Audiência pública na Câmara dos Vereadores carioca questiona gestão do prefeito, que cortou R$ 100 milhões do orçamento da pasta que provê acolhimento de vulneráveis.
Por Redação, com RBA – do Rio de Janeiro
A Comissão Especial da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro discutiu, nesta terça-feira, o aumento da população de rua na capital e a falta de estrutura nos abrigos. Representantes das redes de atendimento, do Ministério Público e da Secretaria Municipal de Assistência Social criticaram a falta de empenho do prefeito Marcelo Crivella (PRB) para combater o problema.
De acordo com entidade especializada, o número de pessoas passa dos 20 mil, na capital do Rio de JaneiroNa audiência foi questionada a atual política de acolhimento da gestão Crivella, que cortou R$ 100 milhões do orçamento da pasta. Os centros de atendimento ficam em bairros distantes e por isso mantém vagas ociosas. Dos três hotéis populares mantidos pela prefeitura, apenas um fica próximo do centro, na Central do Brasil. Entretanto, o prédio, sob a responsabilidade de uma empresa terceirizada, está com sérios problemas de manutenção.
– Abrigos grandes não têm condições ressocializar as pessoas. Os dados da prefeitura mostram que só 10% das pessoas saem para as suas casas e 90% voltam para a rua. A solução é criar pequenos abrigos espalhados pela cidade, com atendimento mais individualizado, garantindo melhor resultado – afirma Marcelo da Costa, do Fórum da População em Situação de Rua, à TVT.
No último levantamento foram encontradas, em apenas um dia, cinco mil pessoas vivendo nas ruas e a maioria no centro do Rio de Janeiro. A pesquisa é de 2017 e, por falta de atualização nos dados, a prefeitura não sabe de onde vem, quem são essas pessoas e nem o tamanho dessa população de rua.
Desemprego
– O número de pessoas muito provavelmente passa dos 20 mil. A gente precisa de pesquisas sérias para confirmar isso. No atendimento diário, a gente percebe pessoas chegando à rua por conta do desemprego, isso é muito grande e está aumentando muito – alerta Marcelo, à repórter Carmen Célia.
O secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, João Mendes de Jesus, diz reconhecer que o trabalho tem sido pouco eficiente nesses dois anos e meio de gestão, mas culpa a crise financeira.
Diante da situação, os especialistas afirmam ser é urgente a regulamentação de um comitê com ampla participação da sociedade civil, para colher essas pessoas e criar oportunidades. “A gente precisa trabalhar a autonomia dessa pessoa, mas com acesso ao emprego e à habitação para poder seguir sua vida”, cobra Roberta Rosa, promotora do Ministério Público do RJ.