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Instituto Moreira Salles e Arquivo Nacional lançam projeto online dos cadernos de Marc Ferrez 

14 de Outubro de 2021, 14:40 , por Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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A iniciativa será lançada na próxima terça-feira, às 18h, em uma conversa online transmitida ao vivo pelos canais de YouTube e Facebook do IMS. O evento contará com falas dos pesquisadores Maria Inez Turazzi e Julio Lucchesi Moraes e das editoras Maria do Carmo Rainho (AN) e Ileana Pradilla Ceron (IMS). 

Por Redação – do Rio de Janeiro

Um dos principais fotógrafos brasileiros do século XIX, Marc Ferrez (1843-1923) manteve o hábito de registrar anotações, tarefas e procedimentos técnicos. Com objetivo de promover o acesso a esse rico material, o Instituto Moreira Salles (IMS) e o Arquivo Nacional (AN) criaram o projeto de digitalização e difusão online dos cadernos do fotógrafo, que estão sob sua guarda.

Marc Ferrez em seu escritorio

A iniciativa será lançada na próxima terça-feira, às 18h, em uma conversa online transmitida ao vivo pelos canais de YouTube e Facebook do IMS. O evento contará com falas dos pesquisadores Maria Inez Turazzi e Julio Lucchesi Moraes e das editoras Maria do Carmo Rainho (AN) e Ileana Pradilla Ceron (IMS).

Até maio de 2022, em lançamentos bimensais, serão disponibilizados oito cadernos manuscritos e um catálogo impresso de autoria de Ferrez. O material poderá ser acessado pelo público gratuitamente no site: ims.com.br/cadernos-de-marc-ferrez.

No dia 19, serão lançados os dois primeiros cadernos: Catálogo das vistas, E. de Ferro, Marinha, do acervo do IMS, e a Agenda Pathé Frères, do Arquivo Nacional. Em Catálogo das vistas, E. de Ferro, Marinha, Ferrez relaciona as fotografias que integram seus principais trabalhos comissionados, como a documentação das ferrovias no Sudeste e Sul do Brasil, das embarcações da Marinha nacional e estrangeira e dos edifícios recém-construídos na avenida Central, no Rio de Janeiro. A Agenda, por sua vez, registra atividades, contatos e filmes vistos ou procurados por Ferrez no ano de 1918, em Paris. O documento é um testemunho da estreita parceria comercial entre a família Ferrez e a Pathé Frères, a maior companhia cinematográfica do mundo até a década de 1920.

Os cadernos

Os cadernos foram produzidos durante os últimos anos de vida do fotógrafo, quando ele se mudou para Paris, em 1915, e apresentam conteúdos bastante variados, incluindo anotações tanto da esfera dos negócios quanto da familiar. Encontram-se, por exemplo, inventários de negativos, listas de tarefas a cumprir e despesas, endereços e datas de aniversário de entes queridos, além de receitas culinárias.

Segundo Ileana Pradilla Ceron, esse é o momento em que “um Ferrez maduro, tendo já construído uma bem-sucedida carreira fotográfica e comercial, e consciente da relevância de seu legado, sente a necessidade de inventariar sua obra e compilar conhecimentos sobre técnicas e processos fotográficos”. Nesse período, aos 72 anos, Ferrez passa a se dedicar aos seus novos negócios familiares, no ramo da distribuição e exibição de filmes, faceta menos conhecida de sua trajetória, mas com importante contribuição para o ramo do cinema.

Maria do Carmo Rainho, por sua vez, observa que os cadernos trazem o desafio de “lidar com a ilusão biográfica, a crença na possibilidade de dominar a singularidade da vida de Marc Ferrez a partir desses fragmentos”. Para a pesquisadora, “tentar reconstruir os itinerários do fotógrafo, identificando as redes de relações, as sociabilidades, as parcerias comerciais, os modos como ele atuava na superfície social constitui-se, portanto, um denso exercício”.

Transitando entre público e privado, a documentação possibilita novas frentes e campos de pesquisa, como pontua Ceron: “Embora nos cadernos predominem os enfoques profissionais, eles também descortinam muitos outros assuntos, como os referentes ao mundo dos afetos e às relações econômicas e de classe social. Esse entrelaçamento entre as múltiplas camadas de informação identificadas nos cadernos, como os aspectos técnicos, comerciais, sociais e familiares, por exemplo, poderá tanto agregar novas tonalidades à já conhecida figura de Marc Ferrez quanto sugerir novas trilhas para os estudos sobre a fotografia e o ofício do fotógrafo.”

Instituto Moreira Salles e Arquivo Nacional lançam projeto de difusão online dos cadernos do fotógrafo Marc Ferrez

Mais sobre a parceria 

Este projeto é resultado da parceria firmada em 2017 entre o Instituto Moreira Salles e o Arquivo Nacional para elaboração de pesquisas e divulgação de suas coleções conexas. Um dos principais exemplos dessa complementaridade entre acervos se encontra na Coleção Gilberto Ferrez, no IMS, e no Fundo Família Ferrez, no Arquivo Nacional. Os dois conjuntos abrangem, temporalmente, quase um século e meio, e contêm documentação produzida por três gerações da família Ferrez, dedicada à criação e à difusão de imagens por meios mecânicos. Conservados, cuidadosamente, pelo pesquisador Gilberto Ferrez (1908-2000), neto de Marc, os acervos compõem um raríssimo patrimônio fotográfico e documental, essencial para a memória da fotografia e do cinema no Brasil.

Participantes do lançamento 

Maria Inez Turazzi, é historiadora, doutora em arquitetura e urbanismo, publicou diversos livros, entre os quais Marc Ferrez (2000) e O Brasil de Marc Ferrez (2005, coautoria). Em 2019, lançou O Oriental-Hydrographe e a fotografia; a primeira expedição ao redor mundo com uma “arte ao alcance de todos” (1839-1840), edição impressa e digital do Centro de Fotografia de Montevidéu, com apoio do IMS. É, atualmente, professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em História da UFF.

Julio Lucchesi Moraes, é economista e doutor em história econômica pela Universidade de São Paulo. Foi pesquisador convidado da Universidade de Versailles Saint-Quentin-en-Yvelines, da Goethe University Frankfurt e da Universidade de Manitoba. É autor de São Paulo capital artística: a cafeicultura e as artes na belle époque (1906-1922) e Sociedades culturaissociedades anônimas: distinção e massificação na economia da cultura brasileira 

Maria Do Carmo Rainho, é historiadora, doutora em história (UFF), mestra em história social da cultura (PUC-Rio), é pesquisadora do Arquivo Nacional, atuando na difusão dos acervos institucionais. Curadora de exposições e autora dos livros A cidade e a moda (2002), Moda e revolução nos anos 1960 (2014) e Retratos modernos (com Claudia Heynemann, 2005), seus temas de pesquisa incluem história da fotografia, cultura visual, fotografia de moda, teoria e história da moda.

Ileana Pradilla Ceron, é pesquisadora e historiadora de arte, é mestra em história social da cultura pela PUC-Rio. Foi diretora da Divisão de Artes Visuais no Instituto Municipal de Arte e Cultura (RioArte) e diretora da Plural Comunicação Memória & Cultura. É autora de Marc Ferrez: uma cronologia da vida e da obra (2019) e coautora da Coleção Palavra do Artista (2000). Organizou os livros Galeria de Artistas: Centro Empresarial Rio 1983-1990 (2020) e Kant:crítica e estética na modernidade (1999). No Instituto Moreira Salles desde 2016, é responsável pelo Núcleo de Pesquisa em Fotografia.

Serviço 

Live ( Os cadernos de Marc Ferrez ) Lançamento do projeto de difusão digital

19 de outubro (terça-feira), às 18h

Evento gratuito, com tradução simultânea

Transmissão ao vivo no YouTube do IMS (youtube.com/imoreirasalles)

Facebook do IMS (facebook.com/InstitutoMoreiraSalles)

No YouTube, haverá interpretação em Libras. No Facebook, o recurso de legendas também estará disponível.

 


Fonte: https://www.correiodobrasil.com.br/instituto-moreira-salles-arquivo-nacional-lancam-projeto-online-cadernos-marc-ferrez/

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