Em entrevista antes do lançamento oficial de livro de memórias, ex-diretor do FBI afirma que o presidente dos Estados Unidos “mente constantemente” e que suas atitudes não refletem os valores norte-americanos
Por Redação, com DW – de Washington:
O ex-diretor do FBI James Comey lançou novas críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a quem chamou de “moralmente inapto” para ocupar o cargo mais alto do país, em entrevista à emissora ABC News no domingo.
No livro “A higher loyalty”, Comey detalha suas interações com o presidente, que diz agir como um chefe da máfia
– Alguém que vê equivalência moral em Charlottesville (em referência aos atos de violência numa marcha de supremacistas brancos); que se refere e trata as mulheres como se fossem pedaços de carne; que mente constantemente sobre assuntos de grande e pequena importância e insiste que a população norte-americana acredite nele; essa pessoa não está apta para ser o presidente dos EUA, sob a ótica moral – disse Comey, que foi demitido por Trump no ano passado.
Ao ser questionado se o presidente tentou obstruir a Justiça ao sugerir; que o FBI abandonasse o inquérito envolvendo o ex-assessor de Segurança Nacional da Casa Branca Michael Flynn, Comey disse que “possivelmente” sim.
– Valores são importantes – disse Comey à ABC News. “Este presidente não reflete os valores desse país.” Ele avaliou que Trump vai “manchar todos ao seu redor”; ao se referir aos que trabalham na Casa Branca. “A questão é: o quanto serão manchados; e o quanto isso os deixará incapacitados de atingir o objetivo de proteger e servir o país?”
Comey, porém, disse que não deseja que o presidente seja alvo de um processo de um impeachment; uma vez que isso tiraria da população o poder de decidir sobre o futuro político do país. “As pessoas têm que ir para as cabines de votação e votar a favor de seus valores”, afirmou.
Polêmica em torno de livro
O livro de memórias de Comey A higher loyalty (Uma lealdade superior, em tradução livre); que será lançado oficialmente nesta terça-feira, traz detalhes sobre suas interações com o presidente; que, segundo afirma, age como um chefe da máfia.
O título do livro faz referência à “lealdade” que Comey afirma ter sido pedida por Trump antes de demiti-lo; há quase um ano. O ex-diretor do FBI diz ter sido afastado em razão das investigações sobre uma possível interferência russa nas eleições de 2016.
O conteúdo do livro enfureceu Trump. Em uma série de comentários no Twitter; o presidente negou a versão de Comey sobre as interações entre ambos; e chegou a afirmar que ele foi o pior diretor da história do FBI.
Trump refutou a afirmação de Comey de que teria lhe pedido lealdade durante um jantar em janeiro de 2017. “Eu nem bem conhecia esse cara. Isso é apenas mais uma de suas muitas mentiras”; rebateu, defendendo que o ex-diretor deveria ser preso por ter supostamente vazado informações confidenciais e mentido durante seu depoimento no Senado.
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