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Festival de Berlim: o roubo no museu mexicano

22 de Fevereiro de 2018, 19:10 , por Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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O roubo de peças antigas e valiosas da era précolombiana do Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México, em 1985, inspirou o filme Museu do realizador mexicano Alonso Ruizpalacios, cujo ator principal é Gael Garcia Bernal.

Por Rui Martins, do Festival Internacional de Cinema de Berlim:

Gael Garcia Bernal foi a atração do filme mexicano Museu

Havia um clima de frustração, no encontro da equipe do filme mexicano Museu com a imprensa internacional. O filme é de Alonso Ruizpalacios, um realizador colecionador de premios também em teatro, mas o ator principal Gael Garcia Bernal era o mais esperado, embora sua presença não estivesse anunciada. Gael foi a surpresa que  só chegou nos últimos dez minutos, desculpando-se por estar ensaiando uma peça de teatro, na qual vai participar. Ficou faltando dizer o título, o autor e a data da estreia.

A surpresa não foi só para os jornalistas, mas para o próprio diretor do Festival, Dieter Kosslick, que entrou na sala e abraçou Gael, lhe dizendo “conseguiste chegar!”. E Kosslick tinha razões para isso – este ano não houve muitos stars, a escolha dos filmes tem sido criticvada, e a chegada de Gael Garcia Bernal, dois dias antes de terminar o Festival, relançou o entusiasmo. Agrupados ao longo do tapete vermelho, apesar do frio, seus fãs alemães repetiam Gael, Gael, quando o ator por ali passou para a exibição em estreia oficial de Museu.

No rápido contato com a imprensa, Gael contou ter apenas seis anos quando houve o roubo do Museu de Antropologia,  por isso quando Ruizpalacios lhe convidou não sabia desse roubo do Museu, ocorrido em 1985, cerca de quatro meses depois do grande terremoto na Cidade do México.

O filme Museu reconstitui de maneira livre o roubo, à maneira do célebre filme Rififi, de Jules Dassin, no qual Ruizpalacios confessou ter se inspirado. Os dois autores do eram eram filhos de boa família da cidade Satélite, na periferia da capital mexicana, construída em 1950, segundo o modelo americano,  quando a burguesia mexicana queria imitar os padrões dos vizinhos americanos. Eram Juan, o chefe, e Wilson, seu fiel seguidor.

O realizador Ruizpalacios, apesar de ter feito uma pesquisa sobre Juan, (vivido por Gael Garcia) de quem partiu a ideia do roubo, não conseguiu saber exatamente as razões motivadoras do gesto, desses dois estudantes de veterinária. Poderia ser a necessidade de encontrar alguma coisa que saísse da rotina de suas vidas. Poderia ter sido uma brincadeira de estudantes, que acabou por se transformar num dos maiores roubos da história mexicana. Os ladrões não tinham ideia da repercussão que iria provocar seu gesto.

Existe também a hipótese de Juan procurar com o roubo se desmarcar do pai, personalidade autoritária, exigente, que, segundo uma das fontes, era do tipo conservador que, na linguagem metafórica mexicana, dorme de gravata. Um outro aspecto original do roubo foi o de ter sido efetuado na noite de Natal, aproveitando-se do momento de descontração dos guardas mas igualmente porque o Museu seria fechado para reformas e provavelmente ter novos sistemas de segurança, pois até ali não havia um sistema de alarmes.

Um aspecto interessante a destacar é ter sido o Museu o principal produtor do filme, dando a impressão ter sido sua intenção a de utilizar o filme como mensagem publicitária, despertando no público a vontade de ir ver a centena de peças roubadas e depois devolvidas, que constituem tesouros da civilização maia précolombiana.

Resumo pela Produção – Há muito tempo studantes, Juan e Wilson planejam um golpe audacioso. Eles pretendem entrar no Museu Nacional de Antropologia, na Cidade do México, e roubar preciosos objetos maias, mixtecs e zapotecs, em particular a máscara funerária do rei Pakal. Enquanto suas famílias celebram o Natal, eles se lançam ao trabalho, como uma dupla de criminosos experientes. Tudo se passa sem problema e, com seus sacos de esportes cheios de tesouros, eles voltam para casa onde, podem seguir  as notícias pelas quais sua ação é descrita como um ataque a toda a nação. Só agora percebem a gravidade de suas ações. Sentindo-se mais do que um pouco enjoados, eles procuram se proteger. O road movie que se segue nos leva das impressionantes ruínas maias de Palenque para a elegante estância balneária de Acapulco. Mesmo quando Juan e Wilson estão atrás do volante, seu esforço há muito tempo saiu do sério. Revisitando os verdadeiros acontecimentos de 1985, quando inicialmente se pensou que profissionais haviam praticado o roubo, o filme é tão surpreendente quanto o ato original inspirador. Como seus heróis, o filme tem um jeito inteligente de se impor, reinventando-se a cada choque e se alinhando, pelo caminho,  a diversos gêneros de filmes.

Rui Martins está em Berlim, convidado pelo Festival Internacional de Cinema.

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Fonte: https://www.correiodobrasil.com.br/festival-de-berlim-o-roubo-no-museu-mexicano/

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