O acidente de domingo, ocorrido pouco depois da decolagem de Adis Abeba, matou 157 pessoas de cerca de 30 nações. Foi a segunda tragédia aérea envolvendo o novo modelo e carro-chefe da Boeing em seis meses.
Por Redação, com Reuters – de Paris
Investigadores franceses se encarregarão de examinar as caixas-pretas do avião da Ethiopian Airlines que caiu no fim de semana em busca de pistas sobre um desastre que provocou a suspensão do uso da frota de aviões 737 MAX, da Boeing, e deixou dezenas de famílias das vítimas revoltadas.
Homens descarregam bagagem de carro diplomático da Etiópia em frente à agência de investigação de acidentes aéreos da FrançaO acidente de domingo, ocorrido pouco depois da decolagem de Adis Abeba, matou 157 pessoas de cerca de 30 nações. Foi a segunda tragédia aérea envolvendo o novo modelo e carro-chefe da Boeing em seis meses.
Possíveis elos entre as tragédias abalaram a indústria internacional da aviação, assustaram passageiros de todo o mundo e obrigaram a maior fabricante de aviões do mundo a se desdobrar para provar a segurança de um modelo de grande procura que deveria ser o novo padrão durante décadas.
Parentes dos mortos deixaram uma reunião com a Ethiopian Airlines, nesta quinta-feira, denunciando uma falta de transparência.
Mortes
– Estou com muita raiva – disse Abdulmajid Shariff, cidadão iemenita de 38 anos que perdeu um cunhado. “Eles nos chamaram para nos dar um relatório sobre os corpos e as razões da queda, mas não havia informações”.
Nações de todo o mundo, incluindo os Estados Unidos, inicialmente relutantes, suspenderam operações com os aviões do mesmo modelo, mas as empresas aéreas em geral têm conseguido substituí-los.
Quase 5 mil destes aviões foram encomendados, o que significa que as implicações financeiras para a indústria são imensas.
Após um desentendimento aparente sobre onde a investigação deveria ser realizada, os dados de voo e os gravadores de voz da cabine chegaram a Paris, e a agência francesa de investigação de acidente aéreos BEA disse que os receberá ainda nesta quinta-feira.
A investigação aumentou o sentimento de urgência surgido desde que a Agência Federal de Aviação norte-americana (FAA) suspendeu na quarta-feira os voos das aeronaves 737 MAX citando imagens de satélite e indícios do local apontando algumas semelhanças e “a possibilidade de uma causa comum” com a queda de outubro na Indonésia, que matou 189 pessoas.
Embora argumente que os aviões são seguros, a Boeing apoiou a decisão da FAA. Suas ações caíram quase 11 por cento desde o acidente, o que diminuiu seu valor de mercado em quase 26 bilhões de dólares.
Em mais um dia de luto na Etiópia, mais famílias seguiram de ônibus às plantações áridas onde o voo 302 caiu e criou uma bola de fogo depois que o piloto fez contato por rádio dizendo que estava com problemas nos controles de voo.