Há bastante tempo está evidente que o afastamento da presidenta Dilma Rousseff não tinha como objetivo fazer qualquer tipo de correção de natureza moral. Visava, tão somente, parar um projeto de desenvolvimento com distribuição de renda para que a direita voltasse a aplicar a velha política neoliberal de agressão à nossa soberania, concentração de renda, e de ataque aos direitos dos trabalhadores

Por  Eron Bezerra – de Brasília:

Com as inúmeras revelações comprovando essa assertiva, apenas os incautos e os cínicos ainda tentam argumentar que o afastamento da presidenta Dilma Rousseff não foi um grotesco golpe parlamentar.

Michel Temer e Rodrigo Maia

A mais recente dessas revelações vem do delator Lúcio Funaro, dito operador do PMDB; que afirmou textualmente ter comprado votos de parlamentares para votarem a favor do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff.

Delatores

Tal revelação, já exposta por outros delatores e em gravações, seria mais do que suficiente para anular plenamente a farsa do impeachment. Mas isso se estivéssemos num estado democrático de direito, com as instituições zelando pela aplicação das regras legais; e não as manejando para criminalizar a política e perseguir as lideranças de esquerda.

Nesse episódio duas omissões em particular são gritantes:
quando o delator informou que gastou milhões para comprar voto de parlamentares; por que ninguém exigiu que ele declinasse o nome dos deputados “comprados”? E, igualmente grave, diante da revelação de que a votação do impeachment foi corrompida e portanto nula; por que não apresentaram até o presente uma ação para anular a votação do impeachment?

Afinal, é isso que acontece quando há provas de que uma eleição foi fraudada; como acabou de acontecer com a eleição tampão do Amazonas, em decorrência da constatação de que José Melo (PROS); aliado de Temer, havia comprado votos na eleição de 2014.

Não por acaso a população está cada dia mais consciente que tudo isso é uma farsa.

Lula

Firmou, com base na sua própria avaliação, a convicção de que Lula é vítima de perseguição política. Entende cada vez mais que os algozes de Lula são os mesmos que protegem Temer, Eduardo Cunha e Aécio Neves.

São os mesmos que lhe impediram de exercer o cargo de ministro de estado, para que não gozasse de foro privilegiado; e que hoje não esboçam qualquer reação diante de um ministério de Temer repleto de envolvidos em escândalos de corrupção.

E são os mesmos que assistem passivamente Temer cometer abertamente crime de abuso de poder econômico para comprar o apoio de parlamentares.

Reformas

O escárnio ultrapassou qualquer limite do razoável e, tudo indica; a única coisa que interessa a direita brasileira é usar o zoombie Temer para fazer reformas contra o povo.

E dessa aliança criminosa resultará um país destruído e um povo dilapidado em seus direitos fundamentais; eis porque é urgente parar Temer e seus aliados.

Eron Bezerra, é professor da UFAM, Doutor em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, Coordenador Nacional da Questão Amazônica e Indígena do Comitê Central do PCdoB.

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