Nuzman foi preso pela Polícia Federal em 5 de outubro acusado de intermediar a compra de votos de dirigentes africanos, por meio dos Diack
Por Redação, com Reuters – do Rio de Janeiro:
O Ministério Público Federal (MPF) apresentou denúncia nesta quarta-feira contra o ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) Carlos Arthur Nuzman por corrupção, organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas por suspeita de compra de votos na eleição que escolheu o Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
Nuzman durante sessão do Comitê Olímpico no Rio de Janeiro
Além de Nuzman, também foram denunciados o ex-diretor de marketing do COB Leonardo Gryner, por corrupção e organização criminosa, e o ex-governador Sérgio Cabral, o empresário Arthur Soares e os senegaleses Papa Massata Diack e Lamine Diack, por corrupção, informou o MPF.
Nuzman renunciou à presidência do COB, que comandava há 22 anos, após a prisão. Gryner também foi preso pela PF na mesma operação, mas recebeu direito à liberdado posteriormente.
Segundo a denúncia, os dirigentes esportivos e o então governador viabilizaram pagamento de 2 milhões de dólares do empresário Soares aos senegaleses para garantir a vitória do Rio de Janeiro.
Sede
O Rio foi eleito sede dos Jogos Olímpicos em uma votação em que derrotou Chicago, Tóquio e Madri. Na votação final, contra a cidade espanhola, a candidatura carioca obteve um triunfo com margem folgada, 66 votos a 32.
Para o MPF, Nuzman e Gryner são equiparados a funcionários públicos, porque tanto o COB como o Comitê Rio 2016, responsável pela organização dos Jogos, eram gestores de verbas públicas recebidas pelas instituições e exerciam atividade típica de Estado, o esporte.
Brasil
– A despeito de tratar-se de uma ‘pessoa jurídica de direito privado’, o Comitê Olímpico do Brasil; por meio de seus dirigentes, representa a República Federativa do Brasil em eventos esportivos internacionais; recebe verba pública (que representa a maior parte de seu orçamento) e; ainda, exerce uma atividade típica da Administração Pública Federal ao fomentar e organizar as atividades desportivas olímpicas no Brasil – disseram os procuradores do MPF na denúncia.
– Onde existe verba pública, existe dever de probidade e existe a responsabilidade daqueles que a gerem; podendo, portanto, ser responsabilizados quando atuarem em contrariedade ao que determina a lei.
Procurada, a defesa de Nuzman não tinha um posicionamento de imediato sobre a apresentação da denúncia. Não foi possível fazer contato com representantes dos outros denunciados.
Comitê Rio 2016
Nuzman, que também foi o presidente do Comitê Rio 2016; teve bens bloqueados pela Justiça Federal e foi proibido de sair do país até a conclusão das investigações da chamada operação Unfair Play; que resultou em bloqueio de ativos de suspeitos no total de R$ 1 bilhão.
Com o avanço das investigações, os procuradores descobriram que Nuzman mantinha recursos ocultos no exterior; e só os declarou à Receita Federal após a deflagração da ação no mês passado, incluindo 16 barras de ouro; de 1 quilo cada, depositadas na Suíça. Segundo o MPF, o valor atual das barras de ouro seria equivalente a cerca de R$ 1,5 milhão.
De acordo com o MPF, não há confirmação até o momento de propinas pagas a Nuzman. Mas foi identificado um aumento patrimonial do dirigente de 416 % entre 2006 e 2016.
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