Na Câmara, nesta terça-feira, Greenwald disse que o ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro não negou a veracidade das mensagens reveladas.
Por Redação – de Brasília
Editor-chefe da agência norte-americana de notícias Intercept Brasil, o jornalista Glenn Greenwald atendeu ao convite da Câmara dos Deputados e compareceu, nesta terça-feira, à Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Após cumprimentar os integrantes da mesa, Greenwald afirmou que realiza um trabalho isento e entende que “não se pode combater a corrupção com o comportamento corrupto”, a exemplo de integrantes da Justiça Federal, em Curitiba.
Greenwald (2º da Dir. p/ Esq.) compareceu à Comissão de Direitos Humanos da Câmara, nesta terça-feiraNa Câmara, nesta terça-feira, Greenwald disse que o ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro não negou a veracidade das mensagens reveladas, nas quais o então juiz federal e o procurador Deltan Dallagnol participam de um conluio.
— Ele disse apenas que o material poderia ter sido alterado — afirmou.
Informação
Greenwald disse que ficou “chocado” quando teve contato com o material enviado à agência, por uma fonte anônima. Ele acrescentou que, “em qualquer país democrático”, Moro sofreria consequências graves, como perda do cargo de ministro ou proibição para exercer a função pública. Nesta terça-feira, o jornalista também rebateu as declarações de que o conteúdo foi obtido de forma ilegal.
Greenwald disse que “não tem importância nenhuma” o método utilizado por uma fonte para obter uma informação.
— O jornalismo mais importante nas ultimas décadas foi baseado em informações e documentos muitas vezes roubados — argumentou.
A agência Intercept Brasil vem publicando, desde o dia 9 de junho, reportagens sobre o diálogo entre o atual ministro da Justiça e Segurança Pública com o chefe da força-tarefa da Lava Jato. No dia 14 de junho, a Intercept revelou que Moro pediu aos procuradores uma nota à imprensa para responder o que classificou como “showzinho” da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o depoimento do petista no caso do triplex do Guarujá, em São Paulo.
Nos EUA
Sergio Moro também estaria na Câmara, nesta terça-feira, para responder sobre estas questões aos parlamentares, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas viajou esta semana aos Estados Unidos e não divulgou detalhes de sua agenda pública naquele país. Por ser ministro de Estado, Moro deveria informar quais são (com horário e local definidos) seus compromissos oficiais ao longo de cada dia.
Moro desembarcou no sábado e, desde terça-feira, o roteiro da visita do ministro foi omitido por seus assessores. No início da noite passada, o Ministério da Justiça afirmou, em nota a jornalistas, que Moro visitaria ‘agências encarregadas da aplicação da lei nos EUA’ e que, por questões de segurança, os detalhes só (sic) seriam divulgados ao final de cada dia”, o que, de fato, não ocorreu.
Na viagem a Washington, em março, para acompanhar Bolsonaro em visita de Estado, a agenda do ministro foi divulgada com antecedência. Entre elas, a reunião com secretário do Homeland Security, Kirstjen Nielsen, e com o diretor do FBI, Christopher A. Wray.