O Facebook rejeitou a sugestão de que violou as leis de proteção de dados e de concorrência, e disse que compartilha as preocupações do comitê sobre notícias falsas e integridade nas eleições.
Por Redação, com Reuters – de Londres/Washington
O Facebook intencionalmente violou a lei de privacidade e concorrência de dados e deve, juntamente com outras grandes empresas de tecnologia, estar sujeito a um novo regulador para proteger a democracia e os direitos dos cidadãos, disseram parlamentares britânicos nesta segunda-feira.
Parlamentares da Europa e dos Estados Unidos estão lutando para enfrentar os riscos impostos pelas grandes empresas de tecnologiaEm um relatório condenatório que destacou o presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, pelo que disse ser um fracasso de liderança e responsabilidade pessoal, o Comitê Digital, de Cultura, Mídia e Esporte do parlamento britânico disse que as empresas de tecnologia se mostraram ineficazes em interromper o conteúdo prejudicial em suas plataformas.
Isso incluiu desinformação, tentativas de países estrangeiros de influenciar eleições e riscos para dados pessoais.
– Precisamos de uma mudança radical no equilíbrio de poder entre as plataformas e as pessoas – disse o presidente do comitê, Damian Collins.
Collins disse que a era da inadequada autorregulação deve terminar, após uma investigação de 18 meses que concluiu que o Facebook “violou intencionalmente e conscientemente tanto a privacidade dos dados quanto as leis anticoncorrência”.
– Os direitos do cidadão precisam ser estabelecidos em estatuto, exigindo que as empresas de tecnologia adotem um código de conduta escrito em lei pelo Parlamento e supervisionado por um regulador independente – disse ele.
O Facebook rejeitou a sugestão de que violou as leis de proteção de dados e de concorrência, e disse que compartilha as preocupações do comitê sobre notícias falsas e integridade nas eleições.
– Estamos abertos a uma regulamentação significativa e apoiamos a recomendação do comitê para a reforma da lei eleitoral – disse Karim Palant, gerente de políticas públicas do Facebook no Reino Unido.
– Também apoiamos uma legislação de privacidade eficaz que imponha às empresas altos padrões no uso de dados e transparência para os usuários.
Parlamentares da Europa e dos Estados Unidos estão lutando para enfrentar os riscos impostos pelas grandes empresas de tecnologia que regulam as plataformas usadas por bilhões de pessoas.
EUA negocia multa multibilionária com Facebook
O governo dos Estados Unidos e o Facebook estão negociando um acordo sobre lapsos de privacidade da empresa que possam exigir que a rede social pague uma multa de bilhões de dólares, informou o Washington Post na última quinta-feira.
Segundo o jornal, citando duas pessoas familiarizadas com o assunto, a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC) e o Facebook não chegaram a um acordo sobre uma quantia. O Facebook reportou receita no quarto trimestre de 16,9 bilhões de dólares e lucro de US$ 6,9 bilhões.
A FTC tem investigado revelações de que o Facebook compartilhou de forma inadequada informações pertencentes a 87 milhões de usuários com a agora extinta consultoria britânica Cambridge Analytica.
A investigação se concentrou em saber se o compartilhamento de dados com a Cambridge Analytica e outras disputas de privacidade violaram um acordo de 2011 com a FTC para proteger a privacidade dos usuários.
Um eventual acordo também pode exigir mudanças em como o Facebook faz negócios.
O Facebook se recusou a comentar diretamente sobre a reportagem do Washington Post. “Temos trabalhado com a FTC e continuaremos a trabalhar com a FTC”, disse uma porta-voz.
A maior multa já aplicada pela FTC por lapso de privacidade foi de US$ 22,5 milhões para o Google, em 2012. A agência teve acordos maiores em outras questões.