Por volta das 5h30 desta quinta-feira, as mulheres chegaram aos portões das gráficas, onde estenderam uma faixa com os dizeres: “A Globo promove intervenção para dar golpe na eleição”.
Por Redação, com ABr – do Rio de Janeiro
Um grupo de manifestantes de movimentos sociais brasileiros, com cerca de 800 mulheres, realizou na manhã desta quinta-feira um protesto no parque gráfico das Organizações Globo em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Elas denunciaram o papel da imprensa no golpe de Estado instaurado em 2016. E reivindicam a garantia de eleições livres e democráticas.
Por volta das 5h30, as mulheres chegaram aos portões das gráficas, onde estenderam uma faixa com os dizeres: “A Globo promove intervenção para dar golpe na eleição”.
O protesto foi organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Levante Popular da Juventude, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
Para Ana Carolina Silva, integrante do Levante Popular da Juventude, as empresas de comunicação — ao contrário dos sistemas político e judiciário, que também tiveram participação direta no golpe — não estão sendo associadas a este processo.
— Para nós, a mídia, principalmente na figura da Rede Globo, representa um inimigo que sai extremamente ileso; inclusive porque controla a informação. Faz a disputa ideológica e que hoje é um partido político na condução do golpe — explicou a militante.
Eleições democráticas
A ação, que ocorre dois dias após o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) rejeitar o pedido de habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também denuncia a tentativa de fraude nas eleições deste ano.
A avaliação dos movimentos populares é que o conglomerado de comunicação tem contribuído com o esforço de impedir a candidatura do petista, como afirma Maria Gomes de Oliveira, da coordenação nacional do MST.
— As mulheres são contra a intervenção militar que está acontecendo aqui no Rio, são contra todas reformas colocadas pelo governo, assumimos o protagonismo das outras nesse 8 de março para denunciar toda essa sujeira. A ilegalidade do julgamento do Lula, a globo também está construindo esse discurso para impedir que aconteçam as eleições — disse.
Além de pendurarem faixas em uma das passarelas da Rodovia Washington Luís, as mulheres também picharam “Globo golpista” na fachada do edifício.
O parque gráfico do grupo Globo é o maior da América Latina, mas opera com menos de 50% da sua capacidade produtiva. A construção no valor de R$ 217 milhões foi financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Jornada de Lutas
A ação desta quinta fez parte das manifestações que marcaram o Dia Internacional de Luta das Mulheres. Integra também a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra. Desde 2006, quando foi realizada uma intervenção na empresa Aracruz, no Rio Grande do Sul, o movimento de mulheres do MST protagoniza ações de enfrentamento na semana do 8 de março.
Na véspera, o MST ocupou a Fazenda Esmeralda, entre Lucianópolis e Duartina em São Paulo, cuja posse é relacionada ao presidente golpista Michel Temer (MDB) em delações do inquérito que investiga MP dos Portos.
No ano passado, as sem-terra ocuparam, em Minas Gerais; terras de Eike Batista — o Acampamento Maria da Conceição completa um ano com produção agroecológica. E paralisaram o complexo industrial da empresa Vale Fertilizantes, em Cubatão (SP); para denunciar a dívida da mineradora com a Previdência.
No Nordeste
Ainda nesta quinta-feira, cerca de 800 mulheres ligadas ao MST e à Marcha Mundial das Mulheres (MMM) ocuparam; e paralisaram, a produção do Grupo Guararapes. A empresa fica em Extremoz, no Rio Grande do Norte, a 23 km da capital Natal. A ação também integra a Jornada Internacional de Luta das Mulheres.
A empresa pertence ao empresário Flávio Rocha, dono da Riachuelo. De acordo com Vanuza Macedo, dirigente nacional do MST, Rocha “representa a hipocrisia do empresariado brasileiro. Aquele que saqueia direitos; aliado a políticos como Rogério Marinho (PSDB), relator da reforma trabalhista”.
Em inúmeras ocasiões, Flávio Rocha já defendeu diversas propostas do presidente de facto, de Michel Temer (MDB); como as reformas trabalhistas e da Previdência.
Além disso, o empresário se posicionou como um dos principais críticos ao governo Dilma Rousseff. Nos meses que antecederam o impeachment, ele aumentou o tom.
Em uma entrevista, declarou que o afastamento de Dilma recolocaria, já nos primeiros dias, o país novamente nos trilhos.
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