade.  Nas cenas do hospital quando Claude está na cama um contraste aparece entre o grupo dos 5 idosos e o resto dos idosos do hospital, lá existe uma vida fria, sem sal, sempre parados, sendo o ápice a idosa que invade o quarto de Claude para procurar seu dente.  O filme também nos faz perguntar sobre o valor dos animais de estimação. Quando o cachorro de Albert faz com que ele sofra um acidente, e por isso é levado embora seus amigos o trazem de volta, fazendo com que toda a vitalidade perdida pela falta do cachorro retorne, afinal era seu fiel companheiro. E nesse tempo de convivência também aparecem conflitos.

 

Ao descobrir uma carta de Jeanne a Claude Albert vai questioná-los sobre o fato de ela e Annie ter traído ele e Jean com Claude e a situação tem diferentes resoluções.  Albert decide arrancar a página em que escreveu esse fato no caderno, e assim esqueceu, no entanto, Jean não aceita o fato e vai conversar com Claude, mas ao fim, mesmo com brigas tudo se resolve. Chegando ao final do filme talvez ocorra à cena mais chocante. Jeanne, com aparente vitalidade finalmente morre devido ao câncer que tem e nunca contou a ninguém. Todos choram, até que se acostumam. No entanto Albert um dia acorda e esquece que Jeanne morreu, passando a chamá-la todo o tempo. Pergunto a vocês: o que fazer nessa hora quando alguém com Alzheimer esquece que o ente querido morreu? Os amigos dele tiveram uma solução muito prática- deixar ele chamá-la até que se lembre, e todos a chamam juntos. E assim termina o filme, um chamado coletivo a quem morreu até que a memória volte.

 

Para finalizar acho que o filme brinca e ironiza com as preocupações básicas dos idosos, sua sexualidade, principalmente quanto à mulher. Esse conflito se mostra no ápice quando Claude lê o livro “Memórias de minhas putas tristes.” e Jeanne comenta sobre isso com Dirk. Mostra também que em hospitais o olhar sobre o idoso é focado em suas deficiências, e não na pessoa que lá está. Mostra também que mesmo na terceira idade podem haver crises de identidade, ainda que de forma diferente que a dos jovens. Ainda assim, considero o ponto alto da convivência deles o modo de organização escolhido por eles e as falas de Jeanne. Quando na conversa com Dirk diz: “Pare de pensar que os velhos são assexuados. Não somos anjos, sabe?”. No momento em que estão discutindo todos juntos para ver como vão se organizar na casa surgem propostas principais. Um sistema de coletividade onde um compensa as pendências do outro a livre escolha. Para de fato entender como funcionou o sistema vale a pena ver o filme, mas fiquemos com a frase de Jeanne “O que significa construir uma vida? Ficar em casa ao invés de descobrir o mundo?”

 

Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

 

 Escrito por: Rafael Pisani em 11/11/2013.

 

Referencias:

 

Disponível em: http://3000filmes.com/e-se-vivessemos-todos-juntos-legendado/ / http://3000filmes.com . Data de acesso: 12 de junho de 2014

 


Fonte: Rafael Pisani Ribeiro

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