Segundo o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), o destaque dado pela mídia conservadora, principalmente as Organizações Globo, às manifestações ocorridas na véspera, 19J, cresceu desde o 29 de maio (29M).
Por Redação – de Brasília
O sucesso absoluto de público nos dois atos nacionais de protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) animou um expressivo grupo de líderes políticos brasileiros a ingressar com um pedido definitivo de impedimento ao mandatário neofascista. Apesar da resistência da direção da Casa e da aliança do governo com o chamado ‘Centrão’ em abrir o processo, o ambiente torna-se tóxico demais para a oposição recuar.
As manifestações que se multiplicaram por todas as capitais brasileiras pediram: ‘Fora Bolsonaro!’Segundo o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), o destaque dado pela mídia conservadora, principalmente as Organizações Globo, às manifestações ocorridas na véspera, 19J, cresceu desde o 29 de maio (29M).
— Folha e Estadão deram destaque aos atos (deste sábado). Editorial da Rede Globo, pela primeira vez, responsabilizou o presidente da república pelas 500 mil mortes. Nossa prioridade deve ser exigir do presidente (da Câmara, deputado) Arthur Lira a abertura do impeachment na Câmara Federal — afirmou Teixeira.
Protestos
Na manchete, o CdB adiantou o estudo que demonstra a contrariedade dos brasileiros com o atual governoO economista Claudio Ferraz, por sua vez, citou o diário conservador carioca O Globo, que teria “finalmente” dado a importância devida aos protestos, apesar do editorial “mais contundente e direto” do Jornal Nacional na edição passada.
— Mas é um avanço. Não há espaço para o silêncio — afirmou, à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA).
A manchete do jornal da família Marinho, neste domingo, estampou: “Desemprego recorde e inflação em alta fazem do Brasil o 2º país com maior sensação de mal-estar”, um dia depois de afirmar, também em letras garrafais, que o “Brasil chega a 500 mil mortes por covid, em dia de protestos pelo país”. Ambos os assuntos, no entanto, já estavam em destaque na mídia independente, a exemplo do Correio do Brasil.
Articulação
Com a primeira página em branco na edição deste domingo, o diário conservador paulistano Folha de S.Paulo (FSP) dedicou espaço aos desdobramentos da pandemia, afirmou que a adesão aos movimentos cresceu e apontou responsabilidade de Bolsonaro. “E ter eleito o pior presidente desde a redemocratização, que infestou a Esplanada com assessores pré-ginasianos, foi decisivo para esse desfecho catastrófico”, diz o periódico.
Diante da gravidade atingida pela crise sanitária do país e diante das projeções de infectologistas de que o número de mortos poderá dobrar, até fim deste ano, chegando a 1 milhão de mortos pela covid-19, partidos de esquerda e ex-aliados do presidente Bolsonaro preparam um “superpedido de impeachment que deverá apontar mais de 20 tipos de crime contra a lei de responsabilidade”, adianta a FSP, neste domingo.
A primeira página da FSP se transforma em cartaz contra BolsonaroUma versão atualizada do relatório, vazada à FSP, lista a infração de dispositivos da lei de impeachment e foi apresentada a líderes partidários, após as manifestações ocorridas na véspera. “Em abril, legendas de oposição a Bolsonaro deram início ao plano de unificar todos os pedidos de impeachment já protocolados na Câmara. Hoje, são 121 já apresentados. O resultado é chamado de superpedido ou pedidão de impeachment — o termo varia a depender do integrante do grupo”, acrescenta.
Ceticismo
“Desafetos de Bolsonaro, como os deputados Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselmann (que está de saída do PSL), também se uniram ao projeto. Presidentes de PSOL, PT, PC do B, PDT, PSB, Rede, UP, PV e Cidadania têm liderado as discussões. O discurso oficial é que, por se tratar de iniciativa supraideológica, o pedido tende a ganhar força e elevar a pressão para que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), analise as acusações”, acredita.
Nos bastidores, no entanto, os redatores do diário apontam certo “ceticismo em relação à real chance de o pedido de afastamento de Bolsonaro prosperar. Desde que passou a distribuir cargos políticos e emendas parlamentares, o presidente atraiu o ‘Centrão’ e ampliou sua base de apoio no Congresso. Caberá ao superpedido de impeachment dar sustentação ao mote “fora, Bolsonaro” nas manifestações de rua contra o governo e prolongar o ciclo de desgaste do presidente até 2022”.