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Crimes com provas e confissões

May 16, 2018 10:20 , von Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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A própria Comissão da Verdade já havia confirmado isso, com investigação e depoimentos de vários casos concretos. Mas os militares tinham se outorgado uma lei de autoanistia

Por Emir  Sader – de São Paulo:

Ninguém duvidava que a ditadura militar instaurada em 1964 no Brasil era a responsável pela morte de grande quantidade de opositores. A própria Comissão da Verdade já havia confirmado isso, com investigação e depoimentos de vários casos concretos. Mas os militares tinham se outorgado uma lei de autoanistia, pela qual ficavam livres dos crimes cometidos, inclusive aqueles inafiançáveis pelo direito internacional, como o uso sistemático da tortura. 

Crimes com provas e confissões

CIA

A divulgação, pela CIA, de documento em que os próprios ditadores; nesse caso, Médici, Geisel e Figueiredo; assumiam a responsabilidade da execução sistemática de militantes presos, confirma, de forma inegável; que se tratava de uma prática de toda a instituição militar, do começo ao fim do período ditatorial.

E não poupa nem sequer a Geisel, a quem alguns queriam não atribuir responsabilidades nas formas mais brutais da repressão. 

E agora, como reagirá o STF, que deveria de imediato colocar em pauta a rediscussão da lei de autoanistia? O Congresso deveria fazer o mesmo. A mídia deveria editorializar de maneira vigorosa, fazendo autocrítica de ter sido conivente com a ditadura e a repressão que ela colocou em prática.

Os oficiais das Forças Armadas e a própria instituição militar deveriam se pronunciar, assumindo os graves crimes cometidos. Os partidários de um novo regime militar deveriam vir a público manifestar sua rejeição ao que foi feito durante a ditadura. 

História do Brasil

A partir de agora fica registrado na história do Brasil esses crimes cometidos por ditadores que se apossaram do Estado brasileiro. Os nomes desses ditadores devem ser banidos de qualquer espaço público; como forma de rejeição dos assassinatos cometidos contra brasileiros; que lutavam pela democracia e foram vítimas de execuções por militares; que se valeram do aparato de Estado para atuar selvagemente contra a democracia e contra os que a defendiam. 

Caso não se manifestem, caso o país não volte a discutir a tal autoanistia; a história do país estará manchada pela conivência de instituições com a tortura e o extermínio dirigidos diretamente da chefia do Estado e por aqueles que eram os ditadores de plantão.

Comissão da Verdade

Que a Comissão da Verdade volte a se reunir e a aprofundar a busca das informações e o envolvimento de todos os; que se comprometeram com essas ações bárbaras. Que os meios de comunicação comprometidos com a democracia dirijam esforços para esclarecer tudo o que ocorreu; incluindo os nomes dos carrascos e das suas vítimas.

Um país não pode conviver com essas atrocidades sem reescrever a sua história; nos livros didáticos, na memória do país, nos documentos oficiais sobre aqueles anos hediondos, sem passar tudo a limpo.

Diz-se que os brasileiros nao têm memória. Mas há mecanismos institucionais que promovem o esquecimento, que buscam apagar da história e da memória das pessoas, o que não lhes interessa.

Porque grande parte da elite brasileira esteve comprometida com a destruição da democracia durante mais de 20 anos; foi conivente, ativa ou passiva, com as torturas e as execuções contra os que defendiam o retorno da democracia.

A memória e a desmemória 

A memória e a desmemória não são espontâneas, são fabricadas, construídas e desconstruídas, por mecanismos que fabricam a opinião pública, conforme a expressão de Noam Chomsky.

Agora, todos sabemos a verdade, ninguém mais pode se fazer de desentendido, todos os que têm dignidade; têm que sair a condenar publicamente aquela ação de governantes que ilegitimamente se apropriaram do Estado e cometeram crimes sistemáticos contra cidadãos tomados presos por sua luta de resistência. 

Que venham a público dizer que se equivocaram ao apoiar um regime genocida ou reafirmar seu compromisso com a repressão e a destruição da democracia e dos democratas. Já não há mais inocentes no Brasil.

Emir  Sader, é um sociólogo e cientista político.

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